segunda-feira, 8 de julho de 2013

Uma indecorosa telenovela política

Desde que no dia 1 de Julho o ministro Gaspar se demitiu, com uma carta em que confessa não se encontrar em condições de assegurar a credibilidade e a confiança necessárias para enfrentar uma nova fase do ajustamento, que entramos numa verdadeira telenovela política com episódios multi-diários que quase parecem um daqueles “compactos” de telenovela, em que as televisões juntam diversos episódios para transmissão conjunta. No dia seguinte foi o ministro Portas, o tal que engolira muitos sapos e que se deixara humilhar como figura número três do governo, a renunciar irrevogavelmente ao governo. Uma hora depois, uma discípula do ministro Gaspar tomava o seu lugar, aparentemente sem o acordo do ministro Portas. O primeiro ministro Coelho mostrou-se admirado e parecia navegar ao sabor dos acontecimentos como sempre fizera, sem controlar a nau, nem o rumo, nem os tripulantes. Sem inspirar a necessária confiança ao povo.
A crise estava instalada, não só por causa das atitudes irresponsáveis desta gente, mas sobretudo pelos dois anos de maus resultados governamentais, visíveis no desemprego, na dívida, no défice e na recessão económica. Então, os agentes políticos começaram a tomar posições e desdobraram-se em declarações. Os comentadores não tinham mãos a medir. Em Bruxelas, em Berlim e em Belém havia inquietação, mas o acordo chegou rápido. Cada vez mais do mesmo. Coelho engoliu sapos e insiste na mesma receita que tem dois anos de resultados trágicos. Sem qualquer vergonha nem dignidade, Portas perdeu toda a credibilidade ao dar o dito por não dito. Gosta de ser ministro.
Eu já cá ando há muitos anos e já vi muita coisa, mas não imaginava ver isto. A política não pode ser isto. Estudei mais do que o Portas e muito mais que o Passos. Devo ter visto mais do que eles. Por isso tenho grandes dúvidas no que aí vem, mas vou esperar para ver. Bom seria que me enganasse.

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