domingo, 31 de agosto de 2014

A barca governamental anda à deriva

O mês de Agosto é um período de várias semanas de férias que está a chegar ao fim. Como acontece sempre, o país parou, as praias receberam multidões e os governantes foram a banhos. As escolas e os tribunais estiveram encerrados. O futebol descansou. O enxame de comentadores televisivos também esteve de férias. O país pareceu andar à deriva, com o governo escondido e a continuar o seu discurso mentiroso, como sucedeu uma vez mais no caso BES.
Agora o país regressa à normalidade e aos poucos regressam os políticos, os comentadores e “as malabarices de Passos”, como se refere o semanário Expresso à acção governativa. Um dos regressados foi o comentador Mendes que, depois de ter sido a corneta do governo, parece ter entrado na penumbra depois de ter anunciado a solução para o BES antes de tempo. Não soube guardar segredos e não lhe vão perdoar isso. Vai daí, reagiu e decidiu-se por uma pequena vingança. Ontem, no seu espaço de comentário na SIC, o comentador Mendes denunciou o “assalto fiscal” que o governo  tem conduzido, afirmando que “o IRS entre 2011 e 2014 teve 25 agravamentos”, que no mesmo período ”o IRC sofreu 12 agravamentos” e que  “houve 17 casos em que aumentaram taxas e impostos directos”. Se a este assalto fiscal somarmos o descontrolo da despesa pública, os inúmeros orçamentos rectificativos, a falta de investimento produtivo, a dívida pública de 134% do PIB, a persistência de um elevado desemprego e a desmotivação que tomou conta da Administração Pública, das Forças Armadas e de Segurança, dos professores, dos médicos, dos enfermeiros, dos operadores judiciais e de tantos outros servidores públicos, temos a prova de que o governo é uma barca a navegar sem rumo e sem comandante. É uma barca à deriva.
Dizia o comentador Mendes que “o caminho não é este”. Ora aí está uma conclusão acertada, embora tardia!

O indesejável turismo da borracheira

Há um novo modelo de turismo que está a alastrar na Europa e que vem mobilizando os jovens, especialmente aqueles de menores recursos e que corre à margem dos tradicionais circuitos das agências de viagens. Esses jovens turistas tratam de tudo pela internet, usam como bagagem uma simples mochila, voam em companhias low cost e alugam casas ou apartamentos baratos e, muitas vezes, de arrendamento ilegal. Aparentemente não viajam para descansar nem para conhecer outras culturas. Viajam apenas para se divertir de um modo insólito e de fuga ao vazio que a sociedade lhes oferece, mas os seus comportamentos colidem muitas vezes com os direitos e o conforto dos moradores dos locais onde se instalam. Como características principais dos seus comportamentos estão o ruído durante a noite e o deambular pelas ruas em estado de quase coma alcoólico de gente que vomita e urina por todo o lado, que usa o espaço público como lixeira, que pratica o pequeno furto, que expõe a sua nudez e abusa da libertinagem sexual na via pública e que, não raras vezes, se confronta ou até agride os moradores. Tudo isto é perturbante para quem vive nesses bairros, além de se traduzir na criação de uma imagem negativa daquele local, o que tende a afastar o turismo de maior poder aquisitivo.
O fenómeno está acontecer em diversas cidades europeias, mas foi Barcelona e em particular o Bairro de Barceloneta que deu o alarme, que denunciou o “turisme de borratxera” e que veio para a rua protestar. A imprensa catalã, nomeadamente o diário ara, associou-se ao protesto. De resto, a Espanha  pode ser um dos países a sofrer as consequências económicas da quebra no turismo de qualidade pois as televisões europeias já trataram de divulgar os excessos de Ibiza, Magaluf, Barcelona, Barceloneta, Calella, Gandia ou Lloret de Mar, o que não deixará de ter consequências. E aqui como será?

 

Cuidado: não se metam com a Rússia

Nos últimos dias aumentou a tensão política e agravou-se a situação militar nas regiões do leste da Ucrânia que são controladas pelos independentistas pró-russos, havendo notícias de muitos combates, muitos bombardeamentos, muita destruição, abate de aviões e mais de 2.600 mortos. Não parecia, mas é a brutalidade da guerra no território europeu.
Tudo começou há meia dúzia de meses quando o centro de Kiev se tornou numa “zona de guerra” entre o governo ucraniano pró-russo e os manifestantes pró-ocidentais, com os dirigentes ocidentais a tomarem partido em vez de apaziguarem e procurarem uma solução consensual entre as partes. A Rússia não gostou desta “intervenção” na sua área de interesse estratégico e reagiu com firmeza, fazendo renascer o seu orgulho nacional ferido há mais de vinte anos.  As forças sociais pró-russas sentiram o seu apoio mais ou menos explícito, mobilizaram-se e armaram-se. À escalada verbal tem correspondido uma escalada militar e esse facto é demasiado preocupante. A guerra já está a mostrar que, na "civilizada" Europa, a guerra é a regra e a paz a excepção.
Apoiados por centenas de soldados ou voluntários russos, os separatistas parecem ganhar terreno e, depois de Donetsz e Lugansk, aproximam-se agora da cidade de Mariupol, ao mesmo tempo que se revela a impreparação das forças militares ucranianas e a enorme dependência e debilidade económica do país.
Como resposta a esta situação, os Estados Unidos e os seus aliados europeus pretendem o reforço das sanções económicas contra a Rússia, ao mesmo tempo que a NATO abre as portas à Ucrânia. Porém, o território ucraniano corresponde a uma área de vital interesse estratégico da Rússia que parece não abdicar do apoio aos separatistas e, inclusivamente, Vladimir Putin veio avisar o governo de Kiev, bem como os seus aliados onde pontifica o nosso valente Barroso, com um expressivo “não se metam com a Rússia”.
Ora, como como tem sido reconhecido, a solução deste conflito é política e não militar, como também já reconheceu Federica Mogherini, a indigitada Alta Representante para a diplomacia europeia.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Os cães atentam contra a saúde pública

A revista Visão decidiu destacar como tema principal de reportagem da sua última edição os “novos filhos” de estimação, isto é, aquela conceituada revista parece ter colocado em idêntico patamar, ou em alternativa, os filhos dos leitores e os seus cães. 
Sendo muito grave o problema da natalidade em Portugal, a simples ideia de haver “novos filhos” já é preocupante. Até há pouco tempo, a posse de um cão era um fenómeno típico dos meios rurais e suburbanos para guarda, para companhia ou para caça, mas nos últimos anos acentuou-se a sua utilização para outras funções de grande utilidade social, designadamente como cães-guia e cães-polícia, embora a companhia continue a ser a sua função mais procurada, parecendo que há cada vez mais famílias urbanas a adoptar um cão para cohabitar no seu apartamento.
Um estudo recente concluiu que há mais de três milhões de portugueses que possuem pelo menos um cão, o que representa quase 40% da população. O número impressiona e o número de portugueses que possuem um cão supera largamente aqueles que possuem outros animais em casa, estimando-se que metade dos lares portugueses possuem um ou mais animais de estimação, o que é o dobro da média europeia.
A adopção de um cão, por vezes com o estatuto de um quase como membro da família, é uma decisão soberana de cada cidadão. Tal como ter ou não ter filhos. Mas são coisas bem diferentes. Porém, o que está a acontecer nas nossas cidades, especialmente em Lisboa, é uma ocupação do espaço público pelos cães e pelos seus dejectos que constituem um atentado à saúde pública, numa afirmação de grosseira incivilidade da parte dos seus donos e, nos espaços verdes onde em tempos brincaram as crianças, hoje não é mais possível que outras crianças continuem a fruição desses espaços. Eu protesto apenas por isso!  

Que nos valha o desporto e... o Ronaldo

Numa época em que persiste o desalento pela nossa incapacidade colectiva e governativa para ultrapassar a persistente crise em que estamos mergulhados desde há muito tempo e em que aceitamos a constante humilhação a que nos sujeitam os nossos amigos europeus, o desporto costuma funcionar como válvula de escape.
Porém, este ano as coisas não tinham corrido bem até que Telma Monteiro, na passada semana, se sagrou vice-campeã mundial de judo pela quarta vez. Foi uma alegria desportiva e, ontem, voltamos a sorrir. Numa votação realizada no Mónaco durante a cerimónia do sorteio de grupos da Liga dos Campeões, os jornalistas desportivos europeus elegeram Cristiano Ronaldo e a UEFA proclamou-o como o Melhor Futebolista da Europa em 2014. Assim, ele realizou um feito inédito ao conquistar no mesmo ano a Bola de Ouro, a Bota de Ouro e o troféu do Melhor Futebolista da Europa e, como hoje escreveu o diário madrileno as, “como Cristiano no hay ninguno”.
Embora os feitos desportivos de Telma Monteiro e de Cristiano Ronaldo tenham diferente dimensão, ambos têm destaque nos media internacionais e contribuem para valorizar e acrescentar a nossa auto-estima. Ambos representam o prémio de um esforço continuado e persistente, a que os obriga a alta competição. Em nenhum outro plano, nomeadamente no campo político, temos tanta notoriedade e boa imagem internacional. A generalidade dos Barrosos e dos Constâncios, tal como dos Arnauts e dos Moedas, que ocupam cargos internacionais por quota e não por mérito, não nos dão este tipo de alegrias. Pelo contrário. Por isso, que nos valha o desporto e... o Ronaldo.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

A corrida presidencial no Brasil

Aproximam-se as eleições presidenciais no Brasil e, nesta margem do Atlântico, começa a aumentar o interesse sobre o que se passa e o que se vai passar no maior país de língua portuguesa, a que todos estamos ligados por razões históricas, emocionais e, muitas vezes, familiares.
Será no próximo dia 5 de Outubro que se disputará a 1ª volta dessas eleições em que, segundo têm revelado as sondagens, há três candidatos que estão melhor posicionados: a presidente Dilma Rousseff do Partido dos Trabalhadores (PT), o senador Aécio Neves do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e a ex-senadora Marina Silva do Partido Socialista Brasileiro (PSB), que substituiu o candidato Eduardo Campos, que perdeu a vida num acidente aéreo que aconteceu no dia 13 de Agosto. Essas mesmas sondagens apontam claramente para que nenhum candidato obtenha a maioria de 50% nessa 1ª volta e que será necessária a realização da 2ª volta no dia 26 de Outubro.
O primeiro debate entre estes candidatos realizou-se há poucas horas e, segundo informa a Folha de São Paulo e outros jornais, aconteceu o que é habitual neste tipo de debates em todo o mundo, isto é, cada candidato cumpriu a sua estratégia pessoal com confrontos directos contra o seu adversário principal e o seu passado político, para além de uma abordagem dos problemas que mais preocupam os eleitores brasileiros – a corrupção, a inflação, a instabilidade social, a economia e a pobreza persistente, entre outros. Nesta altura tudo ainda pode acontecer. Os brasileiros saberão escolher o candidato que querem ver em Brasília a ocupar o Palácio do Planalto, o edifício projectado por Oscar Niemeyer onde está instalada a sede do poder federal brasileiro, mas nós seguiremos esse processo com muito interesse.

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Circulando pelas lusas auto-estradas

A modernidade da nossa rede de auto-estradas é um facto que favorece a atracção de um intenso tráfego rodoviário, não só nacional mas também estrangeiro, em especial das vizinhas regiões espanholas da Andaluzia e da Galiza. Trata-se de um fenómeno natural por razões de interdependência económica, mas sobretudo por razões turísticas, havendo muitos milhares de viaturas galegas e andaluzas que atravessam a fronteira portuguesa para visitar o Minho ou o Algarve, ou vir conhecer Lisboa.
Na generalidade das auto-estradas paga-se portagem, que em alguns casos é demasiado cara, havendo diversos sistemas de pagamento assistido ou não assistido. Para o automobilista, a Via Verde é o mais cómodo sistema para atravessar as portagens com rapidez, mas a passagem por essa faixa exige um identificador associado a um cartão de crédito que a generalidade das viaturas estrangeiras não possui. Pois é por essa faixa que passam os infractores mais distraidos ou mais... espertalhões.
A imprensa galega, nomeadamente o diário La Voz de Galicia, veio hoje dar a notícia de que terá havido mais de 300 mil veículos, na sua maioria galegos, que foram identificados pelas concessionárias portuguesas – Brisa e Ascendi – por não terem pago a portagem quando circularam nas auto-estradas portuguesas. Serão cerca de onze milhões de euros! Porém, porque a infracção é captada fotograficamente e serve de prova em tribunal, já começaram a ser emitidas as respectivas multas enviadas para cobrança espontânea aos infractores ou para cobrança coerciva pelos tribunais espanhóis, nalguns casos acumuladas nos últimos anos e que já são de elevado valor, como acontece com uma empresa de transportes da Corunha que fez circular a sua frota pelas auto-estradas portuguesas sem fazer qualquer pagamento. E está feito o aviso: a Polícia portuguesa tem o registo on line das matrículas das viaturas infractoras e pode imobilizá-las até que paguem o que devem.

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

É preciso que se entendam na Ucrânia

A Ucrânia celebrou ontem o 23º aniversário da sua independência com iniciativas bem diferentes, a mostrar que a guerra é uma realidade e que o país está profundamente dividido. A capital Kiev foi embandeirada com as cores nacionais ucranianas e assistiu a uma grande parada militar, destinada a reforçar a unidade nacional, o moral das suas populações e a confiança nas suas forças militares, ao mesmo tempo que na cidade de Donetsk, a cerca de 600 quilómetros de distância, os combatentes pró-russos fizeram desfilar no centro da cidade algumas dezenas de prisioneiros ucranianos com as mãos atrás das costas e sob a ameaça de armas e os insultos da multidão, numa condenável atitude de grande humilhação, conforme documenta hoje o International New York Times.
A guerra não declarada oficialmente está no terreno há várias semanas e já terá causado mais de dois mil mortos, para além de muita destruição e de vagas de refugiados, devido aos constantes bombardeamentos ucranianos sobre as cidades de Donetsk e Lugansk. Sucedem-se os relatos independentes de atrocidades, de excessos e de humilhações cometidos por ambas as partes, a mostrar que a situação começa a ficar incontrolável. O governo ucraniano promete não ceder aos separatistas e desafia a Rússia, ao não autorizar a entrada de apoio humanitário nas regiões sublevadas do leste do país e ao não reconhecer a anexação da Crimeia. As duas partes em confronto têm amigos poderosos com interesses estratégicos na região e, por isso, é necessário que, antes que seja tarde, haja um entendimento entre Vladimir Putin e Angela Merkel e, naturalmente, entre as partes. 

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Quem semeia ventos, colhe tempestades

A imprensa mundial destacou hoje a notícia da execução de um jornalista americano algures no norte do Iraque, por um militante do Estado Islâmico (EI). As imagens divulgadas chocaram o mundo pela sua crueldade e, até no mundo islâmico, se começaram a levantar vozes a condenar o extremismo deste grupo radical que controla a região leste da Síria e o norte do Iraque. Os líderes religiosos e alguns dirigentes políticos islamitas, nomeadamente dos grandes países do Islão como a Indonésia, o Egipto e a Arábia Saudita, já se tinham manifestado contra a perseguição que estava a ser conduzida pelo EI contra as comunidades xiitas, cristãs e yazidis do norte do Iraque, mas também contra a crueldade das centenas de execuções que têm sido sadicamente concretizadas. Da mesma forma, também o Papa Francisco salientou que, nestes casos, em que há uma agressão injusta, é lícito “parar” o agressor injusto, mas esclarecendo que “parar” não significa bombardear ou fazer guerra. Por isso, alertou que "uma só nação não pode julgar como parar um agressor injusto" e que essa decisão deverá caber à comunidade internacional através das Nações Unidas.
A situação é muito preocupante e, sem que ainda haja uma Resolução das Nações Unidas, os Estados Unidos já regressaram ao Iraque, tal como a Rússia e o Irão, enquanto as potências europeias preparam a sua intervenção para "parar" os jihadistas islâmicos. Porém, é caso para perguntar quem financiou e armou o EI? Na cena internacional, tal como nas pequenas coisas da vida, quem semeia ventos (ou dolares) colhe tempestades.

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O grande musical regressa a Lisboa

Está anunciada para o princípio de Outubro a apresentação em Lisboa do musical “Cats”, uma das obras-primas de Andrew Lloyd Webber que é considerada como uma das maiores produções da Broadway e já foi vista por mais de 50 milhões de espectadores, em mais de 45 mil apresentações.
O espectáculo foi estreado em Maio de 1981 em Londres, tendo estado em cartaz no New London Theatre durante 21 anos e sido apresentado em Nova Iorque durante 18 anos consecutivos. Portugal foi um dos cerca de três dezenas de países que já receberam um dos mais famosos musicais alguma vez produzidos e que foi apresentado com grande sucesso em Lisboa e no Porto em 2004 e 2006.
O espectáculo conta a história de uma comunidade de gatos e é uma simbiose de grande qualidade estética dominado pela música e pelo bailado, que entusiasma os espectadores de todas as idades. A apresentação de “Cats” em Lisboa é uma oportunidade imperdível para quem ainda não assistiu a tão memorável espectáculo, embora a maioria dos espectadores venham a ser, provavelmente, aqueles que querem repetir a experiência por que passaram. Quem viu, não vai perder esta oportunidade! O regresso de “Cats” valoriza a oferta cultural da cidade de Lisboa e significa que há público para este tipo de espectáculos de grande qualidade, conforme os seus promotores certamente concluíram através do estudo de viabilidade económica que fizeram para minimizar o risco da sua iniciativa, apesar de todos as contrariedades conjunturais por que passamos.

domingo, 17 de agosto de 2014

Atletismo, frustações e a lusa bandeira


Terminaram hoje em Zurique os Campeonatos Europeus de Atletismo que foram dominados pela Grã-Bretanha, França e Rússia que só à sua conta arrecadaram 68 das 142 medalhas que eram disputadas por cinquenta países entre os quais Portugal, que foi representado por 44 atletas, o que constituiu a 11ª maior representação presente na competição. O atletismo português tem  um historial meritório nesta competição em que, desde o ano de 1982, conquistou 27 medalhas, sendo 11 de ouro, 11 de prata e 5 de bronze, pelo que foram alimentadas muitas e fundamentadas expectativas. Porém, tal como estre ano tem acontecido em outras modalidades desportivas e outras competições internacionais, o atletismo português ficou muito aquém das suas performances habituais e muito aquém do desejável, apesar dos responsáveis pelo nosso atletismo já terem manifestado o seu agrado pelos resultados, o que é mesmo para admirar. Em Zurique o destaque foi todo para Jessica Augusto que se classificou em 3º lugar na maratona e que, dessa forma, colocou Portugal entre os 27 países que ao menos conquistaram uma medalha, o que dessa forma atenuou a frustração dos adeptos portugueses.
E foi tão grande a nossa decepção desportiva que um dos momentos mais emocionantes da competição aconteceu quando o atleta francês Yohann Diniz terminou a sua prova vitoriosa dos 50 Km marcha e cortou a meta com… a bandeira portuguesa. A sua vitória, o seu novo record mundial e a inesperada homenagem que Diniz fez ao seu avô português deram a volta ao mundo e diversos jornais franceses escolheram a fotografia da sua chegada vitoriosa com a bandeira portuguesa, para ilustrar a sua edição de ontem. Infelizmente, só Jessica Augusto teve a oportunidade de também cortar a meta com a bandeira portuguesa.

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

O fanatismo e a teimosia foram travados

O Tribunal Constitucional veio ontem dar um puxão de orelhas ao governo ao chumbar, mais uma vez, o corte das pensões que a equipa de Passos se propunha concretizar, numa lógica de insensibilidade e de irresponsabilidade social, que ataca os reformados e os pensionistas em vez de promover a efectiva reforma do Estado, de acabar com o despesismo em viagens e viaturas oficiais, de parar com a contratação de assessores, seguranças, motoristas e fazer muitas mais coisas que devia fazer. Neste caso, o fanatismo e a teimosia governamentais foram travados e o banhista da Manta Rota perdeu mais uma batalha na guerra que declarou aos pensionistas. 
Desde que este governo tomou posse em Junho de 2011 que o tema das pensões se tornou tão repetitivo anualmente que não pode ser outra coisa que não seja fanatismo e obcessão do primeiro Passos e dos seus ajudantes neo-liberais, verdadeiros ignorantes da realidade portuguesa. Já são mais de 3 anos de perseguição! Todos nos lembramos do que foi dito e repetido pelo candidato Passos, no tempo em que ainda passava férias na Manta Rota sem a corte de seguranças que agora o protegem, quando anunciava que tinha estudado tudo e nos garantia que não haveria cortes nos salários nem nas pensões. Mentiu e eu não gosto de mentirosos! E é bem curiosa a desfaçatez desta gente mentirosa ao insistir no ataque às pensões, que muito contribuem para a economia nacional, ao mesmo tempo que se colocam à margem da “tempestade perfeita” que se desenha com a crise do BES, mentindo descaradamente com o trocadilho do GES e do BES e procurando sacudir a água do capote, a revelar não ter aprendido as lições do BPN.

domingo, 10 de agosto de 2014

É proibitiva a visita aos nossos museus

Uma das mais sugestivas atracções culturais que a cidade de Lisboa oferece aos seus residentes é uma panóplia de mais de cinco dezenas de museus de índole muito variada, que vão desde os grandes espaços museológicos como o CCB ou a FCG, até aos museus de arte que possuem colecções de pintura, escultura e artes decorativas, passando pelos museus temáticos, as casas-museu e os museus das fundações. Uma dezena e meia desses museus são tutelados pelo Estado através da Direcção Geral do Património Cultural (DGPC) e são geridos pelo Instituto dos Museus e da Conservação (IMC). Esta alargada oferta museológica prestigia a cidade de Lisboa e o seu passado histórico e cultural. Muitos lisboetas incorporaram a visita aos museus nos seus roteiros domingueiros, porque o ingresso era gratuito. A vida cultural da cidade enriqueceu-se porque os museus são espaços que transmitem valores, que despertam memórias e que interagem com a contemporaneidade. A DGPC acompanha essa visão e informa que “os museus e os monumentos são lugares únicos que nos proporcionam experiências memoráveis e uma aprendizagem indispensável à formação da identidade”.
Durante muitos anos habituei-me a levar os meus filhos aos museus aos domingos de manhã, aproveitando a gratuitidade das entradas e, dessa forma, procurei contribuir para a formação da sua identidade cultural e dos seus valores. Muitos outros lisboetas beneficiaram desse bónus da política cultural. Porém, hoje fui surpreendido na visita que fiz à exposição permanente do Museu Nacional de Arte Antiga e à exposição temporária “Os Sabóias. Reis e Mecenas (Turim 1730-1750)”, com a obrigação de pagar bilhetes de 6 euros em cada uma das exposições. Senti-me assaltado, até porque nunca visito os museus sozinho. A ânsia governamental de empobrecer os portugueses, até aproveita as visitas dominicais aos museus. Nada lhes escapa. Agora, a generosidade das visitas gratuitas só acontece um domingo em cada mês. Um dia até os encerram porque não são lucrativos ou decidem privatizá-los como fizeram com a EDP e os CTT. Será que eles sabem o que é e para que serve um museu?
 

A nova guerra do Iraque

No início do ano de 2003 circulou uma informação falsa que George W. Bush e Tony Blair tomaram como verdadeira, que assegurava que o regime de Sadam Hussein estava a desenvolver armas de destruição maciça que ameaçavam a paz e a segurança mundiais. Nesse contexto, uma coligação de forças americanas, inglesas e de alguns dos seus aliados iniciou no dia 20 de Março de 2003 a invasão do Iraque a partir do Kuwait e, ao fim de três semanas, essas forças entraram em Bagdad. O regime de Sadam Hussein caiu e, em Dezembro de 2004, ele próprio foi capturado. A coligação liderada pelos americanos ocupou o país e procurou estabelecer um regime democrático segundo o modelo ocidental, mas não conhecia o país. Assim, viu-se confrontada com um clima de desordem e de guerrilha em que se combatiam sunitas e xiitas, ao mesmo tempo que se reforçava a influência da jihad ou das jihads, mais ou menos inspiradas na Al-Qaeda. Aos poucos os parceiros da coligação foram abandonando o Iraque e, em Dezembro de 2011, também os Estados Unidos deram por terminada a sua presença no país. Foi a partir de então que a situação se deteriorou mais rapidamente e que surgiu o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), um grupo jihadista radical que conseguiu recrutar milhares de combatentes e que, em pouco tempo, domina partes importantes dos territórios sírio e iraquiano, incluindo a maior central hidroelétrica iraquiana, que assegura o abastecimento de água e de electricidade para grande parte do país. A brutalidade dos seus métodos tem impressionado o mundo e a palavra genocídio entrou no noticiário internacional. Nesse quadro, o presidente Obama decidiu lançar os seus aviões contra as forças jihadistas com o objectivo humanitário de proteger as minorias religiosas iraquianas, mas também para impedir a progressão das forças do EIIL em direcção a Bagdad, prevenindo desde logo os americanos e o mundo que a intervenção será demorada. Os mass media internacionais já falam na nova guerra do Iraque, um país onde a intervenção americana tem produzido um nível de tragédia como o país nunca vira na sua história recente.

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

No Reino Unido o exemplo vem de cima

É sabido que os membros masculinos das casas reais europeias têm uma importante parte da sua educação assente na formação militar, passando habitualmente pela sua incorporação activa nos três ramos das Forças Armadas. Esse facto é particularmente notório no Reino Unido, onde os elementos masculinos da Casa de Windsor frequentam as escolas militares e prestam serviço em diferentes unidades militares. Esta atitude inspira-se no exemplo cívico da Rainha Isabel II que durante a 2ª Guerra Mundial serviu no Auxiliary Territorial Service, durante os bombardeamentos alemães sobre algumas cidades inglesas.
Assim, o exemplo vem de cima e os deveres de cidadania são assumidos pelos príncipes. O seu filho Andrew é comandante da Royal Navy e serviu como piloto de helicópteros na guerra das Falklands, tendo voado em várias missões militares de alto risco e de evacuação de feridos nesse teatro de operações. O seu neto Harry pertenceu ao regimento Household Cavalry e esteve no Afeganistão a combater os talibãs durante dois meses, integrado nas forças expedicionárias britânicas. O outro neto da Rainha é o príncipe William, que é o segundo na linha de sucessão ao trono e que se qualificou em 2010 na RAF, tendo servido como piloto de helicópteros no serviço de busca e salvamento e realizado 156 missões operacionais e resgatado 149 pessoas.
Agora, um ano depois de ter deixado a RAF, o príncipe William decidiu aceitar um convite para voltar a voar ao serviço de uma empresa privada – Bond Air Services – a quem está adjudicado o East Anglian Air Ambulance, isto é, as missões de serviço público de transporte em ambulância aérea de doentes e feridos. A notícia foi divulgada pela CNN e é a primeira vez que um membro da Família Real Britânica aceita um emprego civil, embora o seu salário vá reverter na sua totalidade e por sua iniciativa pessoal para instituições de caridade. É com estes exemplos de devoção à causa pública que a Monarquia Britânica sobrevive.    

A banca e os banqueiros sob suspeita

No passado dia 3 de Agosto o país foi informado das decisões tomadas relativamente ao Banco Espírito Santo (BES) e da intervenção do Banco de Portugal (BP): o fim do BES e a separação entre os chamados activos problemáticos (banco mau) e os restantes activos e passivos que serão integrados no Novo Banco (banco bom), o qual iria receber um empréstimo público de 4.900 milhões de euros.  Menos de 24 horas depois do anúncio do fim do BES, o governo decidiu falar para colher os méritos se a coisa correr bem e para sacudir a água do capote se a coisa correr mal. Assim, através da ministra das Finanças que foi à televisão elogiar o governador do BP e explicar a operação, o governo veio assegurar que “este empréstimo não tem risco para os contribuintes”.
Muitos comentadores e alguns porta-vozes dos partidos da maioria trataram de elogiar a solução encontrada num fim de semana de Verão, com o primeiro-ministro de chinelos e calções na algarvia Mantarota (com um enorme cordão de segurança que a televisão não conseguiu esconder), enquanto o governo dirigido pelo irrevogável ministro se reunia por via electrónica para tratar de um assunto destes, como se fosse coisa menor.
Foi dito que a operação não implicava custos para o erário público e que os clientes iriam poder realizar junto do novo banco todas as operações que antes realizavam junto do BES. Porém, houve muita gente que não foi nesta conversa e que, logo na dia 4, correu para os balcões do seu ex-BES para levantar as suas poupanças, tendo havido 200 milhões de euros que nesse dia transitaram para a Caixa Geral de Depósitos (CGD), conforme revela a edição de hoje do Público. No 1º semestre do ano o BES já tivera uma redução de 310 milhões de euros no seu volume de depósitos e, ao longo do mês de Julho, o movimento de contas particulares do BES para a CGD foi muito assinalável, nele se incluindo o já famoso levantamento de 128 milhões de euros feito pela Portugal Telecom. Afinal, parece que ninguém confia no ex-BES e que pouca gente confia no paleio do governo e do BP, nem na história do banco bom. Tudo isto é muito mau e começa a ser evidente que a factura vai sobrar para o pessoal do costume. Sempre os mesmos de um lado e sempre os mesmos do outro deste teatro mentiroso. Uma tristeza e uma vergonha!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Memória da 1ª Guerra Mundial (1914-18)

Vários Chefes de Estado e outros altos representantes de mais de cinquenta países assinalaram ontem na Bélgica o centenário do início da 1ª Guerra Mundial, na qual pereceram cerca de 17 milhões de pessoas, entre militares e civis.
Embora a guerra tivesse começado com a invasão da Sérvia pelos exércitos austro-húngaros (28 de Julho), foi a invasão da Bélgica e a declaração de guerra da Alemanha à França (3 de Agosto) e o consequente envolvimento britânico (4 de Agosto), que aceleraram o desenrolar do conflito. Por isso, a efeméride foi especialmente evocada na Bélgica, em França e no Reino Unido, embora tivesse interessado muitos outros países, entre os quais Portugal, onde a comunicação social promoveu diversas iniciativas com destaque para o suplemento diário que o jornal Público vem publicando desde 28 de Julho sobre “os 100 anos da I Guerra Mundial”.
Nas cerimónias realizadas em Liége foi recordada a invasão alemã que desencadeou o conflito na frente ocidental, tendo o presidente francês agradecido à Bélgica a resistência de Liége que retardou a entrada das tropas alemãs no território francês. Outros discursos inspiraram-se nas “lições da História” e lembraram a enorme catástrofe que foi a guerra que varreu a Europa entre 1914 e 1918, tendo algumas vozes apelado para a necessidade do velho continente não optar pela indiferença relativamente aos conflitos que actualmente acontecem na Ucrânia, no Iraque, na Síria ou em Gaza, mas antes escolher uma intervenção pacificadora. Por razões diplomáticas não foi dito que, pior do que a indiferença, é tomar partido com o indisfarçado objectivo de vender armas ou de tomar posições no jogo do petróleo naquelas regiões.
Portugal também entrou na guerra a partir de 9 de Março de 1916 quando a Alemanha decidiu fazer uma declaração de guerra ao nosso país, embora nessa altura já decorressem operações militares na fronteira sul de Angola e na fronteira norte de Moçambique.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Depois do BPN, a surpresa veio do BES

Ontem, eram quase 23 horas, quando o governador do Banco de Portugal veio à televisão anunciar as medidas adoptadas para ultrapassar a crise do BES, um problema que até há bem pouco tempo ninguém tinha detectado, nem percebido, nem imaginado.  Como regulador, o Banco de Portugal esteve ausente e nunca foi capaz de identificar as contabilidades criativas, as práticas fraudulentas e as operações de branqueamento de capitais, nem no BES, nem nos outros bancos. Corre tudo entre oficiais do mesmo ofício ou entre amigos. Gente de confiança. Colegas de faculdade ou de partido. Apesar do fumo que até os cegos viam...
Porém, há menos de um mês, o Banco de Portugal veio dizer que a situação de solvabilidade do BES era sólida e que tinha sido reforçada com o recente aumento de capital. Mesmo há poucos dias, quando a coisa se começou a saber, com referências a irregularidades, gestão danosa e prática de ilícitos, ainda houve quem nos tivesse impingido aquela história de que o BES e o GES eram coisas diferentes e que todos podíamos estar descansados. Um deles foi o primeiro Passos, agora em banhos no Algarve. O BES merecia toda a nossa confiança. Afinal, ontem fomos informados que a coisa é muito grave, possivelmente mais grave que o caso BPN pelos impactos directos e indirectos que tem na economia, mas foi-nos dito e repetido que “esta operação não implica custos para o erário público”, embora a mesma coisa nos tivesse sido dita quando do caso BPN.
Se a minha surpresa foi grande com a notícia do afundamento do BES e com mais uma escandalosa demissão do Banco de Portugal, igual surpresa tive ontem com a enorme quantidade de especialistas que passaram pela televisão a explicar tudo, sem quaisquer dúvidas ou hesitações. Foram dezenas deles que, nada tendo visto antes, nos apareceram ontem como verdadeiros gurus das artimanhas bancárias. Desde o Marques Mendes ao Marcelo RS, passando pelos muitos jornalistas-comentadores que nada viram antes e que, quem sabe, também fizeram férias na neve à custa do BES. Ninguém se interrogou sobre o destino que tiveram tantos milhares de milhões de euros que têm sido roubados e que têm servido para que alguns enriqueçam, ao mesmo tempo que nos acusam de vivermos acima das nossas possibilidades.
Como diria Pessoa: Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!
 

domingo, 3 de agosto de 2014

Tripoli já está a arder!

Ao longo de 2011, a França e os Estados Unidos encabeçaram o ataque ao regime líbio que venceram com os seus mísseis. Kaddafi acabou por ser capturado e morto em Outubro de 2011, mas as rivalidades que, desde 1969, o seu regime geria com mão de ferro permaneceram no terreno e, segundo as notícias da imprensa internacional, agravaram-se nas últimas semanas a confirmar que o derrube do regime de Muammar Kaddafi não resolveu os graves problemas internos líbios e que o país passou de uma regime de ditadura para uma situação de caos absoluto.
Os grupos extremistas islâmicos nascidos dos antigos grupos rebeldes que lutaram contra Kaddafi e que parecem continuam a receber apoios do Qatar, da Turquia, dos Estados Unidos e de alguns países ocidentais, bem como o reforço das suas hostes com combatentes vindos da Síria, já provocaram a desagregação do Estado líbio. Vieram de Benghazi e de Misrata e chegaram a Tripoli. Os combates nos arredores da capital aumentaram de intensidade desde meados de Julho e, nos últimos dias, têm-se agravado com uma acesa luta pelo controlo do aeroporto internacional de Tripoli, onde já morreram centenas de pessoas. Há duros combates e muitos incêndios nas ruas de Tripoli e os hospitais estão destruídos. Neste quadro de guerra, sucedem-se as notícias do encerramento temporário de muitas das 76 embaixadas e consulados estrangeiros na Líbia – casos de Portugal, Estados Unidos, Arábia Saudita, França, Alemanha, Holanda, Austria, Grécia, Suiça, Espanha, República Checa, Reino Unido  e outros – bem como a notícia da evacuação de centenas de cidadãos estrangeiros que se encontravam no país.
Esta situação, muito semelhante a outras que nasceram a partir de 2009 com a chamada Primavera Árabe, revelam como foi errada a intervenção dos Estados Unidos e dos seus aliados europeus. Os seus estrategas não perceberam que alguns ditadores, casos de Sadam Hussein, Bashar el-Assad e Muammar Kaddafi, eram os estabilizadores políticos e representavam a autoridade tribal das suas regiões, pelo que o seu afastamento iria provocar a desestabilização, a desagregação e a guerra no Iraque, na Síria e na Líbia. Além de Bagdad e Damasco, também Tripoli já está a arder.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Os bons amigos do pequeno Moedas

Carlos Moedas com os seus amigos da troika
O nosso primeiro Passos deu hoje um valente pontapé no bom senso e no sentimento reformista ou regenerador dos portugueses, ao anunciar que convidara Carlos Moedas para ser o próximo comissário europeu na equipa de Jean-Claude Juncker, que deve iniciar funções em Novembro. O assunto já era discutido há muito tempo e eram muitas as personalidades cujos nomes estavam “em cima da mesa”. Havia quem defendesse um nome do PS para suceder ao actual comissário do PSD, o que ajudaria à criação de uma lógica de rotatividade. Havia quem desejasse um nome que reflectisse o resultado das recentes eleições europeias. Havia na própria maioria vários nomes de gente experimentada, incluindo o poiares, o peneda, o gaspar e até o irrevogável portas. Havia necessidade de escolher alguém com notoriedade e prestígio, mas nada disso comoveu o primeiro Passos que decidiu escolher Moedas, um dos seus mais fanáticos apoiantes. Podia ter ido à política, à ciência, à universidade, mas foi à banca. Favor com favor se paga!
Moedas está associado às políticas neo-liberais que têm destruido o nosso Estado social, à severa austeridade que nos levou à recessão e aos erros que têm dominado a nossa governação e feito aumentar a dívida, o desemprego e a pobreza. Ele foi, juntamente com Gaspar, um verdadeiro Secretário de Estado da Troika e um dos maiores e mais persistentes inimigos dos pensionistas e dos funcionários públicos.
Moedas é um caso sério de ambição, atrevimento e arrogância. Aprendeu precocemente os labirintos da finança internacional e foi formatado na Goldman Sachs e noutros abutres similares. Não sei se é ou não competente nas funções que vai desempenhar, que ainda não se conhecem, mas são conhecidas dezenas de pessoas com mais currículo profissional e maior experiência política do que ele. O primeiro Passos escolheu-o. É uma troca de favores. A merecer repúdio. É um caso de amiguismo ou de troca de influências. Tal como aconteceu com Catroga, Gaspar, Arnaut e outros mais. É mais uma prova de que são sempre os mesmos a safar-se, enquanto o país se afunda. Vai juntar vinte mil notas por mês e vai mudar de nome: doravante não será mais Carlos Moedas. Será o Carlos Notas. O filho do Zé Moedas é pequeno de estatura, mas percebeu que o que é bom é ter amigos que até o levam de Beja até Bruxelas.