quarta-feira, 6 de novembro de 2013

O insulto afasta o desejável consenso

Nas últimas semanas têm sido produzidas algumas afirmações de precipitado optimismo, com base em dois indicadores que registaram uma evolução positiva: o produto cresceu 1,1% no segundo trimestre de 2013 face ao trimestre anterior e, em Setembro, a taxa de desemprego situou-se nos 16,3%, ligeiramente abaixo dos 16,5% registados em Agosto. Estes indicadores trouxeram algum ânimo aos nossos dirigentes. Assim, há um mês atrás, numa entrevista concedida a um jornal sueco, o Presidente da República afirmou que “Portugal já saiu da recessão e apresenta o maior crescimento da Europa”. Depois, o ministro Portas passou a falar em “sinais positivos”, dizendo que “a economia começa a dar sinais de recuperação”, que "é possível que Portugal esteja a poucas semanas de saber oficialmente que saiu de uma recessão técnica” e que “em Junho de 2014 podemos viver uma espécie de 1640 financeiro”. O ministro Lima, apesar de ser mais comedido e mais conhecedor do que o seu pupilo, foi na onda e falou em “milagre económico”. Infelizmente a realidade é outra e só a sazonalidade e a maciça emigração sustentaram aqueles sinais. Poucos acreditam que, com este tipo de austeridade, os desejos de retoma se transformem em realidade, com excepção dos que se sentam na primeira fila das bancadas parlamentares dos partidos da maioria, eventualmente à espera de uma qualquer promoção. Esses aplaudem em delírio. E é esta rapaziada que, perante o ultimato da troika a exigir um compromisso político com a oposição, adopta um intolerável discurso – agressivo, provocatório e insultuoso – que nos chega a casa através das emissões em directo do canal Parlamento. Não é de agora, mas nos últimos tempos o insulto quase tem feito parte da ordem de trabalhos. Assim, nunca haverá consenso, nem o desejável compromisso de que o país carece. Assim, só novas eleições (e outros deputados mais maduros e menos panfletários) poderão resolver este imbróglio.
 

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