sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Promiscuidade entre política e negócios

A edição desta semana da revista Visão inclui uma alargada reportagem sobre os negócios em que estão envolvidos alguns políticos e pergunta “o que juntará Luís Filipe Menezes (ex-autarca e líder do PSD), Martins da Cruz (ex-conselheiro diplomático de Cavaco e antigo MNE) e Jorge Costa (ex-secretário de Estado das Obras Públicas de Durão Barroso) numa desconhecida empresa do ramo imobiliário, com fortes laços em Angola”. Na realidade, de acordo com essa reportagem, a política, a diplomacia e os negócios constituem um triângulo que passa por Vila Nova de Gaia e tem importantes ramificações em Luanda. Tanto quanto parece, não está em causa qualquer ilegalidade, mas apenas um grave atropelo à ética republicana com o uso da política para satisfazer gananciosos e promíscuos interesses pessoais. Foi assim com Loureiros e Varas, com Limas, Mouras, Coelhos e com muitos outros, isto é, com gente que, impunemente, usou os conhecimentos e as influências que adquiriram na actividade política para fazer negócios especulativos ou ocupar posições de topo. Antes da política pouco valiam, mas com ela tornaram-se iluminados e ricos.
É uma triste sina lusitana haver tanta gente que se serve da política para “subir na vida” e para exercer actividades altamente lucrativas, que nunca na vida conseguiriam sem a bengala da política. Neste caso, os novos empresários têm um denominador comum que é terem exercido funções na Câmara Municipal de Gaia, que é a segunda mais endividada do país e parece estar em risco de falência com uma dívida próxima dos 300 milhões de euros. Pois é esta gente que agora se dedica a negócios imobiliários.

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