quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Evangelii Gaudium: o apelo do Papa

No passado dia 26 de Novembro o Papa Francisco fez publicar a sua primeira exortação apostólica a que deu o título de Evangelii Gaudium ou A alegria do Evangelho, que é dirigida “aos fiéis cristãos”, mas que apela “ao diálogo com os crentes das religiões não-cristãs”, apesar dos vários obstáculos e dificuldades, de modo particular os fundamentalismos de ambos os lados. O documento foi divulgado pela internet e tornou-se tema de primeira página em alguma imprensa internacional, inclusive na América, embora a imprensa portuguesa o tenha ignorado, provavelmente porque anda um pouco anestesiada (ou é controlada) pelos poderes dominantes. A exortação papal tem 224 páginas e um texto exposto em 288 pontos, que expressa a necessidade das estruturas da Igreja se reformarem, se descentralizarem e se tornarem mais missionárias, mas que também critica a “nova tirania” do “capitalismo selvagem”, a “idolatria do dinheiro” e a “sacralização do mercado”, defendendo a inclusão social dos pobres, a paz e o diálogo social. É, por isso, um documento muito oportuno para ser lido pelos nossos dirigentes políticos para que aprendam e percam o seu fanatismo e a sua cegueira neo-liberal, que estão a levar o nosso país à desagregação económica e social.
A exortação apostólica dedica uma parte do seu conteúdo aos desafios do mundo actual, em que o Papa denuncia o actual sistema económico e afirma que “devemos dizer não a uma economia de exclusão e de desigualdade social”, porque “esta economia mata” (53). Fala na “globalização da indiferença” (54), na “negação da primazia do ser humano”, na “ditadura de uma economia sem rosto” (55), numa “evasão fiscal egoísta” e numa “corrupção ramificada” (56), salientando que a “ambição do poder e do ter não tem limites” (56), que “o dinheiro deve servir e não governar” (58) e declara um “não à desigualdade social que gera a violência” (59).
Como destaca a síntese do Newsday, é preciso repartir a riqueza e é urgente combater a pobreza e a desigualdade, mas é também urgente que os nossos governantes aprendam alguma coisa com este lúcido apelo que é a mensagem papal.

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