terça-feira, 2 de outubro de 2012

Entre a injusta legalidade e a imoralidade

O jornal i destaca hoje em primeira página que 17 ex-administradores da Caixa Geral de Depósitos recebem dois milhões de euros em reformas, embora a maioria continue no activo e a servir grandes empresas privadas. Certamente que não beneficiam de qualquer ilegalidade, mas seguramente que beneficiam de muita imoralidade. Trata-se de indivíduos que ocuparam lugares na administração da CGD por fidelidade partidária e não por mérito, independentemente de o terem ou não. Alguns deles não tinham qualquer formação ou experiência bancária. Muitas vezes não se sabe como essa gente chegou a esses posições, nem se procuraram apurar as suas responsabilidades nos descalabros, nas negociatas e nos favorecimentos em que a CGD esteve envolvida.
Mas a imoralidade não está apenas na CGD. Está também na EDP, na PT, na GALP, na CIMPOR, na LUSOPONTE, na MOTA-ENGIL e algumas outras empresas. São ex-ministros e ex-gestores públicos que se movem por aí, sem serem responsabilizados pelo que fizeram ou não fizeram no exercício de funções públicas. São um exemplo do proteccionismo de que beneficiam muitas figuras e alguns figurões da nossa República que, como agora se vê, fazem parte do grupo dirigente que têm conduzido a gestão do Estado e de algumas empresas públicas à melindrosa situação em que hoje se encontram.
Numa altura em que estão a ser cortadas as pensões de milhares de portugueses e já se anunciam novas medidas de austeridade, esta gente não tem vergonha nenhuma e, sem qualquer moralidade, acumula. Com este tipo de exemplos não sairemos desta situação e só aumentará a contestação e a revolta.



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