segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

As novas estratégias para a Ásia do Sul

No dia 26 de Janeiro comemorou-se na Índia o Dia da República, evocando a aprovação em 1950 da Constituição da União Indiana que instituiu a república, embora tenha sido mantida a ligação à Commonwealth. Esse dia é mais festejado que o próprio Dia da Independência e, em Nova Delhi, consta de uma monumental parada militar que percorre os 5 quilómetros da Rajpath e demora 3 longas horas. Desfilam o Exército, a Marinha e a Força Aérea. Desfilam as Polícias. Desfilam tanques, mísseis e carros de combate. Desfilam tropas com turbantes de todas as cores montando cavalos e camelos. Desafilam motociclistas acrobatas. Desfilam grupos de dança. É um impressionante festival de cor e de sincronismo. Um imponente airshow mostra todo o tipo de aviões e helicópteros a sobrevoar a parada militar, com destaque para os Sukhois e para os MiGs. No sentido de reforçar a unidade nacional, cada um dos 28 Estados federados faz-se representar no monumental desfile por um carro alegórico, onde é evidenciada a sua história e a sua realidade cultural.
A parada do Dia da República é um grande espectáculo e este ano, pela primeira vez, teve a participação das mulheres das Forças Armadas e direito a transmissão televisiva internacional.
Todos os anos o Dia da República tem um convidado especial que este ano foi Barack Obama, que desta forma se tornou o primeiro presidente americano a visitar a Índia por duas vezes, por poderosas razões de realpolitik. Com a China, a Rússia e o Paquistão ali tão perto, uma nova estratégia e uma nova aliança parecem ter sido ensaiadas neste encontro entre Obama e Modi, o primeiro ministro da Índia.
Barack Obama viu ali um contra-poder à sua rival China, viu como a Rússia é a principal fornecedora de equipamento militar à Índia e viu o esforço de “indigenisation”, isto é, a vontade indiana de se tornar num produtor e exportador de equipamento militar.
Narendra Modi viu ali o amigo do seu arqui-rival Paquistão, viu um novo aliado em relação às pretensões territoriais chinesas e à sua influência no oceano Índico e viu um investidor que pode trazer o capital e a tecnologia de que a Índia carece para se desenvolver.   
A última edição do India Today diz que Obama e Modi reescreveram um reviravolta nas relações entre os dois países e, com euforia, escolheu como título: REUNITED STATES. Um sugestivo título!

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