sábado, 5 de julho de 2014

Um prémio e um incompreensível silêncio

Carlos do Carmo foi distinguido com o mais prestigiado prémio da indústria discográfica – o Grammy Lifetime Achievement Awardpela sua carreira, pelo seu estilo “único e definitivo” e pelo seu papel no enriquecimento do património cultural mundial. É uma satisfação para a cultura portuguesa, pois nunca um cidadão português recebera uma tal distinção que apenas é atribuída a figuras reconhecidas mundialmente e que vai contribuir para uma maior internacionalização do fado e de todos os seus cultores.
Carlos do Carmo é um homem inteligente e culto que tem sabido gerir uma carreira de 50 anos e que adquiriu projecção internacional, tendo dado um importante contributo para a afirmação mundial do fado, que culminou com a sua classificação pela UNESCO como Património Imaterial da Humanidade, num processo em que, segundo o Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, ele foi “um grande, enérgico, incansável e insubstituível embaixador”. Essa distinção única e prestigiante, mereceu felicitações de três ex-presidentes da República - António Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio - mas foi ignorada pelo Presidente da República em exercício, provavelmente por Carlos do Carmo ser um seu assumido crítico.
No entanto, é preciso notar que no dia 23 de Janeiro de 2011 quando foi eleito para o seu segundo mandato com 53,14% dos votos, o cidadão Aníbal Cavaco Silva se tornou o Presidente de todos os Portugueses, isto é, dos que votaram e dos que não votaram nele, dos que gostam e dos que não gostam dele, dos que o elogiam e dos que o criticam. Nessa linha, ele tem o dever institucional de homenagear os portugueses que se destacam no panorama interno e internacional, atribuindo comendas a uns e enviando mensagens de felicitações a outros, sem cuidar de saber se fazem parte do seu grupo de amigos ou de outro qualquer grupo. É assim que se deve comportar o supremo magistrado da Nação, pelo que não se compreende porque saiu da sua linha de rumo e assumiu este incompreensível silêncio em relação ao prémio atribuído a Carlos do Carmo.

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