quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A austeridade, o protesto e a violência

As políticas de austeridade que estão a ser adoptadas em Portugal e em outros países fizeram com que trabalhadores de 23 países europeus tivessem saído ontem para a rua em protesto, segundo informou a Confederação Europeia de Sindicatos. Em Portugal a mobilização foi liderada pela CGTP que organizou uma greve geral que, aparentemente, conseguiu paralisar os centros urbanos e afectar a regularidade dos serviços públicos, sobretudo em Lisboa.
A greve é um direito constitucional e, perante a incerteza do rumo que o governo está a seguir e o aprofundamento da recessão, ela constitui um sinal de protesto e um escape para o desespero e para a angústia de muitos trabalhadores. Por isso, segundo os seus organizadores, a greve geral teve uma expressão histórica, não sendo relevante saber se a enorme adesão resultou do protesto contra o governo ou do protesto contra a austeridade, nem se foi protagonizada por grevistas convictos ou por trabalhadores que não tiveram transporte para ir para o trabalho. O facto político é que o governo não pode deixar de ser sensível à dimensão do protesto e dele tirar as devidas consequências.
Porém, o que mais marcou o dia de ontem foram as cenas de violência que ocorreram junto à Assembleia da República, que a televisão nos mostrou em directo e que não podem deixar de ser condenadas, porque os fins nem sempre justificam os meios. Os manifestantes têm todo o direito à indignação e ao protesto para condenar as políticas de austeridade, que são socialmente injustas e que negam o direito à esperança, mas o que vimos foi um pequeno grupo em contínua provocação aos polícias, a destruição de passeios, o arremesso de pedras, garrafas e outros objectos, o incêndio de bens públicos e a vandalização de automóveis, montras e outros bens privados. Não pode haver tolerância para estes valentões de cara tapada que, com o seu comportamento irresponsável, até ajudaram o governo ao desviar a atenção daquilo que era mais essencial. Depois de cerca de duas horas sem reacção à contínua provocação de alguns manifestantes, o Corpo de Intervenção da PSP desceu as escadarias da Assembleia da República e carregou sobre os provocadores, numa acção que pareceu adequada e proporcionada. Houve nove detidos.  

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