terça-feira, 14 de outubro de 2014

O ISIS é o feitiço contra o feiticeiro

Com base em informações seguras que certamente possui, quer da CIA quer de outras agências que acompanham estes assuntos, a edição de ontem do The Washington Post revela a composição das forças do Estado Islâmico, conhecidas habitualmente pela sigla ISIS.
Imaginava-se que essas forças eram originárias da Síria e daí o seu combate contra o regime de Bashar al-Assad. Porém, o jornal revela que cerca de 15 mil militantes islâmicos de pelo menos 80 países entraram na Síria e que, na sua maioria, se juntaram ao ISIS, que já não luta apenas pelo derrube do regime sírio, mas que tem agora o objectivo de dominar territorialmente alguma regiões da Síria e do Iraque e impor um califado e a sua lei.
A enumeração das origens e do número de combatentes que se encontram no terreno é a seguinte: Tunísia (3000), Arábia Saudita (2500), Jordânia (2089), Marrocos (1500), Líbano (890), Rússia (800), Líbia (556), Reino Unido (488), França (412), Turquia (400), Egipto (358), Paquistão (330), Bélgica (296), Austrália (250), Argélia (250), Iraque (247), Alemanha (240), Holanda (152), Albânia (148), Estados Unidos (130), Yemen (110), Espanha (95), além de muitos outros. Esta diversidade de gente ou esta brigada internacional, mostra que estamos perante uma verdadeira jihad, isto é, um esforço ou uma guerra no sentido de impor o Islão e a sua religião a outras pessoas e a outras regiões. É um desafio concreto e muito perturbador que, até agora, não passava de uma teoria enquadrada no tema do choque das civilizações ou das religiões.
É difícil uma reflexão quanto à complexidade do que está a acontecer, bem como à forma como nasceu, foi armado e tem crescido o ISIS. Porém, se nos lembrarmos do apoio ocidental que tiveram as chamadas “primaveras árabes” e as forças ditas democráticas que atacaram Saddam Hussein, Muammar Kadaffi e Bashar al-Assad, não podemos deixar de concluir quanto às origens do monstro que já ameaça esse mesmo ocidente. Talvez seja um exemplo de um feitiço que se vira contra o feiticeiro.

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