quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Há um cavalo de Tróia no nosso Governo

O governo português está a usar os secretários de estado, aqueles a quem o antigo chefe de governo e actual chefe de estado chamava “ajudantes”, para anunciar coisas importantes. Antes foi o anúncio da privatização da ANA, agora foi o comentário a um relatório do FMI. Em ambos os casos era de esperar a cara e a voz do nosso primeiro, mas ele prefere falar quando os jornalistas lhe estendem o microfone, por exemplo, à porta do Teatro Politeama.
Esse papel de porta-voz coube ao filho do Zé Moedas, um rapaz que entrou nisto da política há muito pouco tempo mas que é muito ambicioso. Andou lá por fora e trabalhou para o Goldman Sachs com o famoso Borges. Regressou, aderiu a um partido, foi o ajudante do Catroga nas negociações com o PS e, como era pequenino, meteram-no no cavalo de Tróia que o nosso primeiro trouxe para o governo. Sim, o Moedas era o cavalo de Tróia da Goldman Sachs no governo português, mas agora também aceitou ser o cavalo de Tróia do FMI. Moedas é um autêntico erro de casting
Pois foi essa figura sem currículo político que veio elogiar o relatório do FMI, no qual é verdadeiramente proposta a extinção do nosso Estado Social: o desemprego para 120 mil funcionários públicos, o corte permanente das pensões em 15 a 20%, a reforma aos 66 anos de idade, a dispensa de professores e o aumento das propinas, a redução do subsídio de desemprego, o ataque aos profissionais da saúde, aos militares e aos polícias. É um caso de adivinhação da vontade do freguês ou um "fato feito à medida". O relatório não propõe medidas para atenuar o desemprego ou para promover o crescimento económico, nem trata do combate ao despesismo e à corrupção, nem da reforma da componente político-partidária do regime que tem sido responsável pelo estado a que isto chegou.
O relatório e a frieza de quem o apresentou com insensatos risinhos hipócritas, estão a gerar uma onda de protestos e vão desencadear uma onda de indignação e de turbulência social. A insensibilidade social do governo atingiu o máximo com as declarações do filho do Zé Moedas.

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