domingo, 23 de junho de 2013

O Brasil mexeu e já mudou

Apesar do seu tom conciliador e do reconhecimento da legitimidade das reivindicações populares por melhor qualidade de vida, melhor saúde e mais educação, o discurso da presidente Dilma Rousseff não travou o enorme protesto popular e o Brasil continua a sair à rua para se manifestar. A juventude está na primeira linha da indignação nacional porque não se sente representada nos partidos políticos, enquanto a classe média já percebeu que o seu poder de compra estagnou ou regrediu. É um fenómeno que não é só brasileiro e que também acontece aqui pela Europa, sobretudo nos países do sul.
O enorme potencial económico brasileiro tem estado a ser canalizado para benefício de uma minoria e poucos acreditam na classe dirigente brasileira para inverter a situação. Agora o povo exige uma mudança. Todos denunciam a escandalosa corrupção, que torna os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. Todos criticam o desregramento dos gastos públicos, agora evidenciado com os custos e os extra-custos dos estádios de futebol. Todos exigem mais investimento na saúde, na educação e no estado social, isto é, menos bola e mais escola. A amplitude dos protestos surpreendeu e ninguém imaginou que a luta contra o aumento dos bilhetes do transporte público pudesse gerar uma tão generalizada contestação, até porque foi uma situação aparentemente de menor importância que serviu de detonador. É sempre assim. Porém, a insatisfação da juventude e da classe média brasileiras exprimiu-se genuinamente, tem o apoio de mais de 75% da população e isso significa que o Brasil não vai voltar a ser o que era. O país mexeu e, com determinação, já mudou. Os brasileiros não vão perder esta oportunidade para conquistarem direitos sociais. Tudo vai correr bem!  

 

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