domingo, 22 de setembro de 2013

A Síria revela a fraqueza do Ocidente

The Economist dedica uma boa parte da sua última edição à guerra civil na Síria, com vários artigos que classificam a intervenção ocidental como “uma enorme derrota política”, apresentando na capa uma sugestiva ilustração: um velho leão desdentado que não pode morder porque não tem a sua dentatura colocada. A influência ocidental no mundo entrou em declínio e, hoje, “outro valor mais alto se alevanta”, como diria Camões. Primeiro foi David Cameron que foi humilhado pelo seu Parlamento, depois foi François Hollande que se esforçou por estar na primeira fila mas que se viu hostilizado pelos franceses e, finalmente, foi Barack Obama que nunca chegou a ter o apoio inequívoco do Congresso. As opiniões públicas ocidentais não querem guerras de fundamentação duvidosa e uma acção militar é sempre demasiado impopular.
A guerra na Síria foi inicialmente conduzida por moderados, mas foi infiltrada por grupos extremistas sunitas, por jihadistas estrangeiros e pela Al Qaeda. O mal-estar e a rivalidade entre esses grupos é insanável. Combatem entre si e, há dias, confrontaram-se na cidade de Azaz que era controlada pelos rebeldes do Exército Livre da Síria e que agora está nas mãos de um grupo pró-Al Qaeda. Tem sido esta gente que o Ocidente tem ajudado com armas e dinheiro. Entretanto, o relatório feito por inspectores da ONU divulgado esta semana confirmou o uso de armas químicas na Síria, mas não atribuiu culpa a nenhum dos dois lados, enquanto o presidente russo afirmou que há razões para acreditar que o uso dessas armas foi uma astuta e engenhosa provocação. Ali ao lado, Israel deseja a saída de Bashar El Assad mas ao mesmo tempo teme estar a promover grupos radicais islâmicos, alguns dos quais próximos da Al Qaeda. Perante a fraqueza do ocidente e a sua obcessão pelo derrube de Bashar El Assad, foi a Rússia de Vladimir Putin que reassumiu um papel importante no xadrez mundial.

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