quinta-feira, 18 de julho de 2013

A miopia dos nossos jornais desportivos

São muito raros os sucessos internacionais do desporto português e, mais raros ainda, aqueles que têm uma expressão mediática a nível internacional, pois a indústria do futebol e os seus mais famosos nomes como Eusébio, Figo, Mourinho ou Ronaldo são excepções a esse panorama geral. Nos grandes eventos desportivos internacionais, incluindo os Jogos Olímpicos, os atletas portugueses raramente se destacam e, relativamente às chamadas modalidades desportivas, os nomes e os feitos mais salientes dos atletas portugueses contam-se pelos dedos de uma mão – Joaquim Agostinho, Carlos Lopes, Rosa Mota, Nelson Évora e poucos mais. 
A Volta à França em bicicleta, que está este ano a disputar a sua centésima edição, é um dos raros eventos desportivos que proporciona uma mediatização à escala mundial e ontem aconteceu uma vitória do ciclista português Rui Costa. Na história do nosso desporto e com esta vitória, o ciclista entra nessa galeria de eleição onde apenas se encontram meia dúzia de atletas. As televisões mostraram as imagens da corrida solitária e triunfante de Rui Costa, bem como as suas declarações a dedicar a vitória aos portugueses, mas os jornais portugueses foram bem mais discretos e deram àquele resultado um destaque residual. Todos os jornais diários desportivos portugueses parecem ter miopia e preferiram destacar o “festival de Markovic”, um futebolista sérvio de 19 anos de idade que alinha pelo Benfica e que num jogo-treino contra a equipa suíça do Sion meteu dois golos, “o segundo deles uma verdadeira obra-prima”, segundo titulou um deles. Esses jornais ditos desportivos - A Bola, Record e O Jogo – servem as suas audiências e defendem o seu negócio, o que é natural, mas sofrem de uma valente miopia e não servem o fenómeno desportivo, nem reconhecem o mérito dos nossos atletas.

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