sexta-feira, 26 de julho de 2013

Temos ou não temos um novo governo?

Há três semanas atrás o ministro Gaspar atirou a toalha ao chão e, de imediato, o irrevogável ministro Portas bateu com a porta. O governo tremeu. Anunciaram-se outras demissões. A crise estava instalada. Falou-se em eleições antecipadas. Porém, o ministro Portas deu o dito por não dito e as coisas acalmaram. Belém hesitou na aceitação desta solução e duvidou que os amuados se tivessem realmente reconciliado. Então, atirou uma bóia a pedir um acordo de salvação nacional. Todos entraram tacticamente nessas negociações em que havia dois caminhos muito distintos em confronto e, por isso, não houve acordo. Assim, tudo voltou ao ponto anterior e, por falta de alternativa, em Belém passou a acreditar-se na bondade da reconciliação entre os amuados e ficou tudo na mesma. Deixou de ser necessária a salvação nacional. O irrevogável ministro Portas foi promovido, vieram dois ou três novos ministros e passou a haver 42 secretários de Estado. Desde então, temos assistido a uma campanha de propaganda na tentativa de fazer passar a ideia de que temos “um novo governo” e “um novo ciclo”, esquecendo-se os desastrosos resultados dos dois últimos anos, em que o ex-ministro Gaspar reconheceu ter falhado e estar desacreditado, com 127% de dívida pública, 10,6% de défice, 4% de recessão e quase 18% de desemprego. Por isso, nenhuma renovação de caras, nenhuma revisão orgânica, nenhuma redistribuição de poder poderá apagar estes dois anos de falhanço, de desastre económico e de tragédia social que ocorreram sob a responsabilidade do primeiro Passos e com a cumplicidade do ministro Portas. Agora, o vice-primeiro Portas recebeu a coordenação económica, as relações com a troika e a diplomacia económica. Provavelmente, é muito poder para um só homem, a quem o seu imprevisto sucessor, chamou recentemente hipersensível e com comportamento errático. Se ele é a chave do nosso futuro, como sugere o Jornal de Notícias, fico preocupado.

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