sexta-feira, 28 de novembro de 2014

A corrupção espanhola e a imprensa lusa

A corrupção está a mobilizar o aparelho judicial e a dominar o debate político em Espanha. “Cerco a la corrupcion”, titula hoje o diário ABC. Actualmente, há quase dois milhares de espanhóis constituídos arguidos em diversos processos de corrupção, entre os quais se incluem antigos e actuais ministros, banqueiros, autarcas, o ex-presidente do FMI Rodrigo Rato, o filho do ex-presidente catalão Jordi Pujol e até a infanta Cristina, irmã do rei. Para os espanhóis, a corrupção é, depois do desemprego, o maior problema nacional e, só no passado mês de Outubro, enquanto decorriam mais de 1700 investigações judiciais dirigidas a cinco centenas de dirigentes políticos, foram constituídos mais 141 arguidos. Além de agentes políticos e de dirigentes da administração pública, as investigações em curso visam empresários, advogados, sindicalistas e outros cidadãos.
Em Março de 2009 a prestigiada revista The Economist publicou um artigo intitulado Why is Spain so corrupt? e o seu autor interrogava-se quanto às razões porque países como a Espanha, França, Itália ou Portugal tinham tão elevados níveis de corrupção,  afirmando que se tratava de um problema cultural do sul da Europa.
Portanto, a corrupção não é apenas um problema espanhol.
Em Portugal também há corrupção, mas o seu combate não tem tido a mesma intensidade do que acontece na vizinha Espanha, mas em contrapartida esse combate está muito mais influenciado pelo comportamento sensacionalista e irresponsável de alguma comunicação social. Enquanto em Espanha o segredo de justiça é respeitado, em Portugal reina a impunidade em relação às continuadas e criminosas violações do segredo de justiça e, mesmo quando apenas há suspeitas ou se está sob investigação, a generalidade dos media aposta na presunção de culpabilidade dos cidadãos e contribui para a sua condenação pela opinião pública, quando ainda nem sequer estão acusados. Ora isso não devia acontecer porque nos afasta da verdade e da justiça.
A título de curiosidade, no Corruption Perceptions Index 2013 divulgado pela Transparency International encontramos a França (22º), Portugal (33º), Espanha (40º), Itália (69º) e a Grécia (80º). Entre os 28 países membros da União Europeia, o nosso país ocupa a 13ª posição, o que significa que em termos de corrupção estamos melhor do que a média europeia, o que deve surpreender muitos dirigentes europeus.

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