sábado, 15 de fevereiro de 2014

O negócio dos vistos ‘gold’

No ano passado foram criados os vistos gold, um regime que permite aos cidadãos de países que não pertençam à União Europeia, ou não integrem o Acordo de Schengen, obter uma autorização de residência em Portugal para desenvolverem actividades de investimento. Essas actividades devem decorrer por um período mínimo de cinco anos, prevendo-se opções como a transferência de capital num montante igual ou superior a um milhão de euros, a criação de pelo menos dez postos de trabalho ou a compra de imóveis num valor mínimo de 500 mil euros.
O irrevogável ministro Portas foi o grande impulsionador desses vistos. No ano passado, segundo foi divulgado “foram concedidos 471 vistos gold que se traduziram num volume de investimento de 306,7 milhões de euros no país”, de que beneficiaram sobretudo cidadãos da China, Rússia, Angola e Brasil. Ora a compra de imóveis de luxo dificilmente pode ser classificada como investimento e, provavelmente, não foi criado nenhum posto de trabalho, o que significa que a ideia original de atrair investimento e criar emprego foi adulterada e se transformou num simples negócio imobiliário. Não é mau, mas não é investimento! Para o corrente ano, o irrevogável ministro Portas espera que “sejam atingidos 500 milhões de euros de investimento”, mas provavelmente o que vai acontecer, mais uma vez, não serão acções de investimento para criar riqueza, nem a criação de postos de trabalho. Assim, a opção governamental de vender vistos a quem aparecer, independentemente da origem e da cor do seu dinheiro, é muito discutível e nem se percebe porque traz tanta gente eufórica e leva o irrevogável ministro a exibir aquela sua caracterítica cara de auto-satisfação. É certo que este negócio chegou a muitos outros países europeus que têm dificuldades financeiras como as nossas e que até está a gerar concorrência entre Estados-membros mas, ao menos, esses não chamam investimento ao que por cá se tem revelado apenas como um negócio imobiliário. Porém, o irrevogável chama-lhe investimento apenas por ambição e porque no futuro lhe interessa estar ligado a essa palavra para a cobrar ao eleitorado.
 

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