terça-feira, 23 de setembro de 2014

O ‘não’ escocês e as aspirações catalãs

O resultado do referendo escocês que reafirmou a unidade do Reino Unido e rejeitou a independência da Escócia foi um acontecimento importante que descansou o nervosismo de muita gente nas ilhas Britânicas, que não sabia o que fazer se o resultado fosse outro. Entretanto, houve muita gente, quer no Reino Unido, quer na União Europeia, que decidiu descansar sobre o resultado do referendo escocês, pensando que tinham arrefecido as tendências separatistas, independentistas ou descentralizadoras que se têm manifestado em vários países europeus mas, provavelmente, para esses movimentos aconteceu que o resultado da Escócia correspondeu apenas a uma batalha perdida e que “a guerra não está perdida”.
A Catalunha é um exemplo da vontade que se reforçou depois do referendo escocês, com a exigência da realização de um referendo semelhante que se realizou no passado dia 18 de Setembro. Assim, será uma enorme ingenuidade pensar que as aspirações autonomistas catalãs, tal como as de outras regiões, vão desaparecer por causa da Escócia, até porque o actual ambiente de recessão e de austeridade europeia muito contribui para as causas separatistas.
Por isso, o atraente grafismo da capa do diário madrileno ABC induz nos seus leitores a ideia que o processo catalão está em perda e que a consulta popular que milhares de pessoas reivindicam nas ruas, se diluiu com o resultado escocês. Porém, essa é apenas uma opinião do jornal, pois a realidade parece ser outra. De resto, o diário ABC que é um dos maiores jornais espanhóis e que é conhecido pela sua qualidade jornalística, mas também pelas suas tendências conservadoras, apoio à monarquia e defesa da unidade da Espanha, não está a fazer outra coisa que não seja o cumprimento da sua cartilha ideológica e a procurar formar em vez de informar os seus leitores.

Sem comentários:

Enviar um comentário