quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Despesismo do governo é mau exemplo

O Orçamento do Estado para 2014 é muito duro para os contribuintes, para os funcionários públicos e para os reformados e pensionistas, mas não tem o mesmo grau de exigência para aqueles que deviam dar o exemplo da contenção e da parcimónia, isto é, os governantes. Assim, sem bons exemplos, eles nunca conseguirão comandar esta nau e far-nos-ão andar à deriva como tem acontecido. No próximo ano os ministros e os respectivos gabinetes vão gastar mais do nosso dinheiro, pois verifica-se um aumento de cerca de 8,13% na sua despesa, quando comparado com a estimativa de despesa incluida no segundo orçamento rectificativo para o ano corrente. O governo engordou por via das várias remodelações decididas ao longo dos últimos meses com mais ministros, mais secretários de Estado, mais assessores e mais equipas de apoio, pelo que hoje já tem mais gente (56) do que o maior dos governos de Sócrates (55) que o primeiro ministro e o seu amigo catroga apontavam como exemplo de gorduras do Estado. Alguns gabinetes irão reforçar de forma significativa os respectivos orçamentos para 2014, como acontece por exemplo com a Presidência do Conselho de Ministros. É um mau exemplo por gastar mais, mas é uma falta de pudor por retirar esse dinheiro aos reformados. O Correio da Manha dá-nos hoje a exacta medida deste desregramento e deste despudor ao anunciar que a equipa do primeiro ministro é constituída por 60 pessoas, onde se incluem dez secretárias que ganham 1882 euros cada uma, onze motoristas que recebem 1848 euros cada qual e nove assessores que auferem uma média de 3653,81 euros. O jornal fez as contas e concluiu que esse gabinete custa 134 900 euros por mês, de acordo com a lista de nomeações publicada pelo Governo, com um salário médio de 2248 euros. Porém, todos sabemos que não é assim. Nesses gabinetes gasta-se à tripa forra e, por isso, a despesa da Presidência do Conselho de Ministros ainda será acrescentada com as viagens, as ajudas de custo, as despesas de representação, as horas extraordinárias, as viaturas, as refeições, os telemóveis e eu sei lá que mais, fazendo com que este despesismo seja um mau exemplo que passa para a sociedade.

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