domingo, 23 de dezembro de 2012

A enorme burla e o buraco do BPN

A monstruosa burla que foi o caso BPN ainda continua a surpreender-nos, mesmo depois de ter sido vendido aos capitais angolanos do BIC pela importância de 40 milhões de euros que, como sabemos, é um valor que não dá para pagar metade do contrato do Cristiano Ronaldo.
O BPN tinha sido intervencionado pelo Estado em Novembro de 2008 e, nessa altura, uma auditoria revelou que a administração do Banco tinha ocultado perdas no valor de 740 milhões de euros. O Banco de Portugal estivera distraído ou não percebera o que se tinha passado. Depois, pouco a pouco, os contornos da burla e a identidade dos burlões começaram a ser conhecidos. Chegou a pensar-se que o caso teria um tratamento exemplar. Em Dezembro de 2010, o Estado assumiu a responsabilidade por 1803 milhões de euros de incobráveis ou activos tóxicos e imaginou-se que o problema do Banco estava quase resolvido. Podia ser vendido. Havia compradores. Em Julho de 2011 o BPN foi vendido, mas agora vamos sabendo que afinal o BIC apenas comprou a "carne" e deixou os "ossos" para o Estado. Estimam-se agora que os incobráveis, também conhecidos por activos tóxicos ou, ainda, por imparidades, sobraram para nós e podem atingir 5,5 mil milhões de euros, isto é, cerca de 3% do PIB. A edição de ontem do Expresso estuda o assunto e revela que há mais de 500 grandes clientes do BPN, todos com dívidas superiores a meio milhão de euros que deixaram de pagar as suas prestações. Impune e descaradamente. Uns ladrões que andam por aí. Os principais responsáveis deste caso parece que estão a ser julgados, mas ninguém sabe o que está a ser feito para reaver os milhões dos devedores em incumprimento. O que faz a Justiça? O que fazem as Finanças? Os nossos governantes são mesmo uns valentões!


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