sexta-feira, 9 de agosto de 2013

O regresso à diplomacia das canhoneiras

É costume utilizar-se a expressão diplomacia das canhoneiras ou gunboat diplomacy  para classificar as exibições de poderio militar-naval em que, perante situações de conflito de interesses, há uma parte que pressiona, intimida ou ameaça a outra parte. Essa prática, a que por vezes se chama demonstração naval, foi um instrumento da política internacional muito utilizado na segunda metade do século XIX e na primeira metade do século XX, especialmente pela Grã-Bretanha e, depois, pelos Estados Unidos, mas não foi um instrumento utilizado apenas por estes países. Hoje continua a ser utilizado por esses e por muitos outros países, pretendendo ser a razão dos fortes e dos poderosos para humilhar e vergar os mais fracos.
É o que está a suceder em Gibraltar, em que a diplomacia das canhoneiras regressou com toda a força e a edição de hoje do  jornal madrileno La Gaceta destaca essa realidade, com uma fotografia a lembrar os negros anos da 2ª Guerra Mundial. Porém, ninguém imaginava que no século XXI houvesse dois Estados-membros da União Europeia, que são duas monarquias e que são governados por dois governos conservadores, entrassem neste jogo que é ridículo e muito perigoso. Era necessário mais bom senso e mais razoabilidade. Com tantos problemas que existem na Europa e nestes dois países, não vem nada a propósito arranjar mais este. Ingenuamente, eu até pensava que os nossos políticos eram fracos e irresponsáveis, mas afinal os Cameron e os Rajoy são farinha do mesmo saco.
 

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