sábado, 19 de julho de 2014

A face exótica das viagens presidenciais

Muito discretamente, foi hoje anunciado que o presidente da República Portuguesa eleito por sufrágio universal em 23 de Janeiro de 2011, tinha chegado a Seul. Fiquei muito surpreendido por mais uma viagem presidencial numa altura em que, para além da nossa enfraquecida situação económica e financeira, conforme nos foi repetidamente dito nos últimos três anos, também passamos por uma preocupante e ainda mal definida situação de um dos maiores grupos financeiros portugueses, senão mesmo do próprio sistema bancário. Apesar disso, dois meses depois de uma grande viagem à China com mais de uma centena de empresários, aí está mais uma viagem presidencial ao Oriente. São demasiadas viagens para destinos exóticos. É gastar acima das nossas possibilidades. Além disso, porque Sua Excelência não gosta de viajar sózinho, leva consigo uma alargada comitiva que integra membros do governo, dirigentes de 17 empresas e alguns representantes de universidades nacionais. Não havia necessidade de, uma vez mais, levar tanta gente para este tipo de viagens que não têm outro efeito prático que não seja o de gastar dinheiro com demasiados acompanhantes, onde se incluem assessores, professores, jornalistas e empresários. O assunto está estudado nas academias e a insistência neste tipo de viagens é um quase insulto aos contribuintes portugueses. Após esta visita à Coreia do Sul o presidente segue para Timor-Leste a convite do presidente Taur Matan Ruak, no âmbito da reunião plenária da CPLP. Curiosamente, foi há dois anos que o presidente visitou Singapura e a Austrália, além de Timor-Leste, o que confirma o seu gosto pelo Oriente e pelo exotismo. Embora se compreenda esta visita institucional a Timor-Leste, seria bom que a comitiva fosse limitada, porque o exibicionismo das grandes comitivas nos ridiculariza e nos custa muito dinheiro.

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