quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Os novos paraísos fiscais dos chineses

A página da ICIJ - International Consortium of Investigative Journalists na internet e as edições de vários órgãos de comunicação internacionais como a BBC, o Le Monde, o Washington Post, o The Guardian e o El País, entre outros, deram a notícia: há 37 mil chineses com activos em paraísos fiscais e, entre eles, há muitos familiares da élite comunista da China, assim como políticos, empresários de sucesso e grandes companhias estatais. Esta notícia resultou de uma demorada investigação em que participaram 86 jornalistas de 46 países que consultaram dois milhões de documentos em arquivo e revelou informações sobre as fortunas escondidas das élites chinesas e sobre a gigantesca rede de abusos, ilegalidades e corrupção que sustentam a segunda economia do mundo. É o Chinaleaks.
A China escolheu a liberalização da sua economia mantendo a ditadura do partido único segundo a fórmula de Deng Xiao Ping - um país, dois sistemas - e isto gerou algumas disfunções. A par de um impressionante crescimento económico que tirou milhões de chineses da pobreza e que enriqueceu a camada dirigente, acentuou-se um brutal crescimento das desigualdades sociais e geográficas, a corrupção alastrou em larga escala e até surgiu uma bolha imobiliária semelhante à que tanta desgraça causou no Ocidente. O enorme escândalo agora revelado por esta investigação da ICIJ até obrigou o governo chinês a bloquear a informação da internet sobre este caso.
O que é interessante é ver a forma como essa teia de corrupção e lavagem de dinheiro dos milionários chineses se estendeu à Europa, cada vez mais transformada num paraíso fiscal para os chineses. Portugal não ficou fora da rede e aqui compraram a EDP, a REN e a EDP Renováveis. Depois ficaram com a Caixa Seguros, o que significa que a Multicare também é chinesa. Já andam a namorar as águas, os mármores, a banca e a energia solar. Centenas deles já têm o visto gold. Pequeninos, muito pequeninos, alguns dos nossos dirigentes deslumbraram-se. Julgam que o dinheiro vale tudo. São uns vulgares vende-pátrias. O que dirão a isto o irrevogável Portas, o goldman Arnaut, o oriental Catroga, o eléctrico Mexia e a malta do Conselho Geral e de Supervisão da EDP?

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