domingo, 22 de junho de 2014

A crise, a ganância e as fraudes na banca

Foi em Setembro de 2008 que o Lehman Brothers, um dos maiores bancos de investimento americanos, declarou falência depois de ter acumulado gigantescos prejuízos devido à crise no mercado imobiliário originada pela criação de produtos financeiros (conhecidos por subprime), suportados em créditos hipotecários de alto risco concedidos a famílias americanas que não tinham capacidade financeira para os pagar. Era a derrota da gananciosa e fraudulenta actividade da banca que levara a que a dívida do Lehman Brothers superasse os 430 mil milhões de euros, isto é, mais do dobro do PIB de Portugal! O contágio foi intenso e, um ano depois, tinham fechado 273 bancos americanos!
A falência do Lehman Brothers tem sido considerada como o detonador de uma crise financeira que atravessou o Atlântico e levou à falência de muitas empresas e à perda de milhões de empregos na Europa. Então, quando se verificou que também havia muitos “lehman brothers” na Europa, foram injectados na banca muitos milhões de euros sob várias formas para superar a situação, “porque os bancos eram demasiado grandes para falir”. Apesar disso, um pouco por toda a Europa houve bancos que faliram ou foram nacionalizados, por exemplo na Grécia, na Espanha, no Chipre, na Bélgica e até na Alemanha. Raramente foram pedidas responsabilidades por gestão ruinosa, por práticas fraudulentas, evasão fiscal, manipulação contabilística ou, simplesmente, por roubo. A impunidade foi quase total, pouco foi alterado e continuaram as obscenas remunerações, os bónus e as mordomias faraónicas dessa gente. Tem reinado o silêncio e a promiscuidade do costume entre banqueiros, políticos e jornalistas. A culpa parece ter morrido solteira.
Aqui tivemos o caso BPN, mas também os casos BPP e BCP, o Banif e, agora, o BES, cuja sucursal de Angola não sabe a quem emprestou 5,7 mil milhões de euros, embora se suspeite que, tal como no BPN, uma boa parte tenha ido parar às contas de alguns administradores e tenham alimentado grandes negociatas. Lamentavelmente, muitos dos nossos "políticos de aviário" continuam sem perceber nada disto e, em vez de se curvarem aos banqueiros para que lhes garantam o futuro, deveriam repensar as razões por que chegamos a este tão lamentável “estado da Nação” e ter a coragem de mudar de rumo, com melhor governo, melhor oposição e mais respeito pelos portugueses. Ao menos valha-nos o Pai e o Filho, porque o Espírito Santo...

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