domingo, 27 de março de 2011

A chata borralheira

O cromo que hoje apresento nasceu de um emocionante conto de fadas.
Eu conto: era uma vez uma menina que vivia numa pequena cidade do Oeste, onde foi rainha das Vindimas. Embora não tivesse acabado o seu curso de Direito, entrou na televisão pública como soldado raso, isto é, como locutora de continuidade. Até adoptou um pseudónimo para vingar, porque o seu verdadeiro nome não lhe servia.
Foi o princípio do sonho. Tinha algum talento. Era sabidona e atrevida. Foi cantora. Fez rádio. Depois entrou na informação. A política e a ambição juntaram-se e foi eleita deputada. Tudo isto numa dúzia de anos!
Com tão promissora ascensão, mudou de estação e tornou-se pivot do diário informativo da TVI, então de formato sensacionalista e que era realizado por gente que fazia da informação uma coisa indigna e degradante. Ela era o rosto desse espectáculo. Dava as “nutícias”. Dava palpites. Humilhava quem queria, sem qualquer pudor. Indecentemente.
Era a concretização de um sonho de fadas, a vingança da menina que vivia numa pequena cidade do Oeste e a quem uma fada protegera com a sua varinha mágica. O poder subiu-lhe à cabeça. Até encontrou um príncipe encantado à porta do estúdio. Julgou-se uma cinderela, mas não passava de uma vulgar chata borralheira!
Até que surgiu alguém que lhe fez frente e em directo. Foi um acontecimento histórico que o youtube ainda regista. Virou-se o feitiço contra o feiticeiro.
Alguns meses depois, foi posta na rua.

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