domingo, 22 de setembro de 2013

Mexia e ainda mexe, mas de bolsa cheia

No passado ano de 2012 o presidente executivo da EDP recebeu 1,2 milhões de euros de remunerações a que juntou 1,9 milhões de euros de prémio plurianual de gestão relativo ao mandato entre 2009 e 2011, tendo um jornal referido que ele recebeu o equivalente a 6391 salários mínimos nacionais. No mesmo ano o presidente do Conselho Geral e de Supervisão arrecadou 430 mil euros, enquanto o valor global bruto das remunerações dos órgãos sociais pagas em 2012 foi de 18 milhões de euros. Em tempo de crise é uma fartura, mas é também um caso de falta de escrúpulos. É uma obscenidade.  É certo que a EDP lucra cerca de mil milhões de euros por ano, mas esse lucro é resultante de rendas garantidas em mercado protegido e dos preços cada mais elevados que cobra aos consumidores, que atrofiam a estrutura de custos e a competitividade de muitas empresas. Apesar disso, a EDP ainda reclama um défice tarifário de cerca de 2 mil milhões de euros e, na sua ganância pelo dinheiro, endivida-se nos mercados internacionais para, entre outros objectivos, distribuir dividendos aos seus accionistas. Tudo isto é uma verdadeira imoralidade. A EDP e os seus gestores insultam-nos.
Neste quadro, em vez de reduzir as suas remunerações e os dividendos dos accionistas, o presidente executivo da EDP resolve dar entrevistas com conselhos aos juízes do Tribunal Constitucional e a responsabilizá-los pela eventual necessidade do país recorrer a um segundo resgate, apenas porque garantem o cumprimento da Constituição e se opuseram aos despedimentos discricionários na função pública e ao ataque aos pensionistas. Era melhor que aquela deslumbrada criatura ficasse calada e tivesse vergonha na cara, mas quis sabujar-se aos seus amigos do governo.
Lamentavelmente , os nossos jornais nem sequer falam disto.

Sem comentários:

Enviar um comentário