segunda-feira, 14 de maio de 2012

Austeridade e sacrifício não são para todos

A edição de hoje do jornal Público revela que em 2011, apesar da crise, nas empresas que integram o PSI-20 as remunerações dos seus presidentes executivos subiram 5,3% e as das administrações executivas subiram 1,7%, totalizando respectivamente 17,6 e 66,6 milhões de euros. No mesmo período, a média salarial dos trabalhadores dessas empresas caiu quase 11%, o que significa que os salários dos gestores das empresas cotadas na Bolsa de Lisboa não seguiram a tendência geral de perda de rendimentos que se verificou em 2011. Assim, estes números revelam que os sacrifícios pedidos aos portugueses estão a ser feitos apenas pelos trabalhadores e pelos pensionistas, enquanto os gestores multiplicam rendimentos e mordomias. Num quadro que evidencia o que se passou em cada empresa do PSI-20, verifica-se que em média os seus presidentes ganharam 44 vezes mais do que os trabalhadores, quando em 2010 esse diferencial tinha sido de 37 vezes. Os casos mais escandalosos são a PT, onde o salário dos seus gestores foi 127 vezes superior ao que é pago aos seus trabalhadores, seguindo-se a Jerónimo Martins (Pingo Doce e outros) com salários que são 110 vezes superiores ao da média dos empregados e, em terceiro lugar, a SONAE que paga aos seus administradores 71 vezes mais do que paga aos seus trabalhadores. Uma verdadeira sociedade feudal. Assim, ficamos bem esclarecidos: a crise não é para todos! Os gananciosos da banca, os instalados das grandes empresas e os assessores dos gabinetes ministeriais continuam a orientar-se, a aproveitar-se da situação e a enriquecer. É um fartote. É a pilhagem dos abutres. E depois, são eles que também vêm defender a austeridade e os cortes salariais. E que afirmam que temos vivido acima das nossas possibilidades. Entretanto, o contabilista Gaspar e os seus amigos calam-se. A austeridade e o sacrifício são para os mais fracos e mais débeis. Que valentões!

1 comentário:

  1. Também tinha lido esta notícia, que igualmente muito me chocou.
    Nem sei por onde começar para comentá-la. Mas valerá a pena? Mais palavras para quê?
    A pouca vergonha, a irresponsabilidade, a insensibilidade, o egoísmo das nossa elites governantes (políticas e económicas), fazem-me recear que só palavras já não cheguem para se pôr um pouco de decência neste regabofe. Não desejava que se chegasse a essa situação mas...

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