sábado, 2 de julho de 2011

A longa luta do país do Sol Nascente

No princípio do ano de 2001, as ruas de Díli e a maioria das vilas e aldeias de Timor estavam destruídas devido à violência que se seguiu ao referendo de 1999. O diplomata brasileiro Sérgio Vieira de Melo representava as Nações Unidas e as forças internacionais que ocupavam o território, consumiam muitos dos recursos de que o país carecia e, em geral, não estavam preparadas para ajudar os timorenses. Era um tempo de muita incerteza.
Na medida das minhas possibilidades, eu acompanhara os acontecimentos de 1975 e tudo o que se passara depois. Quando em 2001 fui a Timor, procurei saber mais sobre o país do crocodilo. Estudei os tempos de Celestino da Silva, a guerra do Manufai e os protagonismos de Dom Boaventura e de Filomeno da Câmara. Pesquisei sobre a ocupação japonesa e sobre as figuras de Dom Aleixo Corte-Real e de D. Jaime Garcia Goulart. Informei-me sobre os complexos acontecimentos de 1975, a guerra civil e a invasão indonésia de 7 de Dezembro de 1975. “Conheci” Nicolau Lobato, Xanana Gusmão, Ma’Huno e Konis Santana. Fui a alguns dos locais mais simbólicos da resistência timorense, desde a orla do Matebian até à igreja de Motael e ao cemitério de Santa Cruz. Estive em Balibó, Maliana, Batugadé, Manatuto, Baucau, Viqueque, Lospalos e Aileu. Conheci e convivi com alguns dos resistentes, com vários anos na prisão de Cipinang ou com muitos anos de exílio. Gente experimentada. Gente que se organizou e que hoje está a dar um futuro ao país.
Alguns têm raízes étnicas e culturais portuguesas. Um deles correu meio mundo a procurar apoios para a causa timorense e foi premonitório quando, em 1994, escreveu “Amanhã em Díli”. Depois foi distinguido com o Prémio Nobel da Paz e, quando regressou a Timor, partilhou algumas das suas memórias e conversas com um discreto hóspede do já extinto Hotel Dom Aleixo. É o actual Presidente da República de Timor-Leste. Agora, uma vez mais, veio a Lisboa e, certamente, não deixará de visitar a sua casa paterna de Buarcos e de olhar o Tejo, de onde um dia o seu pai saiu como deportado por razões políticas.
Neste registo, deixo esta breve homenagem ao JRH.

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