sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Relvas & companhia: vão estudar!

O conhecimento e o saber são instrumentos de promoção económica e social mas, para muitas pessoas, não é isso que conta mas tão só a posse de um qualquer certificado, que eventualmente os habilite a um bom emprego mas, sobretudo, que assegure o reconhecimento da sociedade. No nosso país, esse certificado é o diploma de licenciatura, porque ser doutor representa um estatuto e poucos resistem a esse apelo, provavelmente por razões de falta de escrúpulos e de pouca inteligência. Porém, enquanto antigamente as licenciaturas representavam quatro ou cinco anos de muito trabalho e estudo, agora parece ter-se tornado possível a obtenção desse certificado através de esquemas muito controversos e que, seguramente, devem envolver dinheiros, subornos, corrupção e tráfico de influências. O caso relvas é um dos casos mais conspícuos desta trapalhada, pois em 2006 obteve 32 equivalências com base no seu currículo profissional, tendo apenas feito quatro exames para concluir num ano o curso de Ciência Política e Relações Internacionais da Universidade Lusófona. De resto, esta escola tornou-se uma verdadeira oficina de doutores e, nesta altura, já terão sido detectados 350 casos ou processos aparentemente viciados, nos quais metade terá concluído o curso em menos de um ano, embora haja quem o tenha feito em menos de 20 dias e, até, em menos de 24 horas.
A licenciatura de Relvas está em risco, escreve o jornal i. O Ministério da Educação já obrigou a Universidade Lusófona a reavaliar todas as licenciaturas que foram atribuídas com recurso ao golpe da creditação profissional. No entanto, os estudantes a quem for retirada a licenciatura poderão “retomar o percurso académico de forma a obter o grau”, o que significa que pode vir a concretizar-se o apelo que neste Verão surgiu em cartazes que observamos nas transmissões televisivas das grandes provas desportivas: Relvas vai estudar!
 

Sem comentários:

Enviar um comentário