segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O triste caso dos estaleiros de Viana

A edição de ontem do jornal Público destacou a situação por que passa a indústria da construção naval no noroeste da Península Ibérica que, tendo atravessado um prolongado período de crise, parece estar agora a entrar numa fase de renovado dinamismo. Em título de primeira página, o jornal escreve: “Estaleiros da Galiza com trabalho e a crescer em contraste com Viana”. A leitura deste título dá vontade de chorar! De facto, com imaginação, inteligência e diálogo democrático, os galegos procuraram soluções para salvar a sua indústria da construção naval, tendo conseguido um consenso político e social em que participaram as autoridades centrais e regionais, os patrões e os sindicatos, mas também alguns investidores, como foi o caso da petrolífera mexicana Pemex. Acendeu-se uma luz ao fundo do túnel e um sindicalista galego afirmou que “há oito meses não era demagogia falar do risco de desaparecimento desta actividade em Espanha, aliás nos últimos quatro anos a construção naval praticamente desapareceu na Andaluzia e em Valência”. Actualmente, a construção e reparação naval na Galiza, Astúrias e País Basco representam 87 mil postos de trabalho, dos quais 25 mil são empregos directos, enquanto a previsão para 2014 é recuperar os níveis de actividade e os postos de trabalho da última década.
A cem quilómetros de distância de Vigo estão os Estaleiros de Viana do Castelo e é o contraste, que nos envergonha e nos entristece. Segundo um sindicalista galego citado pelo Público, os estaleiros de Viana “têm as melhores instalações, pelo menos as maiores, de toda esta faixa atlântica”, mas o governo concessionou-as ao grupo Martifer, o que significa o lamentável fim da construção naval em Portugal. Porquê?
No dia 17 de Dezembro de 2013, a Rua dos Navegantes já abordara este assunto e escrevera: “Ao contrário das autoridades espanholas que encontraram uma boa solução para o seu problema, o governo português e o ministro Branco não quiseram ou não foram capazes de encontrar uma solução”.

 


 

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