segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sobre o estado da nação

Depois de mais de trinta meses de governação da actual maioria e a quatro meses de terminar o programa de ajustamento que foi acordado com a troika, é altura de se começarem a fazer balanços, até porque se aproximam as eleições europeias. O governo e a sua gente querem passar a ideia de que o programa foi um sucesso e até parece estar a ser criado um ambiente de euforia. É bom que se contenham e que não ofendam quem passou e está a passar mal por causa da sua insensibilidade e do seu fanatismo ideológico. A troika vai-se embora, mas os problemas acumulados desde há muitos anos ficam cá, com um país mais triste, mais desigual e mais envelhecido. Porém, é preciso recordar quem chumbou o PEC4 e chamou a troika, dizendo que o seu programa era o programa da troika e que iria surpreender por ir mais longe do que as imposições da dita troika. Nem se pode esquecer a promessa de resolver o problema das Finanças Públicas com o corte nas “gorduras do Estado”, nem a declaração pré-eleitoral mais simbólica de Passos: "Nós calculámos e estimámos e eu posso garantir-vos que não será necessário em Portugal cortar mais salários nem despedir gente para poder cumprir um programa de saneamento financeiro".
Foi uma enorme mentira. Sem qualquer pudor, o governo foi ao bolso dos mais pobres e cortou salários e confiscou pensões. Não tocou nos interesses instalados. Não corrigiu o défice público que continua excessivo. Fez aumentar substancialmente a dívida pública. Atacou as políticas sociais e, em especial, cortou na saúde e na educação. Privatizou sem cuidar do interesse nacional. Humilhou as Forças Armadas. Tentou repetidamente violar a Constituição.
Como consequência das suas políticas, o produto nacional regrediu e o desemprego tornou-se um grave problema social. Foram destruídos mais de 300 mil postos de trabalho líquidos. Aumentaram as desigualdades, as injustiças e a pobreza. Foram empurradas mais de 200 mil pessoas para a emigração, incluindo jovens altamente qualificados. O aparelho de Estado foi ocupado por “assessores de aviário”, uns ex-jotas ambiciosos e impreparados para os quais não faltam bons salários, nem Audi, nem BMW.
Para saber o que se passa nem é preciso consultar estatísticas. Basta observar ou, então, escutar o que dizem Bagão Félix, Ferreira Leite ou Pacheco Pereira.

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