sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Jordi Savall ressuscitou a música antiga

O musicólogo, músico e maestro catalão Jordi Savall renunciou ao Prémio Nacional de Música que lhe foi atribuído pelo governo espanhol, num acto de protesto contra a política cultural do governo de Mariano Rajoy, que acusou de “irresponsabilidade e incompetência” na defesa das artes. Muitos jornais espanhóis deram destaques de primeira página a esta notícia, associando-a aos problemas políticos por que passa a Catalunha, mas Savall veio esclarecer que a sua atitude tem a ver com a esfera cultural e não com a esfera política.
Jordi Savall é uma referência mundial nos domínios da música medieval, renascentista, barroca e clássica, tendo-se dedicado desde há mais de quarenta anos à recolha e preservação do património musical hispânico e mediterrânico, quer como investigador, quer como intérprete. Fundou diversos grupos musicais, dos quais o mais famoso é o Hespèrion XX/XXI, que criou com a sua mulher Montserrat Figueras, recentemente falecida. Editou mais de duas centenas de discos com repertórios de música antiga, em que se destacam as suas interpretações com viola de gamba, tendo acumulado inúmeros prémios internacionais, nomeadamente um Grammy, tendo-lhe sido atribuído o Prémio Léonie Sonning 2012, que é considerado o Prémio Nobel da Música. É doutor honoris causa por diversas universidades, incluindo a Universidade de Évora.
No passado dia 19 de Outubro o músico esteve em Lisboa num concerto na Fundação Calouste Gulbenkian mas, alguns dias antes, o espectáculo estava esgotado e não havia um só bilhete disponível. No próximo dia 4 de Novembro, Jordi Savall regressa a Portugal e vai apresentar-se na Casa da Música no Porto. Ainda há alguns bilhetes disponíveis nas últimas filas do auditório.

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Viagens ao México e propaganda pessoal

O cidadão Paulo Portas preside ao seu partido desde 1998 mas nunca conseguiu transformá-lo noutra coisa que não seja um pequeno partido ou um partido-muleta em que se apoia o PSD para formar maiorias de governo. Embora o cidadão Portas não passe de uma figura de segundo plano na política portuguesa, tem tido uma notoriedade e uma importância políticas demasiado  desproporcionadas em relação ao seu peso eleitoral. Cansa vê-lo e cansa ouvi-lo, sobretudo quando exibe ares de estadista e tiques de espertalhão, ou quando insinua que defende Portugal como ninguém, o que não é verdade.
Quando em Julho de 2013 apresentou o seu irrevogável pedido de demissão, porque ficar no governo seria um acto de dissimulação, parecia dar por findo o seu período de incessantes viagens por todo o mundo, que o tinham transformado num verdadeiro frequent flyer. Mas não resistiu e ficou. Deu o dito por não dito, envergonhando aqueles que nele tinham votado. Ainda lhe encomendaram a reforma do Estado, mas não foi capaz. O que ele quer é viajar, sobretudo quando são os outros a pagar. São difíceis de enumerar os países por onde o tem viajado, pois vão da China à Turquia, de Moçambique ao Brasil, da Índia a Angola. Sempre acompanhado por dezenas de empresários e, certamente, por alguns amigos jornalistas. Coleccionando comendas. Vendendo dívida e vistos gold. Inaugurando ginásios. Oferecendo as empresas portuguesas a interesses e dinheiros mais ou menos obscuros.
Agora o irrevogável voltou ao México com uma comitiva de mais de cinco dezenas de empresas, apregoando que Portugal é um sucesso nas economias europeias, como se os mexicanos não soubessem que não somos nada disso. Assinaram-se contratos já antes negociados, apenas para alimentar a sua propaganda pessoal. Não é sério fazer isso. Acabou por ouvir dizer que Portugal investe pouco no México e por ser ignorado por Carlos Slim.
Porém, numa lógica de custo-benefício, é necessário saber quanto têm custado todas estas viagens aos contribuintes portugueses e que benefícios reais têm trazido ao nosso país. Como contribuinte, os discursos da propaganda não me tranquilizam. É urgente que essa análise seja feita e se conheça a verdadeira dimensão desta continuada operação de propaganda.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Ronaldo é o nosso mais famoso cidadão

Na sua imparável afirmação à escala global que é alimentada por uma auto-promoção sem paralelo no planeta, a indústria do futebol e a imprensa que a serve vão alimentando os entusiasmos dos adeptos e assegurando a sua viabilidade com as mais diversas iniciativas. A atribuição de prémios é uma delas e acontece um pouco por toda a parte, sendo de destacar a Bota de Ouro da UEFA, atribuída anualmente ao melhor marcador dos países membros da UEFA e a Bola de Ouro da FIFA, também atribuída anualmente ao melhor jogador de futebol do mundo. Para além destes dois prestigiados e cobiçados prémios de âmbito internacional, a imprensa desportiva e outras entidades tratam de criar prémios nacionais.
No caso da Espanha, a Liga de Fútbol Profesional (Liga BBVA) atribui todos os anos diversos prémios aos futebolistas que mais se destacaram, através do voto dos três capitães de cada equipa da Liga. Ontem, realizou-se a habitual e imponente cerimónia da entrega dos onze prémios relativos à época de 2013-2014: o melhor jogador, o melhor guarda-redes, o melhor defesa, o melhor médio defensivo, o melhor médio de ataque, o melhor avançado, a revelação, o melhor treinador, o melhor africano, o melhor americano e o melhor golo. Pois Cristiano Ronaldo não ganhou um, mas três troféus – o melhor jogador, o melhor atacante e o autor do melhor golo. No Museu CR7 na cidade do Funchal já se encontram 145 troféus. Passam a ser 148. Como aqui temos referido algumas vezes, ele é o mais famoso português da actualidade.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Afeganistão: o elevado preço da guerra

Na sequência do ataque de 11 de Setembro de 2001 às Torres Gémeas e da recusa do regime talibã em fazer a entrega aos americanos dos líderes da Al-Qaeda instalados no Afeganistão, os Estados Unidos decidiram atacar o regime afegão com o alegado objectivo de encontrar Osama bin Laden. Assim, no dia 7 de Outubro de 2001, os americanos e alguns países ocidentais que se lhes juntaram, começaram a bombardear o Afeganistão, enquanto no terreno actuavam as forças afegãs da Aliança do Norte, adversárias do regime talibã. A intervenção americana foi feita sem qualquer mandato das Nações Unidas, mas como os talibãs depressa perderam Cabul, logo o Conselho de Segurança das Nações Unidas decidiu criar uma Força Internacional de Assistência para a Segurança (ISAF) para intervir no Afeganistão que veio a ser comandada pela NATO. A partir de então aumentou o número de países que destacaram forças militares para o Afeganistão e, em Dezembro de 2008, o ISAF já tinha no terreno mais de 50 mil militares de 41 países, provenientes sobretudo dos países da NATO.
Os Estados Unidos chegaram a ter 68 mil soldados no terreno e até Portugal, apesar de todas as dificuldades económicas e financeiras por que tem passado, decidiu destacar forças para o Afeganistão na lógica do "bom aliado".
Segundo a generalidade dos comentadores a situação afegã está controlada pelas suas forças políticas e militares democráticas. Por isso, a Holanda tornou-se em 2010 o primeiro membro da NATO a retirar as suas tropas do Afeganistão. Agora, foi o Reino Unido, que tendo sido a segunda presença mais numerosa no terreno com 9500 soldados e que já tinha reduzido a sua força para 5200 militares, veio anunciar que vai retirar definitivamente as suas forças do Afeganistão. Naturalmente, a impresa britânica deu grande destaque a essa notícia e, na sua primeira página, a edição do Daily Mirror fez o balanço da intervenção britânica no Afeganistão, salientando que finalmente a guerra está a terminar e que, depois de 13 anos, as forças britânicas tiveram 453 mortos e 2188 feridos, para além de um gasto de 37 mil milhões de libras, algo mais do que sucedeu na guerra das Falklands. Um preço muito elevado, indeed!

sábado, 25 de outubro de 2014

Que o Brasil escolha com sabedoria

Amanhã, cerca de 141 milhões de brasileiros vão escolher o Presidente da República que dirigirá o país durante os próximos 4 anos. O candidato que for eleito vai ter sobre os seus ombros a condução do mais importante país da América Latina que é uma referència na comunidade internacional e que é o quinto mais extenso e o quinto mais populoso país do mundo, que também é a sexta maior economia do mundo.
O Brasil é o país do futebol e do carnaval, mas também é um país de sofisticadas tecnologias nas indústrias aeronáuticas, aeroespaciais e petroquímicas, sendo o maior produtor sul-americano de automóveis, um grande produtor agro-industrial e um pioneiro mundial na exploração petrolífera em águas profundas. Porém, o Brasil também exibe a outra face da moeda, em que se destacam as enormes desigualdades sociais, os acentuados desequilíbrios regionais e os elevados níveis de corrupção.
Segundo indicam as sondagens, os dois candidatos que amanhã se defrontam – Dilma Rousseff e Aécio Neves – estão tecnicamente empatados. Por isso, ainda há um certo grau de incerteza quanto ao provável vencedor, mas a radicalização dos discursos e das propostas feitas durante a campanha eleitoral levaram a uma acentuada bipolarização do eleitorado e da sociedade brasileira, embora se espere que o vencedor tenha a sabedoria bastante para rapidamente unir todos os brasileiros em torno de ideais, valores e projectos comuns. A bem do progresso, da democracia e do bem-estar de todos os brasileiros.
Muitos portugueses vão acompanhar com interesse o que vai acontecer amanhã no país de Machado de Assis, Santos Dumont, Jorge Amado, Oscar Niemeyer, Pelé e Ayrton Senna. Uns torcerão por Dilma Rosseff e outros por Aécio Neves. Eu confio na sabedoria dos brasileiros e na sua escolha, esperando também que o novo Presidente da República saiba manter e reforçar os laços históricos, culturais e afectivos que unem o Brasil e Portugal.

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A luta por Kobani continua muito acesa

O cerco à cidade síria de Kobani já se prolonga há várias semanas e as notícias que nos chegam são muito contraditórias, pois enquanto algumas delas nos informam que os sitiantes jihadistas estão a perder terreno, outras asseguram que a resistência curda que defende a cidade está a chegar aos limites. Porém, a intervenção da aviação aliada parece ter alterado a situação no terreno, assim como a recente autorização turca para que os reforços curdos pudessem juntar-se aos resistentes de Kobani.
As televisões mostraram que a ajuda aliada está a chegar à cidade pelo ar, mas também mostraram que alguns dos lançamentos efectuados cairam em mãos erradas, o que revela que a área controlada pelas forças curdas é muito restrita.
Porém, um retrato da violência que está a passar por Kobani encontra-se hoje em vários jornais internacionais, designadamente na edição do USA TODAY. A partir de Yumurtalik, uma aldeia situada no lado turco da fronteira, o fotojornalista Bulent Kilic da Agência France-Presse captou imagens do monte Tilsehir, sobranceiro à cidade de Kobani, alguns momentos antes de ser atacada pela aviação americana e alguns momentos depois. É uma sequência de imagens impressionante, da qual o USA TODAY apenas publicou duas dessas fotografias na sua primeira página. A fotografia daquela colina na qual os jihadistas tinham hasteado a sua bandeira tinha corrido o mundo, pelo que a sequência agora divulgada é, no plano simbólico, uma pesada derrota para aquelas forças.

quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Paris está sempre na liderança cultural

No passado dia 20 de Outubro o Presidente François Hollande inaugurou em Paris, o novo edifício-museu da Fundação Louis Vuitton que foi projectado pelo arquitecto canadiano Frank Gehry. Segundo foi divulgado, a ideia deste projecto nasceu em 2001 quando os responsáveis da Fundação visitaram o Museu Guggenheim em Bilbau e decidiram entrar em contacto com o seu autor.
Passados estes anos, a inauguração do novo edifício constituiu um acontecimento relevante no panorama cultural francês, até porque os seus quase 120 mil metros quadrados demoraram sete anos a ser construídos. Segundo Frank Gehry, aquele espaço foi projectado para “criar em Paris um magnífico navio que simbolizasse a cultura francesa”. O jornal Le Parisien rendeu-se à arquitectura do novo edifício e em título de primeira página escreveu que “Paris é a cidade de todas as obras-primas”, o que sendo uma frase exemplar do famoso chauvinismo francês, não deixa de ser verdade.
O novo espaço é dedicado à criação e à arte contemporâneas e abre um novo capítulo na vida cultural francesa, tornando-se também num novo pólo de atracção na já riquíssima oferta cultural francesa.
Amanhã inicia-se o programa cultural que assinalará a abertura do museu ao público que ocorrerá no próximo dia 27, embora o programa da inauguração seja vasto e se desenvolva em três fases, entre Outubro de 2014 e Setembro de 2015, sempre com uma programação que inclui uma exposição, a apresentação de uma parte da coleccção do museu e um programa cultural específico. É com este tipo de iniciativas culturais que a França e a sua capital  se mantém na liderança cultural europeia e conseguem ser o principal destino do turismo internacional.

domingo, 19 de outubro de 2014

Espanha: o outro olhar sobre a corrupção

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Apesar de termos muitas afinidades culturais com nuestros hermanos, há que reconhecer que em muitas coisas, somos bem diferentes, provavelmente porque os portugueses são mais temperados pelo mar e os espanhóis são mais moldados por uma certa continentalidade. É fácil encontrar diferenças culturais entre os povos peninsulares e uma delas está na percepção do fenómeno da corrupção, que é encarado de forma diversa em Espanha e em Portugal.
Em Portugal há um conjunto de factores sociológicos, políticos e jurídicos que bloqueiam o tratamento deste tema no espaço público e, talvez por isso, as condenações por corrupção são raríssimas e o “processo Face Oculta”, que o Tribunal de Aveiro recentemente julgou, foi a excepção à regra. Todos “vemos, ouvimos e lemos” situações de pequena e grande corrupção, incluindo casos de enriquecimento ilícito ou de favorecimento ilegal, mas os jornais quase nunca falam deles, muitas vezes a coberto do “segredo de justiça”. Assim, os casos de corrupção de que o público tem notícia são raros e quase sempre ficam esquecidos nas gavetas ou absolvidos nos tribunais por falta de provas. Assim aconteceu ou está a acontecer com os casos Expo 98, Euro 2004, fundos comunitários, submarinos, PPP, privatizações, BPN, BPP e BES, entre outros. Em Espanha as coisas correm de forma diferente e os jornais tomam parte activa na denúncia dos casos de corrupção que envolvem políticos, banqueiros, empresários, sindicalistas, desportistas e muitos outras pessoas ditas famosas, não branqueando personalidades como Jordi Pujol, Rodrigo Rato ou Inaki Urdangarin. Calcula-se que a corrupção custa 10.000 milhões de euros anuais “robados cada año” aos espanhóis, isto é, cerca de 1% do PIB mas, actualmente, há cerca de 1.700 processos em curso e estão constituidos mais de cinco centenas de arguidos por crimes de corrupção.
De facto, os espanhóis assistem estupefactos e indignados ao frequente aparecimento de casos de corrupção que são transversais a toda a sociedade, mas vêem os seus nomes e as suas caras nas capas dos jornais, como hoje aconteceu com o El Correo de Bilbau e com o Las Provincias de Valência.  

A ignorância marítima dos governantes

O título da edição de hoje do Jornal de Notícias é curioso mas muito perturbador, sobretudo porque aparece num país de marinheiros, que deu novos mundos ao mundo e que tantos poetas portugueses têm cantado. Recordo Fernando Pessoa (Mar Português e Ode Marítima), António Gedeão (Poema da malta das naus), Manuel Alegre (Trova do amor lusíada), Sophia de Melo Breyner (Marinheiro Real) ou António Nobre (Lusitânia no Bairro Latino) e tantos outros poetas e poemas que agora não me ocorrem. O mar faz parte da identidade portuguesa e devia ser um capítulo importante de um conceito estratégico nacional que continua por definir. Foi o mar que nos levou a terras distantes e nos projectou no mundo. Cantamos os “Heróis do mar” deste “Nobre povo” e desta “Nação valente, imortal”.
Porém, aquele título do jornal é um valente soco no estômago, pois revela que o mar, que é um dos nossos mais importantes e promissores recursos, tem sido sistematicamente descurado e, naturalmente, como tem sido secundarizado o interesse pelas profissões marítimas. O mar e a economia do mar têm sido apenas um pretexto para propaganda em seminários e conferências. Os nossos governantes não têm interesse nem conhecimento e, portanto, não há motivação nem investimento. O Jornal de Notícias refere que actualmente só a Escola Superior Náutica Infante D. Henrique, que se localiza em Paço de Arcos, está apta a formar marinheiros, mas que está com muitas vagas por preencher. Este paradoxo acontece quando as profissões marítimas têm um elevado grau de empregabilidade, designadamente na Marinha Mercante, nos navios de cruzeiro e nas pescas, o que revela a enorme ignorância marítima de quantos nos têm dirigido desde há muitos anos.

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Um grande embaixador que veio de Goa

Fátima, 13 de Outubro de 2014
A convite do Bispo de Leiria-Fátima, a última grande peregrinação internacional ao Santuário de Fátima do corrente ano foi presidida pelo Arcebispo de Goa e Damão, que é também o Patriarca das Índias Orientais e Primaz da Índia.
O respectivo titular é o Padre Filipe Neri António Sebastião do Rosário Ferrão, nascido em 1953 em Aldona, no norte de Goa, que foi ordenado em 1979 e nomeado bispo-auxiliar de Goa e Damão em 1993. Em 2004 foi escolhido por João Paulo II para dirigir a diocese que tem jurisdição eclesiástica sobre os territórios do antigo Estado Português da Índia. Fluente em várias línguas incluindo o português, o Arcebispo de Goa e Damão é um homem dotado de grande inteligência, erudição e sensibilidade social, pelo que goza de grande prestígio na sua diocese. 
A sua visita a Portugal e a sua presença nas cerimónias de Fátima que a televisão transmitiu em directo, excederam largamente o seu significado religioso, pois foi uma oportunidade para um encontro cultural entre Goa e Portugal e para um afectuoso convívio com a simpatia e o carisma pessoal do Arcebispo de Goa e Damão, que juntou muitos portugueses de origem goesa e muitos dos seus amigos e admiradores.
Numa conferência de imprensa realizada em Fátima, afirmou Dom Filipe Neri Ferrão que cresce o interesse pela cultura e língua portuguesas na sua diocese, depois de um período em que se verificou alguma hostilidade. Segundo disse, há cursos de português não só na Universidade de Goa, mas também em vários institutos de línguas, pois tem aumentado o número de pessoas que quer aprender português.
Nas suas intervenções públicas televisionadas e nas suas intervenções em ambientes mais restritos, o Arcebispo de Goa e Damão protagonizou um ponto alto da amizade entre Goa e Portugal e, de facto, foi um verdadeiro embaixador da excelência cultural e intelectual goesa.

Folga na austeridade é pura propaganda!


Folga na austeridade? Só contaram pra você...
O governo apresentou ontem à tarde a sua proposta de Orçamento do Estado para 2015 e as reacções dos partidos do governo e da oposição foram, naturalmente, assimétricas e esperadas. Na falta do próprio documento e do tempo necessário para o interpretar, os cidadãos só podem recorrer à imprensa, onde encontram as mais diversas reacções expressas nos títulos de primeira página que escolheram e que são curiosos. O Jornal de Notícias diz que “cada um de nós vai pagar mais 175 euros de impostos”; o Público escreve que há “austeridade para a maioria, alívio só para alguns”; o Diário de Notícias explica “como a carga fiscal vai subir em 2015” e até o Diário Económico salienta a “austeridade eleitoral”. Só o Jornal de Negócios, travestido de jornal independente, se compromete com o discurso governamental e escreve “folga na austeridade”.
Este título traduz a linha do discurso oficial do governo, isto é, que a economia vai crescer 1.5% e que o próximo ano vai representar o início da recuperação, esquecendo que os ventos de nova crise já sopram por essa Europa. Apesar da generalidade da comunicação social anestesiar diariamente os portugueses e de lhes querer fazer passar a ideia de que estamos no bom caminho, o facto é que a nossa dívida passou de 97% para 130% do PIB, que os ricos estão cada vez mais ricos e que há cada vez mais pobres, que não há investimento nem criação de emprego, que a Educação e a Justiça não funcionam e que passamos por níveis de confiança demasiado baixos. Assim, a proposta de Orçamento que a maioria vai aprovar, parece manter as escolhas políticas que tão maus resultados têm dado, representando mais um dos habituais arranjos contabilísticos do governo, que corta aqui e repõe ali, para que tudo fique na mesma. Depois, há-de vir mais um Orçamento rectificativo, coisa em que o actual governo é um campeão digno do Guiness, porque desde que chegou ao poder no dia 21 de Junho de 2011, já lá vão exactamente oito (8). Agora, com este orçamento que parece tão irrealista, a seu tempo hão-de aparecer os habituais rectificativos.

terça-feira, 14 de outubro de 2014

O ISIS é o feitiço contra o feiticeiro

Com base em informações seguras que certamente possui, quer da CIA quer de outras agências que acompanham estes assuntos, a edição de ontem do The Washington Post revela a composição das forças do Estado Islâmico, conhecidas habitualmente pela sigla ISIS.
Imaginava-se que essas forças eram originárias da Síria e daí o seu combate contra o regime de Bashar al-Assad. Porém, o jornal revela que cerca de 15 mil militantes islâmicos de pelo menos 80 países entraram na Síria e que, na sua maioria, se juntaram ao ISIS, que já não luta apenas pelo derrube do regime sírio, mas que tem agora o objectivo de dominar territorialmente alguma regiões da Síria e do Iraque e impor um califado e a sua lei.
A enumeração das origens e do número de combatentes que se encontram no terreno é a seguinte: Tunísia (3000), Arábia Saudita (2500), Jordânia (2089), Marrocos (1500), Líbano (890), Rússia (800), Líbia (556), Reino Unido (488), França (412), Turquia (400), Egipto (358), Paquistão (330), Bélgica (296), Austrália (250), Argélia (250), Iraque (247), Alemanha (240), Holanda (152), Albânia (148), Estados Unidos (130), Yemen (110), Espanha (95), além de muitos outros. Esta diversidade de gente ou esta brigada internacional, mostra que estamos perante uma verdadeira jihad, isto é, um esforço ou uma guerra no sentido de impor o Islão e a sua religião a outras pessoas e a outras regiões. É um desafio concreto e muito perturbador que, até agora, não passava de uma teoria enquadrada no tema do choque das civilizações ou das religiões.
É difícil uma reflexão quanto à complexidade do que está a acontecer, bem como à forma como nasceu, foi armado e tem crescido o ISIS. Porém, se nos lembrarmos do apoio ocidental que tiveram as chamadas “primaveras árabes” e as forças ditas democráticas que atacaram Saddam Hussein, Muammar Kadaffi e Bashar al-Assad, não podemos deixar de concluir quanto às origens do monstro que já ameaça esse mesmo ocidente. Talvez seja um exemplo de um feitiço que se vira contra o feiticeiro.

domingo, 12 de outubro de 2014

Kobani poderá não resistir à jihad

Desde há vários dias que as forças jihadistas do Estado Islâmico (ISIS) cercam Kobani, uma cidade síria de maioria curda com cerca de 40 mil habitantes, situada na fronteira com a Turquia. A proximidade da fronteira é evidenciada pelas fotografias que têm corrido mundo, em que os”mirones” do lado turco assistem aos combates que ocorrem dentro de Kobani, à frente dos seus olhos.
A cidade tornou-se o centro da resistência curda contra o regime de Bashar al-Assad, sendo controlada pelo YPG, uma organização militarizada que é o braço armado do Conselho Nacional do Kurdistão. Portanto, o que está a acontecer à volta de Kobani é uma batalha de uma particular guerra entre o Kurdistão e o Estado Islâmico, ambos a lutar por um território que tem estado repartido entre a Turquia, a Síria, o Iraque, o Irão, a Arménia e o Azerbeijão. Segundo refere a imprensa internacional, os jihadistas receberam reforços de artilharia e tanques, enquanto a resistência está a ceder e os ataques aéreos aliados não estão a ter os efeitos desejados, pelo que poderá estar em vias de acontecer em Kobani um drama humanitário semelhante, ou mais grave, do que aquele que aconteceu em 1995 em Srebrenica, quando foram assassinados mais de oito mil bósnios muçulmanos. Independentemente das posições geopolíticas e estratégicas que se confrontam naquela região, a probabilidade de acontecer um massacre em Kobani é elevada. Desesperados, os sitiados pedem ajuda internacional e a situação agrava-se todos os dias. Não há sinais de ajuda a Kobani e a cidade pode cair a todo o momento. Hoje o jornal The Independent diz que o plano americano para atacar os jihadistas com ataques aéreos não está a resultar e que esse plano não prevê outras alternativas. Ali ao lado está a Turquia que parece não se querer envolver num problema que, mais tarde ou mais cedo, vai acabar por lhe bater à porta.          
Ainda há alguém que tenha dúvidas sobre a enorme asneirada e a irresponsabilidade que tem sido a política americana naquela região?

sábado, 11 de outubro de 2014

Radiografia del saqueo

Há uma crise mais ou menos generalizada que afecta a Espanha e que, entre outras coisas, se traduz num exército de 6 milhões de desempregados mas, aqui ao lado, embora de contornos e dimensão diferente, também passamos por uma crise semelhante que se evidencia na debilidade da economia, no aumento da pobreza, na progressiva perda de direitos sociais e na generalizada falta de confiança nas instituições. Todos sabemos como os portugueses são parecidos com os espanhóis e como já passou o tempo em que se dizia que “de Espanha nem bom vento nem bom casamento”. Hoje há uma evidente “globalização à escala ibérica”.
Porém, entre as coisas que ainda distinguem claramente a Espanha de Portugal, encontramos a imprensa e a forma como é usada a liberdade de imprensa. Em Espanha existe jornalismo de investigação e, como se vê hoje no El Correo, que se publica em Bilbau, são postos na praça pública os nomes e as fotografias dos homens que usaram abusivamente e gastaram milhões com os cartões de crédito da Caja Madrid e do Bankia, assim como uma pormenorizada descriminação dos gastos feitos em restaurantes, discotecas, viagens, hotéis, jóias, vestuário, cosmética, farmácia e tantas coisas mais. O jornal destaca esse assunto e chama-lhe a “radiografia do saque”. Porém, em Portugal nada disto é feito porque o nosso jornalismo se deixou enredar pelos interesses instalados e a maioria dos nossos jornalistas se tornaram permeáveis ao compadrio com essa gente e gosta de viajar com eles. Vemos isso demasiadas vezes. Assim, há uma opaca cortina jornalística que esconde os nomes e os factos que levaram Portugal por um caminho tão obscuro de incerteza e de desânimo, como aquele em que estamos. Não foi apenas o silêncio perante a mentira política e perante os responsáveis pelos casos BPN e BPP. Agora estão calados perante o caso BES e tantos outros escândalos menores, em que a política, o jornalismo e os negócios convivem. A única coisa positiva disto é que assim vamos sabendo quem é que tem vivido acima das suas posibilidades.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

A gente sem vergonha que fala do BES

Há dias, o presidente do F. C. do Porto veio dizer que se sentiu “vigarizado por Passos e Cavaco no caso BES” e hoje lemos num jornal da nossa capital que "Queiroz perde milhões no BES". 
Estes dois casos são conhecidos porque se trata de duas pessoas do mundo do futebol, com natural acesso aos media. Porém, os jornais ignoram o que se passa com a maioria das pessoas que tinha o seu dinheiro no BES e, com esse silêncio e essa ligeireza jornalística, prestam um mau serviço à sociedade e merecem o nosso repúdio.
O escândalo do BES começou em Julho, quando o governador do Banco de Portugal reafirmou que a situação no BES estava sólida e que tudo estava a ser feito para evitar riscos de contágio com outras áreas do grupo. Foi uma declaração imprudente e incompetente, porque o banco não tinha nenhuma solidez.
Logo a seguir, na sua mania de falar de tudo do que sabe e do que não sabe, o primeiro-ministro veio dizer que os depositantes do BES tinham razões para confiar no banco e afirmou não ter dúvidas quanto à tranquilidade do sistema financeiro português. Disse então: "Uma coisa são os negócios que a família Espirito Santo tem e outra coisa é o banco. É muito importante que os agentes portugueses e os investidores externos consigam, não apenas perceber bem esta diferença, mas estar tranquilos relativamente à situação do banco", sublinhou.
Entretanto, durante uma importante visita à Coreia do Sul, também o Presidente da República veio falar do assunto, dizendo que os portugueses podiam confiar no BES, porque as suas folgas de capital eram mais que suficientes para cumprir a exposição que o banco tem à parte não financeira, mesmo na situação mais adversa. Em Agosto, a Ministra das Finanças veio confirmar tudo isto e elogiar a supervisão no caso BES que, segundo ela, seguiu as melhores práticas.
Agora, surpreendentemente, o primeiro-ministro veio admitir que a solução encontrada para o BES pode implicar encargos para os contribuintes, o que a Ministra das Finanças veio confirmar.  Eu já não me admiro nada com os malabarismos, as insensibilidades e a falta de vergonha desta gente, mas pergunto porque há tanta irresponsabilidade e porque razão insistem em iludir-nos e em mentir-nos.  E, já agora, é caso para perguntar onde param os 4.900.000.000 euros!

domingo, 5 de outubro de 2014

Aí está a Volvo Ocean Race 2014-2015

Começaram ontem em Alicante as provas preliminares da Volvo Ocean Race 2014-2015, embora a partida para a primeira etapa só vá acontecer no próximo dia 11 de Outubro. Serão cerca de 8 meses de uma prova vélica à volta do mundo, em que serão percorridas 38.739 milhas em 9 etapas na seguinte sequência portuária: Alicante, Cape Town, Abu Dhabi, Sanya, Auckland, Itajai, Newport, Lisboa, Lorient e, por fim, Gotemburgo. Em prova estarão 7 equipas cujas embarcações ostentarão as bandeiras nacionais dos seus patrocinadores: Emirados Árabes Unidos, China, Holanda, Estados Unidos-Turquia, Espanha, Dinamarca e Suécia, com a particularidade da tripulação sueca ser exclusivamente feminina. Os tripulantes das embarcaçoes são oriundos dos mais diversos países, a dar um cunho internacional a esta prova.
Tal como já acontecera em 2012 e já está confirmado acontecer em 2018, a cidade e o porto de Lisboa voltaram a ser escolhidos para acolher uma etapa da prova, que é um dos cinco maiores acontecimentos desportivos do mundo.
Assim, entre 23 e 27 de Maio do próximo ano, são esperados em Pedrouços os veleiros que completarão a 7ª etapa  da Volvo Ocean Race 2014-2015, que partirá de Newport e percorrerá 2800 milhas até Lisboa.
São raras as oportunidades que a cidade tem de se mostrar ao mundo e, por isso, estão de parabéns todas as instituições e pessoas que conseguiram colocar e manter a cidade de Lisboa como um dos pontos altos desta prova.

sábado, 4 de outubro de 2014

A minha pátria é a língua portuguesa

De acordo com as estimativas divulgadas pela Internet World Statistics relativas a 31 de Dezembro de 2013, a língua portuguesa é a 5ª língua mais utlizada na internet. Segundo essas estatísticas, a língua mais utilizada na internet é o inglês (800 milhões), seguida do chinês (649 milhões), do espanhol (222 milhões), do árabe (135 milhões) e do português (121 milhões), aparecendo depois o japonês, o russo, o alemão, o francês e o malaio.
Esta posição da língua portuguesa é semelhante à sua posição no ranking das línguas mais faladas no mundo. O Ethnologue: Languages of the world, que estuda e dá informação sobre as 7106 línguas e dialectos conhecidos no mundo, publicou a 17ª edição da sua publicação sobre as línguas, pela primeira vez em formato digital, tendo estabelecido o seu ranking no ano de 2013, em que o português aparece em 6º lugar. Assim, segundo o Ethnologue, as línguas mais faladas no mundo são o mandarim, o inglês, o espanhol, o hindi, o bengali e o português.
Temos, portanto, o português como a 6ª língua mais falada no mundo e a 5ª língua mais utilizada na internet. É obra! O facto do português ser a 3ª língua europeia mais falada e mais utilizada na internet, devia impor respeito na Europa e nos líderes europeus, para além de dever ser um estímulo para que quem nos representa se dê ao respeito e se faça ouvir em português, mesmo que fale ou conheça outras línguas.
Sejamos orgulhosos da nossa língua e pensemos na celebrada mensagem de Fernando Pessoa: “Não tenho sentimento nenhum político ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriótico. Minha pátria é a língua portuguesa.”

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Um escândalo espanhol aqui tão perto

 
Os jornais espanhóis destacam hoje a destituição de um director-geral de Economia da Comunidade de Madrid porque, entre 2003 e 2011, gastou 246.700 euros com um cartão Visa, para além das despesas de representação de que já beneficiava.
É o chamado “caso de las tarjetas opacas de Caja Madrid” que assume contornos de escândalo nacional e que envolve muita gente e muitos milhões de euros. No caso do director destituido, primeiro beneficiava de 25 mil euros anuais e, depois, de 4 mil euros mensais, para serem gastos como parte integrante da sua retribuição e sem necessidade de qualquer justificativo. Segundo referiu numa entrevista, o que se passava não era um exclusivo da Caja Madrid, mas “era una práctica conocida y legal en las corporaciones del mundo entero” e “todo el mundo conocía las tarjetas, pero estamos en un teatro”.
Porém, o caso é muito mais extenso e mais grave. Entre 2009 e 2011, quando a crise passou pelo seu pior período, os executivos da Caja Madrid gastaram mais de 4 milhões de euros com os seus cartões de crédito, sem necessidade de justificar esses gastos. Mas não eram só os executivos. Diz o jornal ABC que “un total de 28 consejeros del PP, 15 del PSOE, 4 de IU y 10 de los sindicatos las utilizaron” [las tarjetas]. O jornal El País escreve que “un excargo de Caja Madrid dice que Hacienda conocia las tarjetas opacas”, o diário La Razón diz que “diez sindicalistas gastaron 1,1 milliones con las tarjetas B de Caja Madrid” e o La Vanguardia destaca que “el escándalo de las tarjetas de Caja Madrid provoca los primeros ceses”.
Por uma questão de proximidade geográfica e cultural, este caso que tanto preocupa a Espanha bem merecia ser tratado pelo nosso jornalismo de investigação, até para ficarmos sossegados quanto ao que acontece em Portugal e não pensarmos que este tipo de gente gananciosa e sem escrúpulos também existe por cá.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Os aviões da RAF já voam sobre o Iraque

O Ministério da Defesa do Reino Unido anunciou ontem que dois aviões Tornado GR4 tinham lançado o seu primeiro ataque contra alvos no norte do Iraque, no quadro da sua campanha contra a jihad e o Estado Islâmico, informando também que os aviões tinham regressado em segurança à sua base em Chipre. Hoje, a edição do The Times, tal como outros jornais ingleses, destaca essa notícia. Esta primeira acção foi realizada quatro dias depois do parlamento britânico ter dado luz verde para a participação na coligação internacional contra o Estado Islâmico no norte do Iraque, por 524 votos a favor e 43 votos contra, após sete horas de intenso debate, isto é, o assunto foi pensado e democraticamente decidido.
A coligação internacional é liderada pelos Estados Unidos e parece já ter a adesão de quatro dezenas de países. Segundo a imprensa, a França, a Bélgica, a Dinamarca e a Holanda já aderiram à coligação e estão a participar nos ataques aéreos, enquanto os mais recentes ataques que os Estados Unidos estão a conduzir no território sírio contam com a participação do Egipto, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Jordânia e Qatar. Pela sua previsível duração e elevado custo, as operações precisam de ser compreendidas e aceites pelas opiniões públicas dos respectivos países, sobretudo numa Europa em recessão e crise económica. Assim, no Reino Unido foram divulgadas imagens da primeira acção britânica no Iraque, a imprensa belga diz que “F-16 belgas: 97% de alvos atingidos” e, sobre os Emirados, é destacado que “mulher comanda bombardeios na Síria”. Por cá, o assunto não é discutido, nem sabemos se ainda temos alguns aviões ou se já foram vendidos todos. Se a FAP tem pilotos ou já estão todos na TAP. Ouvimos o Ministro da Defesa dizer que “Portugal vai participar na coligação internacional contra o Estado Islâmico, ressalvando que “a seu tempo se verá” de que forma, enquanto o Presidente da República afirmou que “não está prevista a participação de militares portugueses na coligação internacional contra o Estado Islâmico”. Em vez destas tiradas despropositadas ou até contraditórias, talvez fosse interessante perguntar aos portugueses através dos seus representantes, tal como foi feito no Reino Unido, o que é que acham deste assunto.