quinta-feira, 19 de julho de 2012

Tempos de muita incerteza na Síria

Um atentado suicida ocorrido ontem em Damasco atingiu o comando operacional do regime sírio, causando a morte de alguns dos seus principais dirigentes na área da segurança. No atentado terão morrido o ministro da Defesa, o seu vice-ministro que era cunhado de Bashar al-Assad e o chefe do grupo de gestão da crise e ex-ministro da Defesa. Os confrontos dos últimos dias na capital síria e este atentado representam uma escalada da violência que é muito preocupante e parecem mostrar que as tentativas desenvolvidas por Kofi Annan para encontrar uma solução negociada para o conflito têm sido infrutíferas. 
O Conselho de Segurança das Nações Unidas tem procurado a aprovação de algumas resoluções visando uma solução para o conflito, mas a Rússia e a China têm vetado essas propostas, até porque terão aprendido com a crise líbia e desconfiam da retórica humanitária ocidental que, segundo dizem, não passa de "camuflagem para a troca de regimes" e para o reforço da sua influência nesses países. A Rússia é uma velha aliada do regime sírio e, na actual conjuntura em que está ressurgir como potência mundial, não quer perder o seu aliado sírio para a esfera de influência dos Estados Unidos. Nessas condições, o apoio ao regime de Bashar al-Assad tem sido vital na estratégia russa para o Médio Oriente e, por isso, até parece que voltamos ao tempo da Guerra Fria e do confronto indirecto. Contudo, no problema sírio também entram outras variáveis que nos dificultam a compreensão da preocupante situação: a dureza da ditadura de Bashar al-Assad, as complexas rivalidades entre sunitas e xiitas, as sensíveis fronteiras com o Líbano, Israel e o Iraque, além da aliança com o Irão. São tempos de muita incerteza. 


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