quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A nova vocação atlântica da Espanha

O jornal madrileno ABC anuncia hoje, em primeira página e com grande destaque, que a Espanha está a negociar com os Estados Unidos, certamente no âmbito da NATO, a sua participação no esforço de defesa e segurança atlânticas, através da sua adesão ao sistema de defesa anti-míssil balístico.
Segundo informa o jornal, a Espanha cederia a sua Base Naval de Rota e afectaria as suas fragatas da classe F-100 a esse projecto, que teriam de incorporar novo software de detecção e dotar-se de novos mísseis de intercepção. Da parte americana o projecto implica o estacionamento de quatro das suas fragatas em Rota, o que se traduzirá na presença de cerca de 1.200 militares e técnicos americanos, bem como de mais de 2.000 familiares, o que teria grande impacto económico na baía de Cadiz.
O jornal refere que se trata de um retorno espanhol ao atlantismo, uma doutrina que advoga uma maior cooperação entre as duas margens do Atlântico, mas esta vocação atlântica espanhola é uma novidade porque a Espanha sempre foi uma potência continental, embora agora se esteja a virar para o mar. São novos interesses, como é bom de ver, de natureza essencialmente económica e não militar.
No caso português, que tem a maior zona económica exclusiva da União Europeia e cujos interesses estratégicos também passam pelo Atlântico Sul onde se situam o Brasil e Angola, a vocação atlântica de Portugal é uma evidência geográfica e histórica. Infelizmente, nós temos o ignorante Cadilhe e outros que por aí andam a cadilhar a quererem devolver submarinos, como se Portugal fosse uma coisa mercantil e não tivesse nove séculos de História e tanto mar.

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