quinta-feira, 16 de outubro de 2014

Folga na austeridade é pura propaganda!


Folga na austeridade? Só contaram pra você...
O governo apresentou ontem à tarde a sua proposta de Orçamento do Estado para 2015 e as reacções dos partidos do governo e da oposição foram, naturalmente, assimétricas e esperadas. Na falta do próprio documento e do tempo necessário para o interpretar, os cidadãos só podem recorrer à imprensa, onde encontram as mais diversas reacções expressas nos títulos de primeira página que escolheram e que são curiosos. O Jornal de Notícias diz que “cada um de nós vai pagar mais 175 euros de impostos”; o Público escreve que há “austeridade para a maioria, alívio só para alguns”; o Diário de Notícias explica “como a carga fiscal vai subir em 2015” e até o Diário Económico salienta a “austeridade eleitoral”. Só o Jornal de Negócios, travestido de jornal independente, se compromete com o discurso governamental e escreve “folga na austeridade”.
Este título traduz a linha do discurso oficial do governo, isto é, que a economia vai crescer 1.5% e que o próximo ano vai representar o início da recuperação, esquecendo que os ventos de nova crise já sopram por essa Europa. Apesar da generalidade da comunicação social anestesiar diariamente os portugueses e de lhes querer fazer passar a ideia de que estamos no bom caminho, o facto é que a nossa dívida passou de 97% para 130% do PIB, que os ricos estão cada vez mais ricos e que há cada vez mais pobres, que não há investimento nem criação de emprego, que a Educação e a Justiça não funcionam e que passamos por níveis de confiança demasiado baixos. Assim, a proposta de Orçamento que a maioria vai aprovar, parece manter as escolhas políticas que tão maus resultados têm dado, representando mais um dos habituais arranjos contabilísticos do governo, que corta aqui e repõe ali, para que tudo fique na mesma. Depois, há-de vir mais um Orçamento rectificativo, coisa em que o actual governo é um campeão digno do Guiness, porque desde que chegou ao poder no dia 21 de Junho de 2011, já lá vão exactamente oito (8). Agora, com este orçamento que parece tão irrealista, a seu tempo hão-de aparecer os habituais rectificativos.

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