terça-feira, 7 de janeiro de 2014

O dilema espanhol: canhões ou manteiga

O economista americano Paul Samuelson ficou famoso por ter sido o primeiro americano a ganhar o Prémio Nobel da Economia, mas também por ter escrito Economics, um livro que se tornou um clássico e que ensinou os fundamentos da ciência económica à maioria dos estudantes de economia da segunda metade do século XX. Nesse livro, ele explica a fronteira das possibilidades de produção através do exemplo dos canhões e da manteiga, isto é, porque o dinheiro é um bem escasso, há que decidir se o dinheiro do contribuinte é usado na compra de armamentos ou na produção de alimentos. Na crise que alguns países europeus atravessam, este paradigma de Samuelson está a revelar-se demasiado verdadeiro. Assim acontece com a Espanha.
Segundo a edição de ontem do jornal ABC, a Marinha espanhola adaptou-se à crise por que passa o país e, desde 2008, abateu 25 dos seus navios que foram substituídos por sete de maior capacidade, enquanto foi cancelada a construção de diversas unidades e foram suspensos alguns projectos futuros, como a construção das fragatas da classe F-110. Esses navios que deveriam ser construídos pela Navantia, obrigaram aqueles estaleiros estatais a procurar e a conseguir encomendas no estrangeiro, tendo-as conseguido na Noruega e na Austrália. Um dos navios abatido, depois de 25 anos de serviço, foi o porta-aviões “Príncipe das Astúrias”, o navio-chefe da Armada espanhola, porque “España no pude sosternelo”, uma vez que a sua modernização e manutenção custaria cem milhões de euros anuais. A Espanha teve que escolher “a produção de manteiga” em vez do “fabrico de canhões”, porque a crise obrigou a que o seu orçamento da Defesa se reduzisse em 32%, pois passou de 8.491 milhões de euros em 2008 para 5.745 milhões de euros em 2014, dos quais 77% se destinam a pagamentos ao pessoal.

Sem comentários:

Enviar um comentário