domingo, 3 de agosto de 2014

Tripoli já está a arder!

Ao longo de 2011, a França e os Estados Unidos encabeçaram o ataque ao regime líbio que venceram com os seus mísseis. Kaddafi acabou por ser capturado e morto em Outubro de 2011, mas as rivalidades que, desde 1969, o seu regime geria com mão de ferro permaneceram no terreno e, segundo as notícias da imprensa internacional, agravaram-se nas últimas semanas a confirmar que o derrube do regime de Muammar Kaddafi não resolveu os graves problemas internos líbios e que o país passou de uma regime de ditadura para uma situação de caos absoluto.
Os grupos extremistas islâmicos nascidos dos antigos grupos rebeldes que lutaram contra Kaddafi e que parecem continuam a receber apoios do Qatar, da Turquia, dos Estados Unidos e de alguns países ocidentais, bem como o reforço das suas hostes com combatentes vindos da Síria, já provocaram a desagregação do Estado líbio. Vieram de Benghazi e de Misrata e chegaram a Tripoli. Os combates nos arredores da capital aumentaram de intensidade desde meados de Julho e, nos últimos dias, têm-se agravado com uma acesa luta pelo controlo do aeroporto internacional de Tripoli, onde já morreram centenas de pessoas. Há duros combates e muitos incêndios nas ruas de Tripoli e os hospitais estão destruídos. Neste quadro de guerra, sucedem-se as notícias do encerramento temporário de muitas das 76 embaixadas e consulados estrangeiros na Líbia – casos de Portugal, Estados Unidos, Arábia Saudita, França, Alemanha, Holanda, Austria, Grécia, Suiça, Espanha, República Checa, Reino Unido  e outros – bem como a notícia da evacuação de centenas de cidadãos estrangeiros que se encontravam no país.
Esta situação, muito semelhante a outras que nasceram a partir de 2009 com a chamada Primavera Árabe, revelam como foi errada a intervenção dos Estados Unidos e dos seus aliados europeus. Os seus estrategas não perceberam que alguns ditadores, casos de Sadam Hussein, Bashar el-Assad e Muammar Kaddafi, eram os estabilizadores políticos e representavam a autoridade tribal das suas regiões, pelo que o seu afastamento iria provocar a desestabilização, a desagregação e a guerra no Iraque, na Síria e na Líbia. Além de Bagdad e Damasco, também Tripoli já está a arder.

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