sexta-feira, 10 de junho de 2011

Nem 8 nem 80

Porque houve mudança política ou porque o que aí vem assusta, está a verificar-se um fenómeno interessante em Portugal, muitas vezes conhecido pela passagem do 8 para o 80. De facto, em poucos dias passamos do pessimismo para o optimismo e a edição do jornal i ilustra essa realidade através do depoimento de alguns estrangeiros.
Antes, no tempo do 8 havia um generalizado pessimismo: tínhamos um país desacreditado e inviável, éramos incumpridores, desgovernados, gastadores, indisciplinados e, de tal forma incapazes de resolver os nossos problemas, que tivemos que recorrer a gente de fora.
Agora, no tempo do 80 parece haver um exagerado optimismo: passamos a ter um país fiável e promissor, com estabilidade, gente mobilizada, vontade colectiva e, ainda, muitas potencialidades – a praia, o sol, o clima, o bacalhau, o futebol, o mar, a comida...
De um preocupante beco sem saída passamos para um bonançoso mar de soluções.
É salutar e é indispensável que haja optimismo e confiança e que sejam os fazedores de opinião, sobretudo os jornais e os jornalistas, a assumirem esse papel de mobilização. Na realidade, além do i, também o Diário de Notícias e a RTP estão a descobrir “os exemplos de sucesso de Portugal” e os “motivos de orgulho nacional”.
Mas, muita atenção, porque por agora só as moscas mudaram!

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