sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Uma inesperada violência em Bruxelas

 
As televisões mostraram e os jornais explicaram.
Ontem em Bruxelas, a cidade-capital da União Europeia, por onde circulam milhares de burocratas encostados a regimes de privilégio desajustados neste tempo de crise, realizou-se uma manifestação convocada pelas três maiores centrais sindicais belgas – democrata-cristã, socialista e liberal -  que juntou cerca de 100 mil pessoas para protestar contra as reformas económicas e sociais anunciadas pelo novo governo, isto é, contra as medidas de austeridade previstas no próximo orçamento plurianual, que incluem cortes na despesa pública e aumento da carga fiscal.
A receita belga é a do costume, que os portugueses conhecem bem. Tudo é feito para proteger os grandes interesses e para obrigar os contribuintes, os assalariados e os pensionistas – os tais que eles dizem viver acima das suas possibilidades - a pagar a profunda crise europeia, resultante da incompetência dos políticos, da ganância dos financeiros e de uma corrupção cada vez maior e mais atrevida. Os belgas reagiram e a manifestação degenerou em violência, com os manifestantes a incendiar automóveis, a partir montras e a apedrejar a polícia, enquanto esta usava canhões de água e gás lacrimogéneo para dispersar a multidão. Não se imaginava tanta cólera e tanta violência no coração da Europa.
As imagens que nos chegaram são muito preocupantes, porque podem gerar contágios. A reacção belga mostra que já não se trata de fazer imposições humilhantes, como as que foram feitas aos gregos, aos portugueses e aos seus governos gelatinosos, mas que a arrogância neo-liberal está a provocar o centro da Europa. Só que os belgas reagiram e a cólera saiu à rua, como a televisão mostrou e hoje escreveu o Le Soir. Bruxelas ficou sob uma tempestade inesperada e violenta que melhor seria se não alastrasse ao resto do país.

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