segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Os nossos desportistas de eleição

Foram dois feitos desportivamente tão importantes e tão surpreendentes para quem gosta do desporto (e que horas antes ficara frustado com o 3º lugar no Campeonato do Mundo de hóquei em patins), aqueles que aconteceram em Florença e Kuala Lumpur no dia 29 de Setembro de 2013. Até o jornal A Bola fez uma excepção à sua linha editorial  e, por uma vez, parece ter esquecido o futebol ao dedicar a sua primeira página a esses dois grandes feitos do desporto português, ao destacar as fotografias dos dois desportistas e escolhendo o título “Esplendor de Portugal”. O ciclismo e o ténis foram notícia.
Rui Costa (26 anos, Póvoa do Varzim), que este ano já vencera a Volta à Suiça e duas etapas da Volta à França, sagrou-se campeão do mundo de ciclismo, ao vencer a prova de fundo dos Mundiais de Itália, em Florença. Foi uma vitória extraordinária obtida sobre dois adversários espanhóis muito cotados e é a primeira vez que um ciclista português ganha o Mundial, o que lhe dá o direito a usar a camisola arco-íris durante um ano.
Também João de Sousa (24 anos, Guimarães) se tornou no primeiro português a ganhar um torneio ATP (Association of Tennis Professionals), ao bater um tenista francês e ao vencer o Torneio de Kuala Lumpur, um dos cerca de seis dezenas de torneios do ATP World Tour Masters. Há poucas semanas, já tinha sido o primeiro tenista português a atingir a terceira eliminatória do Open dos EUA e, com estes dois resultados, subiu para o 51º lugar do ranking ATP.
Nunca acontecera isto. Os triunfos de Rui Costa e de João de Sousa não são obras do acaso e nem resultam de qualquer tipo de amiguismo, pois são fruto da vontade, talento, tenacidade, persistência, espírito de sacrifício, trabalho e outras salutares valências. Como seria bom que, aqueles que nos dirigem, também tivessem estas mesmas características.

sábado, 28 de setembro de 2013

Um telefonema que vai ficar na História

Ontem, os presidentes dos Estados Unidos e da República Islâmica do Irão, respectivamente Barack Obama e Hasan Rohani, tiveram uma conversa telefónica que durou 15 minutos e que muita imprensa destacou, como sucedeu com o diário nova-iorquino Newsday.
Desde a revolução islâmica de 1979, isto é, desde há 34 anos, quando o xá Reza Pahlevi foi derrubado e substituído pelo ayatollah Khomeini, que as relações entre os dois países tinham sido cortadas. Nessa altura, a revolução iraniana hostilizou os Estados Unidos pelo seu apoio ao regime do xá, assaltou a sua embaixada em Teerão e fez 52 reféns. Foi uma humilhação para os americanos e uma operação militar depois levada a efeito para os resgatar, veio a fracassar e apenas contribuíu para acentuar a conflitualidade entre os dois países. A tensão entre eles nunca mais se atenuou e a partir de 2005 agravou-se, quando foi eleito o presidente Mahamoud Ahmadinejad. O discurso anti-ocidental endureceu, especialmente contra Israel, tendo sido criado um programa de enriquecimento de urânio para produzir secretamente armas nucleares. O Irão parecia desafiar os americanos e os israelitas, que o passaram a considerar como uma ameaça à estabilidade e à paz naquela região, pelo que muitos analistas vaticinaram um eminente ataque americano ou israelo-americano às instalações estratégicas iranianas.
Porém, desde que no dia 3 de Agosto tomou posse o novo presidente Hasan Rohani, que tudo parece estar a mudar nas relações entre os Estados Unidos e o Irão. Não é importante saber de quem partiu a iniciativa, mas o telefonema que os dois presidentes ontem fizeram poderá vir a ser um dos mais importantes da História, se constituir um primeiro passo para o apaziguamento naquela tão sensível região do mundo. E talvez se evitem os erros cometidos no Iraque, na Líbia, na Síria...

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Música nas praças para animar Lisboa

O habitual programa Música nas Praças - concertos promenade em Lisboa regressa no próximo dia 5 de Outubro para animar a cidade de Lisboa e para celebrar o Dia Mundial da Música, mas também para fazer a ligação entre a música, o espaço público e o património cultural da cidade. O programa desta 6.ª edição encontra-se amplamente divulgado em mupis espalhados pela cidade e estende-se desde as 11 até às 23 horas, com entrada livre. Esta interessante iniciativa decorrerá em vários locais simbólicos do Chiado, como a Praça Luís de Camões, o Largo de São Carlos, as Ruínas do Carmo, o Largo do Carmo, o Museu do Chiado e o Miradouro de Santa Catarina. Apresentar-se-ão a Orquestra Metropolitana de Lisboa, o Septeto do Hot Clube de Portugal, os Brass Ensemble da Metropolitana, as Percussões da Metropolitana, o Coro Infanto-juvenil da Universidade de Lisboa, a Orquestra de Sopros da Metropolitana e o Coro do Tejo, entre outros grupos, que animarão esta parte da cidade com o som dos seus acordes e das suas vozes. A organização é da EGEAC, a empresa municipal responsável pela animação cultural da cidade, que salientou a escolha do Chiado para a realização deste evento por se tratar de um sítio simbólico e de forte matriz cultural, mas também pela forma dinâmica e criativa como ultrapassou o trauma do grande incêncio de 25 de Agosto de 1988. É uma iniciativa de grande mérito que contribui para a animação daquela zona da cidade e que justifica o nosso aplauso.

Um veleiro desperta sempre boas emoções

Na maioria dos países do mundo costumam existir navios-escolas especialmente destinados à formação dos cadetes das suas Marinhas. Normalmente esses navios são veleiros que fazem as suas viagens de instrução durante o Verão, em que atravessam os oceanos e visitam diversos portos, proporcionando aos cadetes a formação náutica e o conhecimento do mundo considerados necessários ao exercício da sua profissão, ao mesmo tempo que esses navios cumprem missões de natureza diplomática e de representação nacional. Assim acontece com o navio-escola Cuauhtémoc da Marinha Mexicana que iniciou em Março a sua viagem Europa-2013.
O navio largou de Acapulco e escalou Balboa, Vera Cruz, Havana, Norfolk, Bordéus, Ruão, Den Helder, Bergen, Aarhus, Helsinquia, San Petersburgo, Szczecin, Riga, Gdynia, Lisboa, Cadiz e Santa Cruz de Tenerife, onde se encontra, para depois seguir a sua viagem com destino a Cartagena das Indias. No final da sua viagem terão sido percorridas 22 mil milhas e visitados 18 portos de 14 diferentes países, mas esta viagem não difere substancialmente daquelas que anualmente são feitas por outros navios-escolas. Porém, o que distingue esta de outras viagens será a escala em Santa Cruz de Tenerife, pelo destaque entusiástico que lhe foi dado pela imprensa local, como sucedeu com o diário El Dia que utilizou uma bela fotografia na sua primeira página e que legendou - “um pedaço de México atraca em Tenerife”.
Um veleiro desperta sempre boas emoções, sobretudo quando ainda é visto como uma memória dos tempos em que, sem radiocomunicações e sem ligações aéreas, era o único elo de ligação ao mundo.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Gente endinheirada e sem nenhum pudor

A notícia surgiu esta manhã através do Correio da Manha: Rui Machete com pensão de 132 mil euros! Numa altura em que o governo de que faz parte, ataca pensionistas e reformados, o valor desta pensão é chocante e mostra que há muita gente endinheirada que anda por aí como se o estado a que chegamos não tivesse sido também da sua responsabilidade. É o caso de Machete que andou sempre na crista da onda da política e que chegou a ter cargos sociais em cinco bancos concorrentes! Já em tempo de  crise, em 2012, entre pensões e trabalho, teve um rendimento de 398 235 euros, para além de algumas centenas de milhares de euros em aplicações financeiras, designadamente depósitos a prazo e fundos de investimento. O passado do homem até lhe podia dar o estatuto de senador, mas afinal não passa de um simples sacador! Incansavelmente sacou e saca de todo o lado. Acumulou cargos em 31 instituições, desde o BPI ao BCP, passando pela EDP, CGD, Taguspark, FLAD e pela famosa SLN, de que também foi accionista (embora se tenha esquecido), tendo ainda tempo para dar aulas em duas universidades, aconselhar sociedades de advogados e ser dirigente partidário. Se não fosse tão triste e tão miserável esta promiscuidade e esta falta de pudor, até dava vontade de rir.
Foi este sacador que alguém teve a lata de convidar para o governo e foi este sacador que teve a lata de aceitar. Diz-se, por vezes, que temos vivido acima das nossas possibilidades. Não é verdade. Quem viveu acima das nossas possibilidades foram os machetes todos que por aí andam, que só pensaram em acumular cargos e em engrossar as suas contas bancárias e que, como claramente se vê, pouco ou nada fizeram pelo país que tanto sugaram. Só os podemos desprezar.

Há que fazer cumprir a Constituição

O Presidente da República é o Chefe de Estado, que é eleito por sufrágio universal para um mandato de cinco anos. Nos termos da Constituição  da República, ele representa a República Portuguesa e "garante a independência nacional, a unidade do Estado e o regular funcionamento das instituições democráticas", tendo como especial incumbência, nos termos do juramento que presta no seu acto de posse, "defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa". Ao Governo compete governar de acordo com a lei e, em especial de acordo com a lei fundamental, enquanto ao Tribunal Constitucional compete verificar se a legislação produzida se enquadra ou não na lei fundamental que é a Constituição da República Portuguesa, aprovada por 2/3 dos deputados. Acontece que o actual Governo, que deveria merecer a respeitabilidade e a confiança de todos os portugueses, incluindo daqueles que não o escolheram, tem vindo demasiadas vezes a pisar o risco da inconstitucionalidade ou da ilegalidade, aumentando a sua quota de ilegitimidade e de impopularidade. As leis têm que ser feitas para os portugueses e não podem ser feitas para satisfazer imposições externas humilhantes. Por questões de independência e de dignidade nacionais.
Ora o Governo acaba de ver chumbada pelo citado Tribunal Constitucional algumas das normas previstas no Código do Trabalho, relacionadas com a extinção do posto de trabalho e com o despedimento por inadaptação. Há um mês, o mesmo Tribunal tinha declarado inconstitucional a chamada "lei da mobilidade especial", que estabelece o regime jurídico da requalificação de trabalhadores em funções públicas. Antes, declarara a inconstitucionalidade da suspensão do pagamento dos subsídios de férias ou de Natal aos funcionários públicos ou aposentados. São demasiados atropelos à lei e, nessas circunstâncias, pergunta-se o que faz quem jurou "defender, cumprir e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa".

America’s Cup – uma regata memorável

Ontem, na baía de S. Francisco, concluiu-se a 34ª edição da America’s Cup ou Taça América, a famosa regata de vela que se realiza desde 1851 e que ostenta o título de “a mais antiga competição desportiva que se realiza no mundo”. A America’s Cup é uma prova que consta de uma série de regatas em que participa o anterior vencedor do troféu (o defender) e uma outra embarcação desafiante (o challenger), seleccionado de entre uma renhida luta entre vários candidatos.
Os americanos têm sido os grandes vencedores desta prova que até 1983 se realizava em Newport, mas que desde então tem sido realizada noutros locais e já foi vencida por neozelandeses (duas vezes), suiços (2 vezes) e australianos (uma vez).
A equipa americana Oracle Team USA – o defender – revalidou o seu título numa das mais impressionantes reviravoltas a que o desporto tem assistido. A vitória em cada regata assegurava um ponto e eram necessários 9 pontos para vencer o troféu. O Oracle Team USA começou por ser penalizado em dois pontos e a equipa neo-zelandeza Emirates Team New Zealand – o challenger – esteve a ganhar por 6-0 e depois por 8-1. A confiança deveria dominar a tripulação neo-zelandeza e a equipa americana estava à beira de uma humilhante derrota por acontecer na baía de S. Francisco mas, contra todas as previsões, conseguiu recuperar e chegar a 8-8.
Ontem era o dia decisivo ou o "Golden Gate drama", como se lhe referiu o jornal The Sacramento Bee e, nessa última regata, o Oracle Team USA cruzou a meta com 44 segundos de avanço sobre o veleiro neozelandês, obtendo uma inédita série de oito vitórias consecutivas e um resultado final de 9-8. Foi a mais longa final dos 162 anos de história da America’s Cup, teve a duração de 19 dias e vai ficar na história.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

A vitória da mulher dos casacos arco-íris

Angela Merkel, a líder da União Democrata-Cristã (CDU) ganhou ontem as eleições legislativas alemãs com 41,5% dos votos, o que mostra que a maioria absoluta esteve muito perto. É o melhor resultado que o seu partido conseguiu desde 1990 quando se verificou a reunificação alemã e Merkel irá cumprir um terceiro mandato, depois de também ter sido eleita em 2005 e 2009.
A notícia foi hoje destacada pela imprensa de quase todo o mundo, especialmente na Europa, sendo ilustrada com fotografias da vitoriosa chanceler. O diário dinamarquês Berlingske que se publica em Copenhague e que é um dos mais antigos jornais do mundo, também destacou a vitória de Angela Merkel mas ilustrou a notícia de forma original: são trinta fotografias da chanceler, sempre com o mesmo tipo de casaco, mas cuja cor vai do vermelho ao azul, passando pelo amarelo e pelo verde. A sucessão de fotos é um verdadeiro arco-íris.
Politicamente ainda é cedo para saber que coligações vai Merkel fazer para governar e que alterações fará ou não fará às suas políticas, sobretudo em relação à Europa do sul e aos seus problemas financeiros. No entanto, em relação à sua vitória, o Wall Street Journal é hoje citado por incluir uma notícia com o título “Portugal pode estar a cozinhar uma tempestade”, em que é salientado que no topo da lista de problemas urgentes de Angela Merkel está o que fazer em relação a Portugal. Ora, não é isso que dizem o irrevogável portas, nem o optimista maduro.
Assim, por aqui tudo ficará na mesma, isto é, a continuidade de Merkel vai significar a continuidade da austeridade, a mesma ganância dos credores, igual sobranceria da troika e a mesma subserviência dos nossos dirigentes. Antes não fosse...
 

domingo, 22 de setembro de 2013

Mexia e ainda mexe, mas de bolsa cheia

No passado ano de 2012 o presidente executivo da EDP recebeu 1,2 milhões de euros de remunerações a que juntou 1,9 milhões de euros de prémio plurianual de gestão relativo ao mandato entre 2009 e 2011, tendo um jornal referido que ele recebeu o equivalente a 6391 salários mínimos nacionais. No mesmo ano o presidente do Conselho Geral e de Supervisão arrecadou 430 mil euros, enquanto o valor global bruto das remunerações dos órgãos sociais pagas em 2012 foi de 18 milhões de euros. Em tempo de crise é uma fartura, mas é também um caso de falta de escrúpulos. É uma obscenidade.  É certo que a EDP lucra cerca de mil milhões de euros por ano, mas esse lucro é resultante de rendas garantidas em mercado protegido e dos preços cada mais elevados que cobra aos consumidores, que atrofiam a estrutura de custos e a competitividade de muitas empresas. Apesar disso, a EDP ainda reclama um défice tarifário de cerca de 2 mil milhões de euros e, na sua ganância pelo dinheiro, endivida-se nos mercados internacionais para, entre outros objectivos, distribuir dividendos aos seus accionistas. Tudo isto é uma verdadeira imoralidade. A EDP e os seus gestores insultam-nos.
Neste quadro, em vez de reduzir as suas remunerações e os dividendos dos accionistas, o presidente executivo da EDP resolve dar entrevistas com conselhos aos juízes do Tribunal Constitucional e a responsabilizá-los pela eventual necessidade do país recorrer a um segundo resgate, apenas porque garantem o cumprimento da Constituição e se opuseram aos despedimentos discricionários na função pública e ao ataque aos pensionistas. Era melhor que aquela deslumbrada criatura ficasse calada e tivesse vergonha na cara, mas quis sabujar-se aos seus amigos do governo.
Lamentavelmente , os nossos jornais nem sequer falam disto.

A Síria revela a fraqueza do Ocidente

The Economist dedica uma boa parte da sua última edição à guerra civil na Síria, com vários artigos que classificam a intervenção ocidental como “uma enorme derrota política”, apresentando na capa uma sugestiva ilustração: um velho leão desdentado que não pode morder porque não tem a sua dentatura colocada. A influência ocidental no mundo entrou em declínio e, hoje, “outro valor mais alto se alevanta”, como diria Camões. Primeiro foi David Cameron que foi humilhado pelo seu Parlamento, depois foi François Hollande que se esforçou por estar na primeira fila mas que se viu hostilizado pelos franceses e, finalmente, foi Barack Obama que nunca chegou a ter o apoio inequívoco do Congresso. As opiniões públicas ocidentais não querem guerras de fundamentação duvidosa e uma acção militar é sempre demasiado impopular.
A guerra na Síria foi inicialmente conduzida por moderados, mas foi infiltrada por grupos extremistas sunitas, por jihadistas estrangeiros e pela Al Qaeda. O mal-estar e a rivalidade entre esses grupos é insanável. Combatem entre si e, há dias, confrontaram-se na cidade de Azaz que era controlada pelos rebeldes do Exército Livre da Síria e que agora está nas mãos de um grupo pró-Al Qaeda. Tem sido esta gente que o Ocidente tem ajudado com armas e dinheiro. Entretanto, o relatório feito por inspectores da ONU divulgado esta semana confirmou o uso de armas químicas na Síria, mas não atribuiu culpa a nenhum dos dois lados, enquanto o presidente russo afirmou que há razões para acreditar que o uso dessas armas foi uma astuta e engenhosa provocação. Ali ao lado, Israel deseja a saída de Bashar El Assad mas ao mesmo tempo teme estar a promover grupos radicais islâmicos, alguns dos quais próximos da Al Qaeda. Perante a fraqueza do ocidente e a sua obcessão pelo derrube de Bashar El Assad, foi a Rússia de Vladimir Putin que reassumiu um papel importante no xadrez mundial.

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Um jovem ambicioso à procura de poder

Sabemos pouco sobre esta figura política que, pelo menos no seu partido, é uma pessoa importante e uma verdadeira luminária. Em Julho deixou de ser Secretário de Estado da Solidariedade e Segurança Social, porque aquilo era pouco para a sua ambição. Incomodava-o estar sempre em segundo plano e, ainda por cima, porque é pequenino, não tinha qualquer destaque na televisão. O tempo das vice-presidências em Valongo e Gaia ou as duas passagens por Secretarias de Estado, não satisfizeram o seu apetite pelo poder. Assim, passou a ser coordenador e porta-voz do seu partido, uma espécie de loureiro ou de relvas reciclados, o que lhe permite dominar o aparelho, tomar as rédeas do poder e preparar-se para o salto em frente. Para já, percorre o país, aparece e fala à procura do protagonismo que o poderá levar ao poder.
Desde então, tem uma página oficial na internet e aparece diariamente nas televisões com uma voz que incomoda, opinando sobre tudo e atribuindo os males do mundo aos seus adversários políticos. Há dias acusou o FMI de "hipocrisia institucional", por fazer "proclamações em relatórios" onde reconhece excesso de austeridade, embora depois se mantenha "inflexível" nas negociações. Quis ser um valentão no ataque ao FMI, mas os seus concorrentes de partido que também têm a mesma ambição, logo o mandaram calar. Na sua página oficial na internet pode ver-se que todos os dias faz parte da notícia ou é a notícia, mas também que tem uma sobrecarregada agenda com comícios, jantares e voltas de campanha, um pouco por todo o lado. Porém, o homem está cheio de telhados de vidro e ainda não explicou por que razão, enquanto administrador da Metro do Porto em 2008 e 2009, deu parecer favorável à contratação de swaps que causaram elevadas perdas à empresa.

Luanda com Mundial de Hóquei em Patins

O 41º Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins começa hoje em Angola, nas cidades de Luanda e Namibe, prolongando-se até ao dia 28 de Setembro, sendo essa notícia hoje destacada pelo jornal angolano Sol AngolaA realização da prova em Angola é um grande acontecimento e, segundo tem sido relatado, a organização trabalhou activamente para que constitua um evento de grande prestígio desportivo e organizativo. Estarão em presença 16 equipas nacionais distribuídas por 4 grupos:
  A – Austria, Espanha, Brasil e Suiça
  B  - Argentina, Uruguai, Alemanha e França
  C – Angola, África do Sul, Chile e Portugal
  D – Colômbia, Estados Unidos, Itália e Moçambique
Nestas 16 equipas encontram-se quatro de países de língua portuguesa e cinco de língua espanhola, o que significa uma evidente hegemonia ibérica no hóquei em patins. A equipa espanhola, tetracampeã mundial e heptacampeã europeia é a grande favorita da prova, mas a equipa portuguesa tem a ambição de ganhar o título mundial nesta primeira edição realizada em África, até porque desde 2003 que não é campeã. No entanto, em termos de “medalheiro” geral da prova, Portugal ainda é o país com mais medalhas conquistadas, com um total de 37, mais três do que a Espanha (34), sendo 15 de ouro, nove de prata e 13 de bronze.
Evidentemente, espera-se que o Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins seja um êxito organizativo para Angola e que as equipas que falam português obtenham boas classificações desportivas.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Aproxima-se o referendo escocês

Como recorda hoje The Scotsman, falta um ano para se realizar o referendo em que a Escócia vai decidir se quer continuar ligada ao Reino Unido ou se quer recuperar a sua completa independência perdida há trezentos anos, quando o seu Parlamento aprovou a fusão da Escócia com a Inglaterra e a formação do Reino Unido da Grã-Bretanha. Porém, apesar dessa fusão, muitas instituições escocesas continuaram activas, ao mesmo tempo que a identidade nacional escocesa se manteve muito forte e distinta e, assim, o desejo de independência tem muitos seguidores.
A Escócia ocupa a parte setentrional das Ilhas Britânicas e os arquipélagos das Shetland, as Orcades e as Hébridas, tem 78 mil quilómetros quadrados de superfície e menos de 6 milhões de habitantes. O referendo vai realizar-se no dia 18 de Setembro de 2014 e resultou de um acordo entre o primeiro-ministro David Cameron e o ministro britânico para a Escócia, Alex Salmond, tendo apenas uma pergunta: "Está de acordo que a Escócia seja um país independente?". Segundo algumas sondagens que vão sendo publicadas, há um equilíbrio entre aqueles que votarão no sim e aqueles que votarão no não à independência.
O referendo escocês será, certamente, um factor muito importante para estimular ou desincentivar os processos independentistas que se têm acentuado em Espanha e, em especial, na Catalunha e no País Basco. Por isso, é um assunto de grande interesse para nos ajudar a avaliar o que se passará aqui ao lado. Se o general De Gaulle ressuscitasse, haveria de ficar satisfeito por assistir à materialização da ideia da "Europa das pátrias" que ele defendia, isto é, uma confederação de Estados nacionais que não renunciavam aos seus direitos de soberania nacional, em vez da integração europeia que temos.
 

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

A febre independentista da Catalunha

As celebrações do Dia Nacional da Catalunha que aconteceram no dia 11 de Setembro, dinamizaram o sentimento independentista, não só na região catalã, mas chegaram também ao País Basco e à Galiza. O problema é complexo e o primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy apressou-se a enviar uma carta a Artur Mas, o presidente do governo regional da Catalunha, no sentido de discutirem o futuro daquela região noroeste da península Ibérica, mas rejeitou frontalmente que se realizasse um referendo sobre a independência da região, como tem sido reivindicado pelos independentistas catalães. Segundo alguns estudos conhecidos, estima-se que metade dos 7,5 milhões de catalães sejam favoráveis à independência, embora exista uma grande diversidade de modelos, que vão desde a independência completa e formal, até aos estatutos de maior autonomia mas dentro da Espanha e da União Europeia.  
A imprensa espanhola tem tomado posição sobre esta questão, alinhando-se com os diversos pontos de vista em confronto. Assim, o diário madrileno La Gaceta decidiu traçar um cenário possível para uma Catalunha independente, especulando sobre o que seria, cinco anos depois de uma hipotética independência, a economia, a política, a sociedade e a posição internacional catalãs. E depois de quatro páginas dedicadas ao tema, afirma que a Catalunha independente teria um futuro de ruina económica, com expulsão da UE e do euro, a fuga de capitais, a queda das exportações, o aumento do desemprego e do défice, a deslocalização empresarial e uma acentuada quebra do PIB que poderia atingir os 23%. E conclui: “uma Catalunha livre, independente e ... pobre”, ou seja, a independência também é uma moeda de duas faces.

 

domingo, 15 de setembro de 2013

Síria: um bom passo em frente

Ao fim de três dias de negociações em Genebra, o secretário de Estado norte-americano John Kerry e o ministro dos Negócios Estrangeiros russo Sergei Lavrov, chegaram a acordo sobre um plano que, para já, evita um ataque americano à Síria. Não foram feitas declarações sobre quem utilizou armas químicas, a revelar que terão sido usadas pelos dois lados do conflito, porque nas guerras modernas todos combatem sem regras nem princípios humanitários. O governo sírio tem agora uma semana para entregar todo o seu arsenal químico aos inspectores da ONU e deverá ser destruído até meados de 2014. Um passo em frente, mas apenas um passo.
O regime de Bashar al-Assad está satisfeito com o acordo alcançado, a França e a China são alguns dos países que também o aplaudiram, enquanto o Presidente Obama encontrou uma saída para a sua precipitada intenção de lançar os Tomahawk sobre a Síria, contra os sentimentos da opinião pública americana. Porém, o sentimento entre os apoiantes dos rebeldes é de desilusão e, nessas condições, é preciso esperar para ver como vão correr as coisas. Os negociadores frisaram que a solução para o problema sírio tem de passar pela diplomacia e não por uma solução militar e esse reconhecimento é um elemento importante para desenvolver os passos necessários no sentido da paz. Kerry e Lavrov voltarão a encontrar-se no fim do mês com o objectivo de avaliar os resultados já alcançados e para retomar os esforços comuns com vista à realização de uma conferência sobre a paz, que ponha termo a uma guerra civil que já fez mais de 100 mil mortos em dois anos e meio.
A fotografia destacada na edição de hoje do jornal Ouest France, "vale mais do que mil palavras", ao mostrar a evidente boa disposição entre Kerry e Lavrov e é muito animadora quanto ao futuro da Síria e da brutal guerra civil que a destrói. Então, é caso para perguntar, porque se demorou tanto tempo a perceber que a solução é diplomática e não militar e não se evitou a destruição de um país?

R.I.P. Kiyoshi Kobayashi

A Federação Portuguesa de Judo anunciou a morte de Kiyoshi Kobayashi que, aos 88 anos de idade, faleceu no Japão.
Se Wenceslau de Morais foi o português que adoptou o Japão, Kobayashi foi o japonês que adoptou Portugal. Assisti algumas vezes às suas aulas, mas nunca foi meu treinador, nem nunca tivemos qualquer contacto. No entanto, muitos dos meus amigos conviveram e aprenderam com ele, elogiando-lhe sempre a sua correcção de atitude, a sua educação e o seu bom trato. Nascido a 9 de Abril de 1925, o mestre Kiyoshi Kobayashi integrou um grupo japonês que fez um périplo mundial para divulgar as artes marciais e a cultura nipónica, tendo visitado os Estados Unidos, o Médio Oriente e a Europa. Em 1958 chegou a Portugal com o objectivo de dedicar dois anos ao ensino do judo, mas acabou por ficar meio século. Nessa altura o judo era praticamente desconhecido em Portugal e o seu trabalho e a sua dedicação foram contributos importantíssimos para a sua divulgação, fazendo com que se tornasse numa das modalidades com mais praticantes em Portugal e que, inclusive, tivesse proporcionado uma medalha ao nosso país em 2000 nos Jogos Olímpicos de Sydney. O mestre Kiyoshi Kobayashi foi seleccionador e treinador da selecção nacional, tendo liderado as equipas nacionais nas mais importantes competições internacionais. Tinha uma das mais altas graduações de judo, o nono dan – em dez possíveis no cinturão negro – que lhe foi atribuído pela Federação Internacional em 1999 e tem sido, justamente, considerado o “pai do judo português”.
Apesar de ser médico de profissão, o mestre Kiyoshi Kobayashi dedicou-se principalmente ao ensino do judo, tendo colaborado com diversas escolas e ensinado milhares de praticantes. E há uma lenda a respeito de mestre Kiyoshi Kobayashi que vai ficar connosco: aos 19 anos de idade, durante a II Guerra Mundial, fez parte dos esquadrões kamikaze e terá cumprido e sobrevivido a duas missões. Tinha regressado ao Japão há três anos.

Gente com muito pouca vergonha

Em Abril de 2011, enquanto candidato eleitoral, o actual primeiro-ministro afirmou que fez as contas e que estava em condições de garantir que não seria preciso cortar salários nem fazer despedimentos para consolidar as finanças públicas portuguesas. E disse textualmente que "nós calculámos e estimámos e eu posso garantir-vos: não será necessário em Portugal cortar mais salários nem despedir gente para poder cumprir um programa de saneamento financeiro".
Mentiu descaradamente para ganhar as eleições. Depois, veio a pressão da troika e dos especuladores financeiros nacionais e internacionais, tendo o chamado processo de ajustamento sido transformado num doloroso processo de destruição da nossa economia, com desemprego, empobrecimento, aumento da dívida, saída para o estrangeiro e uma crescente perda de confiança no futuro. Apesar destes resultados catastróficos, a saga continua com a insensibilidade social de sempre, com a mesma descarada protecção à banca e com a habitual humilhação imposta pelos credores. Não aprenderam a lição do passado e, quando na televisão vemos a cumplicidade de sorrisos entre portas e albuquerques, perdemos a última réstia de esperança. Até o pudor se acabou. Em vez de reformarem o Estado, darem bons exemplos, acabarem com o exército de assessores com que ocuparam o aparelho de Estado, renegociarem a dívida, cortar nos privilégios da banca e dos “campeões nacionais”, decidem atacar os mesmos de sempre – os funcionários públicos e os pensionistas. Cortam os salários e as pensões e vão fazer despedimentos! Com crueldade. Há sempre uns irrevogáveis sem dignidade prontos para tudo apoiar e também há uns rosalinos disponíveis para fazer estes trabalhos, porque o incompetente e desorientado passos nem coragem tem para aparecer. Realmente, é gente sem vergonha nenhuma!

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

A Catalunha exige um referendo

Ontem foi o Dia Nacional da Catalunha – a Diada – que todos os anos celebra o dia 11 de Setembro de 1714, a data em que durante a Guerra da Sucessão Espanhola, a cidade de Barcelona e as tropas catalãs se renderam às tropas castelhanas e francesas. O novo rei – Filipe V de Espanha – incorporou então o território catalão no Reino de Espanha, extinguindo todas as suas instituições políticas e impondo um processo de repressão cultural. Pode afirmar-se que o actual independentismo catalão nasceu nesse dia, mas que viveu clandestinamente durante quase três séculos.
Hoje, a corrente independentista catalã tornou-se muito forte e assenta no princípio de que a Catalunha é uma nação, por razões históricas, culturais e linguísticas, mas também na afirmação de que a sua plenitude cultural, social e económica só se alcançará quando se desligar do centralismo de Madrid e se separar da Espanha. O independentismo catalão tem-se acentuado nos últimos anos, sobretudo desde que a crise económica atingiu a região. Ontem, cerca de um milhão e meio de pessoas participaram numa acção reivindicativa e de protesto, ao formar um  cordão humano com cerca de 400 quilómetros, desde o sul da Catalunha até à fronteira francesa, para exigir um referendo à sua independência. Foi chamada a Via Catalã e toda a imprensa espanhola a relatou, a confirmar que constituiu um êxito e um verdadeiro desafio ao governo de Rajoy e, naturalmente, ao Rei que é o símbolo da unidade da Espanha. As forças políticas independentistas exigem agora um referendo, enquanto uma sondagem revela que 81% dos catalães desejam que a consulta popular se realize, independentemente do seu sentido de voto e  52% se afirmem a favor da secessão. Porém, há várias "catalunhas" por essa Europa fora, além de que a União Europeia já fez saber que uma Catalunha independente não tem assento imediato em Bruxelas.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

A retoma ou um entusiasmo de Verão?

Nas últimas semanas foram anunciados alguns indicadores económicos relativos a Portugal – produto, desemprego e exportações – que, embora sejam animadores, podem gerar algum sentimento de exagerado optimismo. Até o diário luxemburguês Le Quotidien destacou essa notícia!
De acordo com os mais recentes dados estatísticos, o produto cresceu 1,1% no segundo trimestre de 2013, face ao trimestre anterior, interrompendo uma série de dez trimestres consecutivos em recessão e Portugal foi o país que maior subida registou no PIB, entre os 23 países que disponibilizam dados ao Eurostat. No entanto, em termos homólogos, o PIB continua a cair e a quebra verificada neste segundo trimestre do ano foi de 2% face ao segundo trimestre do ano passado. O desemprego desceu em Julho, pelo terceiro mês consecutivo, situando-se a taxa de desemprego nos 16,4%, o que significa que desceu 1,3 pontos percentuais abaixo do trimestre anterior em que se situou nos 17,7%, mas que continua com mais 1,4 pontos percentuais do que no mesmo período de 2012. As exportações aumentaram 6,3% e as importações apenas cresceram 2,1% no segundo trimestre, face ao mesmo período de 2012, permitindo uma redução do défice da balança comercial em 424,2 milhões de euros. O sentimento dos investidores em relação à zona euro regressou a terreno positivo pela primeira vez em dois anos Indicador da OCDE para a economia portuguesa renovou em Julho expectativa de retomaIndicador da OCDE para a economia portuguesa renovou em Julho expectativa de retomae o indicador da OCDE para a economia portuguesa renovou em Julho a expectativa de retoma. Tudo parece correr bem, mas é prematuro “lançar foguetes”. Podem ser efeitos sazonais não sustentados, pois continua a não haver sinais de investimento e os juros a 10 anos voltaram a superar a barreira psicológica dos 7%, algo que já não acontecia desde a crise política de Julho. Assim, ninguém pode realmente estar seguro de que a retoma está aí.

Moçambique valoriza o seu património

A Ilha de Moçambique é um dos mais simbólicos locais da expansão portuguesa e um dos mais notáveis exemplos do encontro de culturas e de harmonia religiosa, onde cohabitam macuas, europeus, árabes, indianos e swahilis. Com 3 Km de comprimento e cerca de 400 metros de largura, a cidade alberga cerca de 15 mil habitantes e um rico património arquitectónico, onde se destaca a fortaleza de São Sebastião, para além das igrejas, dos palácios e de outros edifícios públicos do tempo em que a cidade foi a capital de Moçambique. Em 1991 a Ilha de Moçambique foi justamente integrada na World Heritage List da UNESCO, sendo o único bem (material ou imaterial) moçambicano que, até agora, foi declarado como Património da Humanidade.
Desde 2007 que, de entre uma lista com cerca de uma centena de bens candidatos a ser classificados pela UNESCO, o governo de Moçambique escolheu a Ilha do Ibo e o Arquipélago das Quirimbas no distrito de Cabo Delgado, as pinturas rupestres de Chinhamapere no distrito de Manica e, ainda, as danças Xigubo, Tufu e Mapiko, como bens candidatos a Património Mundial da Humanidade.
Agora, a edição moçambicana do jornal Sol recupera essa notícia e informa que estão em curso as candidaturas da Ilha do Ibo e do Arquipélago das Quirimbas. É o norte de Moçambique no seu melhor e só se espera que o processo seja rápido e bem sucedido.

domingo, 8 de setembro de 2013

A língua portuguesa sobrevive em Macau

Segundo noticia o jornal Tribuna de Macau, a Escola Portuguesa de Macau (EPM) supera a meta dos 500 alunos no ano lectivo que se vai iniciar dentro de alguns dias.
Mais de uma dúzia de anos depois da transferência da administração do território para a República Popular da China e numa altura em que se pensava que o interesse pela língua portuguesa em Macau tinha tendência para se perder, as cinco centenas de jovens incritos na EPM – macaenses, chineses e portugueses – parecem ser uma garantia para a sobrevivência da língua portuguesa na Ásia Oriental.
A EPM foi criada em 1998 através de um protocolo celebrado entre o Ministério da Educação, a Associação Promotora da Instrução dos Macaenses e a Fundação Oriente, sendo considerada como uma das melhores escolas de entre a dezena de escolas com currículo português ou escolas portuguesas, existentes em Moçambique (4), Angola (4), Guiné-Bissau (2), S. Tomé e Príncipe (2), Timor-Leste (1) e Macau (1). Porém, para a ambição que existe quanto à consolidação da língua e da cultura portuguesa no estrangeiro, designadamente nos PALOP, este panorama é obviamente insuficiente e merecia muito mais interesse por parte das nossas autoridades. Ficam as actividades, geralmente meritórias mas de outra natureza, desenvolvidas um pouco por todo o mundo do Camões - Instituto da Cooperação e da Língua.

sábado, 7 de setembro de 2013

Não atirem mais gasolina para a fogueira

A generalidade dos meios de comunicação de massa, pelos menos aqueles que nós entendemos, têm conduzido nas últimas semanas uma campanha a favor de um ataque limitado à Síria para punir o regime de Bashar el-Assad, pelo massacre com armas químicas acontecido no dia 21 de Agosto. Ainda não está demonstrado quem usou essas armas, mas sabemos como ultimamente se têm manipulado situações deste tipo para justificar intervenções militares. Os Estados Unidos estão impacientes para intervir, pois precisam de continuar a mostrar ao mundo a sua musculatura e, sobretudo, precisam de alimentar a sua indústria de guerra e em especial a General Dynamics, a empresa que produz os Tomahawk, mas já mostraram que não conhecem a região nem os seus contextos. Os deputados britânicos recusaram a intervenção na Síria. A França quer vender armamento. A União Europeia defende uma solução política. As Nações Unidas querem uma cimeira da paz. A Rússia, a China e o Irão estão ao lado do regime sírio. Depois do que se passou no Iraque e na Líbia, ninguém acredita que uma intervenção militar seja uma solução. As opiniões públicas não querem mais estas guerras. É tão só lançar gasolina na fogueira.
A capa da edição de ontem do diário madrileno La Gaceta é, do nosso ponto de vista, muito elucidativa do que se passa: cuidado com los rebeldes sírios. A oposição ao regime de Bashar el-Assad agregou-se inicialmente na Coligação Nacional Síria, mas rapidamente criou tensões entre os que estão dentro e fora do país. Desagregou-se e tornou-se um cocktail de grupos extremistas, com combatentes vindos de todo o mundo, muitos deles “franchisados” pela Al-Qaeda. São lobos disfarçados de cordeiros. É uma jihad. Assim, é realmente necessário muito cuidado, até porque durante dois anos os grandes líderes ocidentais não perceberam o que se estava a passar.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O escândalo do BPN ainda não acabou

No próximo dia 8 de Setembro, a leiloeira londrina RM Auctions vai leiloar uma colecção particular constituída por 74 modelos históricos da marca Mercedes-Benz que é considerada uma das mais raras e valiosas do mundo. O catálogo do leilão designa-o por "Ultimate Mercedes-Benz Collection" e apresenta cada um dos 74 carros, através da sua fotografia e das suas características técnicas. O que nos admira é que o proprietário desta milionária colecção se chame Ricardo Oliveira, seja português e tenha sido um importante elemento do BPN.
Segundo apareceu referido em alguns jornais, a colecção está avaliada em cerca de 50 a 60 milhões de euros e foi o seu proprietário que, pessoalmente, tratou do seu transporte a partir de Lisboa para Londres em seis camiões. Nesta importante colecção estão incluídos alguns modelos simbólicos da Mercedes como um 540K Cabriolet A de 1938 avaliado pela RM Auctions num valor entre 2,2 e 2,9 milhões de euros, um 540K Cabriolet B também de 1938 avaliado entre 1,2 e 1,5 milhões de euros e um carro que terá sido utilizado por Hitler durante a 2ª Guerra Mundial, que parece ser uma peça única cujo valor pode chegar aos cinco milhões de euros.
Acontece que o cidadão Ricardo Oliveira é um empresário do sector imobiliário que, segundo foi relatado pelos jornais, foi acusado em dois processos do BPN por burla qualificada, fraude fiscal e falsificação de documentos mas, apesar disso, as suas luxuosas viaturas não foram apreendidas durante as investigações em curso. É natural a suspeita de que esta valiosíssima colecção foi acumulada à custa dos muitos financiamentos do BPN que ainda estão por pagar. Como é possível esta história? Não há juiz nem tribunal que trave esta obscenidade?

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Proezas improváveis e impensáveis

De vez em quando somos surpreendidos com notícias inimagináveis relativas a pessoas que perseguem um objectivo, aparentemente sem qualquer interesse que não seja a satisfação pessoal de enfrentar um desafio. O caso da nadadora americana Diana Nyad, que alguns jornais americanos hoje noticiaram, é um desses casos porque se tornou na primeira pessoa que nadou entre Cuba e a Florida, sem qualquer protecção anti-tubarão. Aos 64 anos de idade, a nadadora nadou uma distância de 110 milhas entre Havana e Key West em 52 horas, 54 minutos e 18.6 segundos. Foi um caso de perseverança e de persistência, pois Diana Nyad já tinha tentado quatro vezes esta proeza, a primeira das quais em 1978 quando tinha 28 anos de idade, mas só agora conseguiu concretizar o seu sonho. A nadadora saltou para a água na Marina Hemingway, em Havana, nadando com apoio médico e logístico, alimentando-se a cada 40 minutos e bebendo água regularmente através de um tubo. Ao completar a sua epopeia, Diana Nyad declarou que tinha três mensagens para transmitir:
1 – Nunca se deve desistir;
2 - Nunca se é velho demais para perseguir os nossos sonhos;
3 – No desporto o êxito nunca é individual, mas é sempre um trabalho de equipa.
Até o The Washington Post destacou o feito de Diana Nyad em primeira página, colocando os problemas do mundo e a questão síria em segundo plano.
 

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Às vezes até temos Campeões do Mundo

O Campeonato do Mundo de Canoagem Velocidade 2013 terminou ontem na cidade alemã de Duisburg, tendo registado a participação de 839 atletas oriundos de 75 países. Os canoistas portugueses Emanuel Silva e João Ribeiro sagraram-se campeões do mundo em k2 500 e, dessa forma, asseguraram o primeiro título mundial na história da canoagem portuguesa. Não é a primeira vez que, em Campeonatos do Mundo ou Jogos Olímpicos, os atletas portugueses da canoagem sobem ao pódio, mas foi a primeira vez que ganharam uma medalha de ouro e esse facto justifica todos os elogios de quem tem apreço pelo fenómeno desportivo.
Ser-se campeão do Mundo é um feito desportivo muito raro em Portugal, sobretudo depois das gloriosas jornadas de hóquei em patins que há muito desapareceram da galeria dos nossos feitos desportivos. No futebol temos algum reconhecimento internacional, mas há mais de vinte anos que os nossos futebolistas nada de importante ganham. Noutras modalidades como o atletismo, a vela ou o judo, as nossas esperanças raramente se concretizam. Significa que, em termos desportivos, por razões de ordem muito diversa, não temos grandes feitos para celebrar, ao contrário do que sucede na nossa vizinha Espanha.
Podíamos aproveitar o êxito dos nossos campeões de canoagem para estimular o nosso desporto, mas hoje os nossos jornais desportivos, apesar de darem a notícia da canoagem em primeira página, deram muito mais espaço ao Bruma que vai para o Galatasary, ao Jackson que fica no Porto e ao Markovic que é uma estrela do Benfica. É pena.