domingo, 31 de agosto de 2014

O indesejável turismo da borracheira

Há um novo modelo de turismo que está a alastrar na Europa e que vem mobilizando os jovens, especialmente aqueles de menores recursos e que corre à margem dos tradicionais circuitos das agências de viagens. Esses jovens turistas tratam de tudo pela internet, usam como bagagem uma simples mochila, voam em companhias low cost e alugam casas ou apartamentos baratos e, muitas vezes, de arrendamento ilegal. Aparentemente não viajam para descansar nem para conhecer outras culturas. Viajam apenas para se divertir de um modo insólito e de fuga ao vazio que a sociedade lhes oferece, mas os seus comportamentos colidem muitas vezes com os direitos e o conforto dos moradores dos locais onde se instalam. Como características principais dos seus comportamentos estão o ruído durante a noite e o deambular pelas ruas em estado de quase coma alcoólico de gente que vomita e urina por todo o lado, que usa o espaço público como lixeira, que pratica o pequeno furto, que expõe a sua nudez e abusa da libertinagem sexual na via pública e que, não raras vezes, se confronta ou até agride os moradores. Tudo isto é perturbante para quem vive nesses bairros, além de se traduzir na criação de uma imagem negativa daquele local, o que tende a afastar o turismo de maior poder aquisitivo.
O fenómeno está acontecer em diversas cidades europeias, mas foi Barcelona e em particular o Bairro de Barceloneta que deu o alarme, que denunciou o “turisme de borratxera” e que veio para a rua protestar. A imprensa catalã, nomeadamente o diário ara, associou-se ao protesto. De resto, a Espanha  pode ser um dos países a sofrer as consequências económicas da quebra no turismo de qualidade pois as televisões europeias já trataram de divulgar os excessos de Ibiza, Magaluf, Barcelona, Barceloneta, Calella, Gandia ou Lloret de Mar, o que não deixará de ter consequências. E aqui como será?

 

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