sábado, 1 de fevereiro de 2014

O multiculturalismo e a coesão social

A edição de hoje do The Daily Telegraph destaca que "em cada nove escolas primárias e secundárias inglesas há uma em que o inglês já não é a primeira língua", mas acrescenta mais: um milhão de alunos falam inglês como segunda língua e um em cada cinco alunos não falam inglês em casa. Essa realidade está a preocupar as autoridades inglesas, mas trata-se de um fenómeno que também está a acontecer noutros países europeus e que merece reflexão.
A notícia partiu de um inquérito realizado no Reino Unido como parte do recenseamento escolar anual, ao qual responderam 15.288 escolas primárias e secundárias com informações sobre a língua materna ou a primeira língua dos seus alunos. Verificou-se que em 1.755 escolas frequentadas por um total de 835.174 estudantes havia uma minoria de falantes de inglês e apurou-se que as línguas mais faladas pelos alunos eram urdu, bengali, punjabi, somali, polaco, hindi, gujarati, tamil, português, árabe e espanhol. A pequena cidade de Reading, situada no condado de Berkshire nos arredores de Londres, é chamada a “babel dos dialectos” pois verifica-se que as crianças da cidade falam mais de 150 línguas e dialectos nas suas casas.
O problema é conhecido na generalidade dos países europeus e resulta da atracção que a União Europeia continua a exercer sobre muitas populações, não só da sua periferia, como também do norte de África, da antiga Índia Inglesa e de outras regiões. Há que lhe dar muita atenção. Para os países receptores é necessário um esforço para proteger a diversidade cultural e assegurar a coesão social, o que implica o reconhecimento do multiculturalismo e, reciprocamente, é necessário que os emigrantes também se obriguem a um esforço de integração e que respeitem as sociedades de acolhimento e as culturas locais. Esse é um dos grandes desafios do nosso tempo a merecer debate e reflexão, pelo que a notícia do The Daily Telegraph é mais um alerta.

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