domingo, 1 de fevereiro de 2015

O lamentável esquecimento do caso BPN

O caso BPN está associado às mais negras nuvens e aos mais tenebrosos abutres que assolaram Portugal nas últimas décadas, mas muitas vezes parece ter caído no esquecimento da comunicação social e da opinião pública. É lamentável que assim suceda e não será difícil imaginar porque assim acontece.
No entanto, a tragédia do BPN é uma vergonha nacional pelos seus contornos criminosos e de absoluta indignidade, tendo mostrado que os portugueses não viveram acima das suas possibilidades, mas que quem assim viveu foram muitos banqueiros, empresários, gestores e políticos ligados ao regime e, em especial, àquilo a que o portismo e os seus amigos abusivamente chamaram o “arco da governação”.
A edição deste fim de semana do semanário Expresso veio lembrar-nos que o caso BPN existiu, ao anunciar em primeira página que o “Estado só recuperou €540 milhões do BPN”, que correspondem apenas a 12,9% dos 4,2 mil milhões de euros de créditos em dívida de clientes e accionistas que foram considerados activos tóxicos. Segundo a Parvalorem, a entidade pública responsável pela recuperação desses créditos, entre 2010 e 2014 foram recuperados 310 milhões de euros em dinheiro e o restante em valores imóveis. É muito pouco, muitíssimo pouco. É inadmissível. Só pode ser por falta de vontade.
O governo tinha anunciado em devido tempo que queria recuperar as dívidas do BPN e, nessa altura, foi divulgado que havia 13 mil créditos em contencioso. Não se compreende como persiste a impunidade de tanta gente, sobretudo dos administradores do BPN antes da sua nacionalização e dos seus amigos, que compraram e venderam acções sem nunca as pagar e beneficiaram de créditos sem que lhes exigissem garantias.
É caso para perguntar se a Justiça também tem dois pesos e duas medidas.

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