quinta-feira, 20 de março de 2014

A (in)sustentabilidade da nossa dívida

O jornal Público divulgou hoje a notícia de que um grupo de 74 economistas de duas dezenas de nacionalidades, muitos deles com cargos de relevo em instituições internacionais, professores universitários, editores de revistas científicas de economia e autores de livros e ensaios de referência na área económica, decidiram juntar-se às 74 personalidades portuguesas que, na semana passada, publicaram um manifesto a defender a reestruturação da nossa dívida pública. Esses economistas dizem apoiar “os esforços dos que em Portugal propõem a reestruturação da dívida pública global, no sentido de se obterem menores taxas de juro e prazos mais amplos, de modo a que o esforço de pagamento seja compatível com uma estratégia de crescimento, de investimento e de criação de emprego”. O documento subscrito por estes economistas tem um conteúdo muito semelhante ao manifesto intitulado “Reestruturar a dívida insustentável e promover o crescimento, recusando a austeridade”, que uniu um alargado leque de personalidades portuguesas a que, lamentavelmente, o primeiro-ministro se referiu como “essa gente”, para além de criticar duramente o documento, que classificou de irrealista e de pôr em causa o financiamento do país. Para este grupo de economistas internacionais, os resultados do programa de austeridade imposto a Portugal são claros: “a austeridade orçamental reduziu a procura agregada, agravou a recessão, aumentou o nível da dívida pública e impôs sofrimento social à medida que as pensões e salários foram reduzidos, os impostos foram aumentados e a protecção social foi degradada". Este documento é um apoio inesperado ao manifesto dos notáveis portugueses que, entre outras, teve a virtude provocar o debate nacional sobre a dívida e a sua (in)sustentabilidade, para além de ter revelado o fanatismo ideológico e a insensibilidade económico-social do primeiro-ministro e do núcleo duro que o apoia.

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