segunda-feira, 21 de abril de 2014

O esplendor do Oriente na joalharia goesa

Está patente no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, a exposição Esplendores do Oriente - Jóias de Ouro da Antiga Goa que apresenta uma colecção de 392 peças de joalharia hindu e cristã dos séculos XVIII e XIX. Estas peças estiveram guardadas em caixas e encerradas em cofres durante 50 anos e essa é uma história que não pode ser dissociada do panorama artístico e estético da exposição.
No dia 12 de Dezembro de 1961, perante a iminente invasão de Goa pelas tropas indianas, que veio a acontecer poucos dias depois, o gerente do Banco Nacional Ultramarino (BNU) em Goa, Jorge Esteves Anastácio, decidiu preservar um conjunto de bens guardados no banco, enviando-o para Lisboa no paquete Índia da Companhia Nacional de Navegação (CNN), que nessa data se encontrava em Mormugão. Essa remessa de bens estava repartida por caixotes e caixas de toda a espécie, sendo constituída por jóias depositadas por particulares, por apreensões de contrabando e por cauções de pequenos empréstimos concedidos pelo BNU. 
O restabelecimento das relações diplomáticas entre Portugal e a Índia aconteceu depois de 1974, mas só em 1991 foi feito um acordo entre o BNU e o State Bank of India que permitiu que a maior parte do espólio trazido em 1961 fosse devolvido ao Estado indiano, que recebeu cerca de meia tonelada de jóias que se encontravam nos cofres, num gesto que então foi altamente elogiado na Índia. Entretanto o BNU fundiu-se com a Caixa Geral de Depósitos (CGD) que herdou a parte restante dessa remessa de jóias que, 50 anos depois, foi aberta e catalogada por especialistas. Devido ao mau estado geral das peças, a CGD decidiu proceder ao seu restauro, fazendo depois a sua doação ao MNAA que as integrou no seu acervo e que até 7 de Setembro as exibirá ao público.

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