sábado, 17 de março de 2012

Um Estado dentro do Estado

No ano de 2011, quando a EDP ainda não era dominada pelos chineses, os sete membros do seu Conselho de Administração receberam 6,09 milhões de euros, um montante que, segundo revela o Correio da Manhã, dava para pagar 12.569 salários mínimos em Portugal. Só o presidente da empresa ganhou 1,04 milhões de euros em remunerações fixas e variáveis, que correspondem a cerca de 2.859 euros por dia.
É uma obscenidade. Num país que atravessa uma crise tão grave, com a população a empobrecer e com um enorme volume de desemprego, até parece que estamos em tempo de vacas gordas, com a EDP a explorar indecentemente o consumidor português para alimentar remunerações e lucros escandalosos, perante a indiferença dos nossos governantes. Na realidade a EDP é um caso lamentável de assalto ao bolso do consumidor, pois o preço que pagamos pela electricidade é superior ao preço médio da União Europeia, além de que a EDP ainda beneficia da comparticipação do Estado, através das famosas rendas.
Há dias, a EDP decidiu que os chineses irão receber 144 milhões em dividendos relativos ao seu fabuloso lucro de 1125 milhões de euros de 2011 e, agora, por causa da negociação das abusivas rendas, provocou a saída do governo do secretário de Estado da Energia. Afinal, os valentões do governo são fortes para os fracos, mas são fracos para os fortes. Os mexias e os catrogas é que mandam e a EDP é, cada vez mais, um Estado dentro do Estado.

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