domingo, 19 de fevereiro de 2012

A Alemanha tem muitos telhados de vidro

A Alemanha passa o tempo a fazer insinuações e acusações aos seus parceiros, procurando tutelá-los e humilhá-los, mas não é uma sociedade perfeita. Por isso, bom seria que os seus responsáveis fossem mais cuidadosos a atirar pedras, porque também têm muitos telhados de vidro, alguns bem antigos e outros mais recentes. A demissão do presidente Christian Wulff, ontem anunciada num discurso de quatro minutos, por causa do seu eventual envolvimento num alegado caso de corrupção, demonstra exactamente isso.
Wulff declarou que cometeu erros e que a Alemanha "precisa de um presidente que tenha a confiança de uma larga maioria e não só de uma maioria". A chanceler Merkel, que tanto o apoiara, também comentou o acontecimento e afirmou que a demissão de Wulff é a “prova do respeito que ele tinha pelo cargo e mostra dignidade".
Esta demissão tem, contudo, dois aspectos muito curiosos. O primeiro é a falsa ideia de que a Alemanha não é corrupta, pois são conhecidos muitos casos de pagamento de luvas e de subornos para a venda de material militar e, no ranking dos países por níveis de corrupção elaborado pela Transparência Internacional, a Alemanha encontra-se na 14ª posição (Portugal ocupa a 32ª posição).
O segundo aspecto é que os Presidentes não são infalíveis, cometem erros e devem ter a confiança de uma larga maioria da população.
Christian Wulff compreendeu isso e demitiu-se. Obviamente, a Democracia continua.

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