terça-feira, 15 de abril de 2014

25 de Abril: os grandes e os pequenos

Lisboa, 14 de Abril de 2014
Três antigos Presidentes da República Portuguesa participaram ontem na conferência "O 25 de Abril, 40 anos depois", organizada pela SIC Notícias e pelo Expresso e disseram que o 25 de Abril valeu a pena, mas que há ainda muito por fazer para melhorar a democracia em Portugal, porque o desemprego ainda é muito elevado e a elevada pobreza nos envergonha.
Num painel moderado por Pinto Balsemão, ouvi Eanes, ouvi Soares e ouvi Sampaio a elogiarem o desprendimento do poder por parte dos militares que protagonizaram a Revolução dos Cravos, permitindo a instauração do regime democrático em Portugal, bem como a defesa que fizeram do Estado Social. Ouvi Mário Soares a dizer que o 25 de Abril foi “o dia mais feliz da minha vida”, a afirmar que “quem fez o 25 de Abril foram exclusivamente os militares, não foram os civis, nem os partidos políticos” e a solidarizar-se com os capitães de Abril e a recusar o convite para estar na Assembleia da República nas comemorações oficiais da data, embora “nesse dia ande de cravo ao peito”. Ouvi Ramalho Eanes fazer um retrato crítico dos tempos que atravessamos e dizer que o facto de "haver portugueses com fome é uma coisa que nos ofende e que não devíamos permitir", mas também que sem Estado Social, o pluralismo e a tolerância estão em perigo. Ouvi Jorge Sampaio a dizer que o 25 de Abril foi “uma utopia que se realizou”, que acabou com 13 anos de guerra, para além de ser igualmente muito crítico com a situação por que passa o nosso país e dizer que "não é com salários baixos, mas com pessoas qualificadas" que se pode desenvolver o país.
Foram três vozes grandes a afirmar que o 25 de Abril valeu a pena.
Há poucos dias eu tinha ouvido a desbocada e mal penteada Presidente da Assembleia da República num infeliz e deselegante registo dirigido aos militares de Abril, exactamente aqueles que lhe abriram as portas para uma carreira política para a qual, parece, não ter qualidades pessoais; e ouvi, também, o actual inquilino de Belém numa sessão de propaganda a que lamentavelmente se associou, num registo despropositado de bajulação de cunho partidário e de indiferença perante a lamentável situação social e económica por que passa o país, a mostrar que não é o presidente de todos os portugueses. Assim mesmo.
Uns são grandes, outros são muito pequenos.

 

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