segunda-feira, 6 de maio de 2013

A maré anti-austeridade está a crescer

Nos últimos tempos tem sido criada uma narrativa europeia que, no essencial, confere aos países do norte as virtudes da organização, do trabalho e da eficiência, atribuindo aos países do sul o estatuto de desorganizados, gastadores e pouco trabalhadores. A Alemanha de Merkel e Schauble é, seguramente, a inspiradora dessas narrativas e das políticas de austeridade que são aplicadas pelos seus serventuários instalados em Frankfurt e Bruxelas, ou que estão destacados nas capitais do sul.
Porém, os tempos parece estarem a mudar. Há poucos dias um dirigente grego que visitou Lisboa disse que o sul da Europa unido é mais forte que Merkel e que juntos podemos promover “uma primavera mediterrânica”. Agora é o regresso da Itália à cena política, depois de muitos meses de quase paralisia pré e pós eleitoral, trazendo para o debate a necessidade de uma estratégia para sair da crise e para a criação de uma frente a favor do crescimento e do emprego, que inclua a França, Itália e Espanha, para contrapor às políticas de austeridade impostas pela Alemanha e pela Comissão Europeia, que tanto têm agravado a crise e levaram o desemprego para níveis insuportáveis. Hoje mesmo, segundo revela El Periodico de Barcelona, o novo primeiro ministro italiano Enrico Letta vai reunir com o presidente do governo espanhol Mariano Rajoy para, com urgência, procurarem encontrar uma estratégia europeia para o crescimento e o emprego, “antes que o eleitorado se revolte” quando perceber que a Europa “actua como uma má madrasta”.
Aquí, lamentavelmente, o pequeno grupo de fundamentalistas que domina o poder auto-exclui-se deste movimento dos países do sul que tanto têm sido humilhados e continua cego e surdo a afundar-nos e a encaminhar-nos para uma tragédia social. Estão quase "orgulhosamente sós".

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