sábado, 31 de janeiro de 2015

Dijsselbloem & Varoufakis: o desencontro

Jeroen Dijsselbloem e Yanis Varoufakis encontraram-se ontem em Atenas. O primeiro é o ministro das Finanças dos Países Baixos e presidente do Eurogrupo e o segundo é o ministro das Finanças da Grécia. Ao contrário do que sucedeu na reunião entre Alexis Tsipras e Martin Schulz em que este, de acordo com a imprensa, gostou do que ouviu e saiu optimista do encontro, manifestando agrado com a intenção grega de dar prioridade ao combate à emergência e à injustiça sociais e à evasão fiscal, os senhores Dijsselbloem e Varoufakis estiveram demasiado tensos na conferência de imprensa final, quase nem se cumprimentaram e, cada um ao seu modo, mostrou que não estava politicamente preparado para aquele número. É caso para dizer que as conversas entre a União Europeia e a Grécia começaram mal e que esse facto não augura nada de bom.
Dijsselbloem e Varoufakis não estiveram bem. Não foi um encontro. Foi um desencontro. Não é assim que se negoceia ou se abrem as portas para negociar. Jeroen Dijsselbloem portou-se como um cobrador de fraque e repetiu o discurso obcessivo, intransigente e humilhante que os gregos tinham acabado de rejeitar nas urnas. A outra parte não gostou. Varoufakis esqueceu a sua condição de devedor e, animado pela recente vitória eleitoral, mostrou alguma sobranceria e repetiu o discurso anti-austeridade e anti-troika. A outra parte não gostou. 
O assunto é demasiado complexo e demasiado importante para o futuro da Europa e, por isso, a maioria dos líderes europeus mostra-se muito cautelosa nas suas declarações, embora haja algumas excepções. Uma dessas excepções acontece em Portugal. É um Portugal radical! É lamentável a obcessão de quem, ao fim de quase quatro anos, não só não conseguiu suster a nossa dívida externa e criou um problema social muito grave, como agora se mostra “mais papista do que o Papa” e se coloca ao lado dos falcões e da ganância dos mercados, revelando uma absoluta insensibilidade em relação à tragédia social grega.

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